por: Tata
Quando o assunto é levar os filhos para dormir na cama dos pais, a controvérsia é grande. Os preconceitos não são poucos, e as dúvidas também não. E depois, eles vão querer dormir na cama deles sozinhos? Vai demorar? A transição vai ser difícil? Como fica a vida do casal? Dá pra ter momentos a dois com os filhos dormindo na cama do casal?
Quando minhas filhas mais velhas nasceram, eu confesso que compartilhava dessas dúvidas, e até dos preconceitos. A vontade de praticar cama compartilhada já existia, a idéia me parecia bacana e natural, mas eu tinha receio. Achava que seria difícil fazer a transição, quando chegasse a hora de colocar as pequenas para dormir na caminha delas. Eu dava ouvido aos palpiteiros de plantão, e o fantasma de duas meninas de 10 anos dormindo na cama conosco me assombrava um tantinho, #prontofalei.
Aqui, eu costumo dizer que a cama compartilhada, com as mais velhas, não foi uma opção, mas falta de. Explico: lá pelos 8 ou 9 meses de vida, Ana Luz e Estrela, que até então dormiam no próprio berço, a noite toda, acordando muito pouco ou nem isso, começaram a acordar incontáveis vezes a cada noite. Um bebê acordando várias vezes já é cansativo, imaginem dois! Eu já estava à beira do desespero, no limite do cansaço por ter que, todas as noites, levantar inúmveras vezes, pegar a bebê no berço, dar de mamar na poltrona da sala, esperar pegar em um sono mais profundo, colocar no berço e deitar de novo, para dali a pouco começar tudo de novo com a outra. E quando a outra dormia, a primeira já estava perto de acordar de novo. Puxa, era cansativo demais!
Foi nessa fase que acabei cedendo e, mesmo temendo pelo que aconteceria depois, levei as duas para a nossa cama, dormir juntinho de mim. Como as nossas noites melhoraram! Quando uma delas acordava, eu simplesmente virava de lado e dava o peito. Nada de levantar, pegar, embalar, carregar, esperar dormir, nada disso. Muitas vezes eu voltava a dormir assim que elas começavam a mamada. Dormia muito, muito melhor, e a disposição no dia seguinte melhorava um bocado.
E aí, aos poucos, fui descobrindo como é delicioso dormir com filho grudadinho. Acordar no meio da noite e sentir o cheirinho deles bem perto, ouvir o sonzinho suave da respiração enquanto dormem, contemplar apaixonada aquelas lindas e redondas barriguinhas subindo e descendo, subindo e descendo... pura poesia. E quando nasce o dia, então? Quer despertador melhor do que ser acordada com uma mãozinha delicada te acariciando o rosto, e convidando a começar com o pé direito um novo dia?
Mas mesmo curtindo, a dúvida permanecia: e na hora de ir cada um pra sua cama? Vai ser difícil? Vai ser trabalhoso? Vai ser demorado? Vai ser sofrido? Mas, que nada! Minhas pimentas me presentearam com uma linda surpresa, pouco depois de terem completado três anos de vida, quando começaram a pedir para ir dormir no próprio quarto, na própria cama. Assim, sem que ninguém tivesse dado a idéia, ou mesmo tocado no assunto. Totalmente espontâneo.
No final, acabamos demorando um pouco mais para fazer a transição, porque justamente nessa época, estávamos reformando a casa que tínhamos acabado de comprar, e no apartamento em que morávamos, o quartinho que teria sido delas tinha sido transformado em 'canto do entulho'. Estava uma bagunça só, completamente inabitável. Impossível colocar as duas para dormir lá. Então, esperamos. Quando finalmente chegou o dia da tão esperada mudança, já na primeira noite na casa nova colocamos os colchões no chão do quarto delas - elas nem tinham cama, apenas os berços, que no final das contas foram usados por menos de um ano... - e as duas passaram a dormir por lá, juntinhas, mas separadas do papai e da mamãe.
Confesso, nem eu acreditava que a transição pudesse ser tão tranquila, mas foi. Sim, no começo elas voltaram a acordar uma ou duas vezes por noite, coisa que já não faziam há tempos, mas foi algo pontual, que durou pouco. Logo voltaram a dormir a noite toda, e é assim até hoje. Elas dormem cedo e engrenam onze, doze horas direto.
Bacana também foi que, com a transição, criamos um ritual do sono super desenhadinho, uma rotina para os momentos antes de dormir, que elas curtem e são um momento gostoso de proximidade e carinho. Hoje em dia, depois de colocar a caçulinha para dormir, eu dou banho nas duas, ajudo a vestir a roupa de dormir, sentamos juntas na cama e lemos duas historinhas, escolhidas por elas. Então elas deitam, eu cubro, beijo, abraço, dou boa-noite, apago a luz e saio do quarto. Em geral, não se passam dez minutos, e as duas já estão capotadinhas.
