
por: Kathy
- E aí, quanto ele tem?
- tem seis quilos e 300 gramas
- ãh?
- O peso, oras...
- Não, eu estava perguntando quanto TEMPO ele tem!
Principalmente no primeiro ano do bebê a paranóia de comparação é tão grande que a gente só enxerga esse tipo de número na nossa frente: O bendito peso! Pegamos aquele diabo de tabela de percentil de crescimento infantil para cada idade e se qualquer valor não atinge o esperado em peso ou altura a gente já encana. E agora? Será que meu filho é normal? Será que minha filha está magra demais?
Esquecemos completamente que se a criança vem de uma família de pessoas baixas e magras, por exemplo, dificilmente vai ser um bebê grande e pesado. Esquecemos completamente que aquele é apenas um valor de referência, e não uma regra a ser seguida e cumprida à risca. Esquecemos que somos seres humanos com ritmos e organismos diferentes. Esquecemos que bebês amamentados no peito tem um ritmo de crescimento diferente dos amamentados com mamadeira. Esquecemos que cada bebê é diferente do outro e se desenvolve de maneira diferente também.
O que é realmente importante avaliar é se a criança está crescendo e se desenvolvendo, sem pirar nessas comparações alucinadas com outros bebês da mesma idade ou com essas tabelas malucas. O padrão de ganho de peso de um bebê não serve para outro. Não leve em consideração somente o peso ganho a cada mês, o número da curva que ele alcançou, mas também quantos centímetros o bebê cresceu naquele período. Isso porque em alguns meses eles podem engordar menos e crescer mais. Em outros meses, eles podem crescer menos e engordar mais, e assim vamos.
Se a criança está saudável, esperta, mamando no peito em livre demanda, fazendo xixi e cocô direitinho, crescendo e se desenvolvendo, mesmo que seja em seu próprio ritmo, está tudo certo, acredite! Gordura não é necessariamente um sinal de saúde. O desenvolvimento de uma criança não é medido somente com réguas e balanças. Essa idéia de que bebês gordinhos são bebês saudáveis é ultrapassada, é um mito enfiado em nossas cabeças por uma cultura que prega mamadeiras e leites artificiais como os salvadores da planeta.
Um pediatra que não apóia a amamentação certamente utilizará qualquer variação no ganho de peso do bebê como desculpa para introduzir o complemento de mamadeira com leite artificial. Essa atitude que parece simples, que tem como objetivo "resolver" o "problema de peso" acaba fazendo a mãe entrar num ciclo vicioso: ela oferece a mamadeira com leite artificial, o bebê então deixa de mamar no peito. Com a diminuição da estimulação do peito, diminui também a quantidade de leite produzida, o que aumenta a quantidade de mamadeiras, e assim a coisa caminha até o desmame completo. Terrível.
Essa mãe que tanto se preocupa com o crescimento de seu bebê deixa então de oferecer pra ele o melhor alimento que ela poderia, o leite materno, para então vê-lo "engordar" com mamadeiras e mais mamadeiras de leite artificial. Pra mim não faz sentido algum, de verdade.
Vamos parar de uma vez por todas de fazer essas comparações toscas de pesos e tamanhos de bebês? Vamos entender que números isolados não dizem nada e tratar de olhar para nossos filhos enxergando indivíduos e não curvas de crescimento? Então tá combinado!
Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMvWGhOwLMVQpBd7xXrGOMhbkYvecLV9riF8_OCVb2UAs5nYlXRKBbb3y4D5TXoybHC2cVCUkkH2hX-pwI0AEz_nxHsNIYAArqc5Ns-F55CqkC-dASHahfqA4INMqINqtt-NMrttsGCFQ/s1600/bb+balan%C3%A7a.jpg
7 comentários:
Concordo plenamente!
Minha filha está distante das tabelas ditas "normais", porém vem de família de baixinhos e eu na mesma idade era até mais magra que ela. No entanto ela se desenvolve muito bem. A pediatra que ficou um bom tempo com ela no primeiro ano quis interferir na amamentação, quis dar complemento para ela engordar mais, mas eu não deixei ela nem ir adiante com o assunto. Não abri mão de amamentar, conscientemente, e tendo certeza que meu leite erasuficeiente, e não era fraco. Mas vejo que a maiorida das mães, diante de uma situação assim, tende logo a dar o complemento e desmamar a criança. Fico revoltada e com pena, mas fazer o quê. infelizmente a desinformação ainda é muito forte nos dias de hj qdo o assunto é amamentação. Tomara que um dia isso mude.
Olá meninas, td bem?
Trabalho na Ketchum, agencia que assessora a Support, divisão de nutrição médica da Danone.
Queria mandar uma sugestão de post para vcs. Vcs poderia me mandar seu email, por favor?
O meu é anaflavia.lacchia@ketchum.com.br
Obrigada e abs,
Ana
Eu sou completamente desencanada disso, mas parece que a família da minha mãe SÓ se importa com isso.
Todos estão admirados e achando absurdo que eu não tenhada dado uma "mamadeirinha de mucilon", um cházinho, uma frutinha pra Cecília que está com 4 meses.
É peito, peito e peito.
Pra mim ela tá ótima, não poderia estar melhor.
Então desse papo eu passo longe, só sorrio e aceno, sorrio e aceno. rs
Beijos
A questão da (des)orientação do pediatra é complicada. O primeiro pediatra da Alice quase acabou com a nossa amamentação dizendo que eu poderia ter produção insuficiente de LA e me aterrorizando por faltar 90 gramas para ela alcançar o peso do nascimento, isso, isso tudo quando ela tinha menos de um mês. Graças a ele o fantasma do LA me perseguiu, e não consegui manter a amamentação exclusiva por muito tempo. Se não fosse ter descoberto (sozinha) a translactação, nossa história não teria um final feliz. Se fosse hoje, sairia correndo do consultório (o que fiz, mas ela já tinha quase 4 meses). Tb mandaria o tal dr se catar (não fiz, que pena). Apesar das dificuldades a Alice mama muito no peito (hoje tem 11 meses), e seguirá assim enquanto quiser.
Hoje, aina bem, temos uma pediatra que é homeopata e apoia a amamentação.
Bjão
Só mesmo quem era da família acreditava que um bebê do sexo feminino, nascido com 50 cm, tinha quase 10 kg só mamando no peito aos quatro meses. Mais foi assim... É que nem a "Cacau Ferreira" comentou ali em cima (adorei!), eu só sorria e acenava (pros que não acreditavam)...
Aos 6 meses passou a comer sólidos e beber sucos de fruta. Saiu da amamentação exclusiva e rolou um estresse nesta fase de transição, perdeu peso. Fiquei preocupada. Mas daí a enfiar FARINHA numa mamadeira com LEITE DE UMA VACA pra minha fofuxa engordar? Nem me passou pela cabeça!
Um abraço,
Michelle
Kathy, confesso que ao ler esse texto, fui lá no BestBaby conferir qual foi o dia que postei exatamente essa situação. Vi que postei lá dia 07/05, senão, teria falado que fui sua inspiração.
Minha bebê sempre foi magrinha, então passo por tudo isso que vc escreveu. Por insistência do marido e pq a pedi é hiper pontual (odeio perder tempo em sala de espera), nunca troquei de pedi, mas desde a primeira semana da Helena, a pedi tenta incluir NAN. Eu, teimosa, não dou e ponto final.
Na ultima consulta, a pedi falou pra eu dar vitaminha de frutinha pra Helena À noite (com NAN). Estou dando a vitaminha: dou mto peito, dou uma frutinha amassada, e mais peito. Pronto, no estomago da Helena virou vitamina, rsrsrsrsrs.
Adorei o txt!!! Abração!!!
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