Aí vocês me perguntam... ok, mas e a vida do casal, como fica? Bem, para nós, ficou ótima, obrigada! Tanto que foi praticando a cama compartilhada com as mais velhas que 'encomendamos' a nossa caçulinha... quer prova maior do que essa de que a cama compartilhada não atrapalha a vida sexual? ;-)
Eu costumo dizer que praticar cama compartilhada estimula a gente a sair da mesmice, sacudir a rotina, usar a criatividade. Afinal, porque é que lugar de namorar tem que ser sempre no quarto, na cama?? O bom de ter filhotes dormindo no nosso quarto é que a gente tem oportunidade de relembrar os tempos de recém-casado, em que todo lugar era lugar... vale no sofá, na poltrona, no tapete da sala, na mesa da cozinha... u-lá-lá!! Rotina, nunca mais!! :-)
Brincadeiras à parte, acho que a gente sempre encontra um caminho, quando há boa vontade. Hoje, que compartilhamos cama com a Chiara, mas ela fica no bercinho dela, que tem a grade rebaixada e funciona como uma extensão da nossa cama, muitas vezes namoramos por ali mesmo. Muita gente não se sente à vontade, mas acho que isso é bem pessoal, de cada casal. Eu, particularmente, vejo isso com muita naturalidade. Claro que com o bebê acordado, nem pensar, mas se estiver dormindo, não vejo problemas. E se ela acordar, é só dar uma 'pausa' na programação, e voltar à ativa depois que a pequenina capotar novamente!
Essa idéia de 'acoplar' o berço à lateral da cama, aliás, é uma ótima alternativa pra quem gosta da idéia da cama compartilhada, mas curte ter bastante espaço para se 'esparramar' na cama, e dorme mal se ficar muito apertadinho. Eu sou um pouco assim, e pra mim esse arranjo fica super confortável.
É por isso que aqui em casa, pra gente, o saldo da cama compartilhada é super positivo. Traz mais proximidade, momentos gostosos, de carinho e muita interação. Cria crianças seguras e felizes e que, quando for a hora, vão dormir sozinhas numa boa, sem dramas. É o que diz a nossa experiência, pelo menos até agora.
E hoje, sempre que vejo uma lista de enxoval, penso que uma bela cama 'king size' deveria estar no topo, entre os itens indispensáveis, juntinho do sling, de um balde genérico para banho e de algumas outras 'coisinhas mamíferas' que fazem a gente curtir mais o dia a dia com os filhotes...
Quando minhas filhas mais velhas nasceram, eu confesso que compartilhava dessas dúvidas, e até dos preconceitos. A vontade de praticar cama compartilhada já existia, a idéia me parecia bacana e natural, mas eu tinha receio. Achava que seria difícil fazer a transição, quando chegasse a hora de colocar as pequenas para dormir na caminha delas. Eu dava ouvido aos palpiteiros de plantão, e o fantasma de duas meninas de 10 anos dormindo na cama conosco me assombrava um tantinho, #prontofalei.
Aqui, eu costumo dizer que a cama compartilhada, com as mais velhas, não foi uma opção, mas falta de. Explico: lá pelos 8 ou 9 meses de vida, Ana Luz e Estrela, que até então dormiam no próprio berço, a noite toda, acordando muito pouco ou nem isso, começaram a acordar incontáveis vezes a cada noite. Um bebê acordando várias vezes já é cansativo, imaginem dois! Eu já estava à beira do desespero, no limite do cansaço por ter que, todas as noites, levantar inúmveras vezes, pegar a bebê no berço, dar de mamar na poltrona da sala, esperar pegar em um sono mais profundo, colocar no berço e deitar de novo, para dali a pouco começar tudo de novo com a outra. E quando a outra dormia, a primeira já estava perto de acordar de novo. Puxa, era cansativo demais!
Foi nessa fase que acabei cedendo e, mesmo temendo pelo que aconteceria depois, levei as duas para a nossa cama, dormir juntinho de mim. Como as nossas noites melhoraram! Quando uma delas acordava, eu simplesmente virava de lado e dava o peito. Nada de levantar, pegar, embalar, carregar, esperar dormir, nada disso. Muitas vezes eu voltava a dormir assim que elas começavam a mamada. Dormia muito, muito melhor, e a disposição no dia seguinte melhorava um bocado.
E aí, aos poucos, fui descobrindo como é delicioso dormir com filho grudadinho. Acordar no meio da noite e sentir o cheirinho deles bem perto, ouvir o sonzinho suave da respiração enquanto dormem, contemplar apaixonada aquelas lindas e redondas barriguinhas subindo e descendo, subindo e descendo... pura poesia. E quando nasce o dia, então? Quer despertador melhor do que ser acordada com uma mãozinha delicada te acariciando o rosto, e convidando a começar com o pé direito um novo dia?
Mas mesmo curtindo, a dúvida permanecia: e na hora de ir cada um pra sua cama? Vai ser difícil? Vai ser trabalhoso? Vai ser demorado? Vai ser sofrido? Mas, que nada! Minhas pimentas me presentearam com uma linda surpresa, pouco depois de terem completado três anos de vida, quando começaram a pedir para ir dormir no próprio quarto, na própria cama. Assim, sem que ninguém tivesse dado a idéia, ou mesmo tocado no assunto. Totalmente espontâneo.
No final, acabamos demorando um pouco mais para fazer a transição, porque justamente nessa época, estávamos reformando a casa que tínhamos acabado de comprar, e no apartamento em que morávamos, o quartinho que teria sido delas tinha sido transformado em 'canto do entulho'. Estava uma bagunça só, completamente inabitável. Impossível colocar as duas para dormir lá. Então, esperamos. Quando finalmente chegou o dia da tão esperada mudança, já na primeira noite na casa nova colocamos os colchões no chão do quarto delas - elas nem tinham cama, apenas os berços, que no final das contas foram usados por menos de um ano... - e as duas passaram a dormir por lá, juntinhas, mas separadas do papai e da mamãe.
Confesso, nem eu acreditava que a transição pudesse ser tão tranquila, mas foi. Sim, no começo elas voltaram a acordar uma ou duas vezes por noite, coisa que já não faziam há tempos, mas foi algo pontual, que durou pouco. Logo voltaram a dormir a noite toda, e é assim até hoje. Elas dormem cedo e engrenam onze, doze horas direto.
Bacana também foi que, com a transição, criamos um ritual do sono super desenhadinho, uma rotina para os momentos antes de dormir, que elas curtem e são um momento gostoso de proximidade e carinho. Hoje em dia, depois de colocar a caçulinha para dormir, eu dou banho nas duas, ajudo a vestir a roupa de dormir, sentamos juntas na cama e lemos duas historinhas, escolhidas por elas. Então elas deitam, eu cubro, beijo, abraço, dou boa-noite, apago a luz e saio do quarto. Em geral, não se passam dez minutos, e as duas já estão capotadinhas.
Aí vocês me perguntam... ok, mas e a vida do casal, como fica? Bem, para nós, ficou ótima, obrigada! Tanto que foi praticando a cama compartilhada com as mais velhas que 'encomendamos' a nossa caçulinha... quer prova maior do que essa de que a cama compartilhada não atrapalha a vida sexual? ;-)
Eu costumo dizer que praticar cama compartilhada estimula a gente a sair da mesmice, sacudir a rotina, usar a criatividade. Afinal, porque é que lugar de namorar tem que ser sempre no quarto, na cama?? O bom de ter filhotes dormindo no nosso quarto é que a gente tem oportunidade de relembrar os tempos de recém-casado, em que todo lugar era lugar... vale no sofá, na poltrona, no tapete da sala, na mesa da cozinha... u-lá-lá!! Rotina, nunca mais!! :-)
Brincadeiras à parte, acho que a gente sempre encontra um caminho, quando há boa vontade. Hoje, que compartilhamos cama com a Chiara, mas ela fica no bercinho dela, que tem a grade rebaixada e funciona como uma extensão da nossa cama, muitas vezes namoramos por ali mesmo. Muita gente não se sente à vontade, mas acho que isso é bem pessoal, de cada casal. Eu, particularmente, vejo isso com muita naturalidade. Claro que com o bebê acordado, nem pensar, mas se estiver dormindo, não vejo problemas. E se ela acordar, é só dar uma 'pausa' na programação, e voltar à ativa depois que a pequenina capotar novamente!
Essa idéia de 'acoplar' o berço à lateral da cama, aliás, é uma ótima alternativa pra quem gosta da idéia da cama compartilhada, mas curte ter bastante espaço para se 'esparramar' na cama, e dorme mal se ficar muito apertadinho. Eu sou um pouco assim, e pra mim esse arranjo fica super confortável.
É por isso que aqui em casa, pra gente, o saldo da cama compartilhada é super positivo. Traz mais proximidade, momentos gostosos, de carinho e muita interação. Cria crianças seguras e felizes e que, quando for a hora, vão dormir sozinhas numa boa, sem dramas. É o que diz a nossa experiência, pelo menos até agora.
E hoje, sempre que vejo uma lista de enxoval, penso que uma bela cama 'king size' deveria estar no topo, entre os itens indispensáveis, juntinho do sling, de um balde genérico para banho e de algumas outras 'coisinhas mamíferas' que fazem a gente curtir mais o dia a dia com os filhotes...
Imagem: www.vilamulher.terra.com.br