
por: Kathy
Samuel quebrou um pedaço do dente da frente. Que susto! Foi na escola. Numa brincadeira, ele caiu de boca no chão e na sequência um amiguinho caiu por cima e estava feito o estrago. Ele me disse que não doeu, a professora disse que ele nem sequer chorou, só se assustou. Depois ficou, claro, incomodado com a falha na boca, e ficava passando a língua nela o tempo todo.
E agora, o que fazer? Nunca quebrei nenhum dente, portanto, a situação era completamente nova pra mim. Procurei o atendimento odontológico aqui do meu trabalho para uma orientação. Lá me disseram que mesmo sem uma lesão aparente o trauma poderia ter afetado a raiz do dente definitivo e que por isso era preciso radiografar. Fiquei preocupada.
Recorri então às queridas amigas mamíferas e recebi a indicação de um odontopediatra antroposófico. Liguei na mesma hora e já de cara ele me tranquilizou: se o dente não está doendo, nem mole, nem fora do lugar, se a criança está conseguindo comer sem sentir nenhum desconforto, não é preciso correr imediatamente pro dentista. Ufa! Marquei uma consulta para o dia seguinte, então (hoje).
A noite, o desconforto foi mais meu do que dele: a falha do dente raspava no meu peito quando ele mamava e machucava um pouquinho.. ui! Pela primeira vez em 3 anos devo dizer que passei pela experiência de uma amamentação dolorida, rs.
Hoje, na consulta com o odontopediatra, me senti muito segura e amparada (nada como profissionais humanizados, né?). Ele me explicou que em casos como esse de traumas, se a raiz é afetada, o dente escurece em alguns dias e então essa é a indicação de que devemos radiografar e buscar o tratamento correto. Samuel já de cara, portanto, escapou de uma radiografia que poderia ser desnecessária. Se em 40 dias depois do trauma o dente não escurecer é porque a raiz não foi afetada e, portanto, o tratamento está encerrado.
Ele explicou também que no caso do dente escurecer é preciso avaliar a real necessidade de um tratamento de canal. É claro que em alguns casos, quando há uma inflamação e pus é necessário drenar e cuidar adequadamente, mas se for um caso somente estético, para cuidar do dente escurecido, é questão de se pensar se vale a pena submeter a criança pequena aos procedimentos invasivos que fazem parte do tratamento (anestesia, agulhas, etc). Como o dentista mesmo disse, a criança não repara no dente escuro, essa é uma preocupação do adulto e é possível poupá-la desse desconforto.
No caso do Samuel, por enquanto, só foi colocado uma resina. O dentista até me disse que se a parte quebrada fosse menor, ele só lixaria, mas como foi um quebradinho um pouco maior (uns 3 milímetros), seria melhor fazer a restauração mesmo. É uma restauração puramente estética sim, mas o procedimento não foi nada invasivo, pelo contrário, o Samuel não demonstrou incômodo nenhum, se divertiu na cadeira do dentista - até comentou que era igual à do dentista do Procurando Nemo - e o procedimento foi rápido e ficou perfeito. Estou satisfeita!
Aproveitando, já que foi a primeira vez que ele foi ao dentista, descobrimos que a posição dos dentes dele está perfeita. Os dentinhos dele são um pouco separados, mas como a Tata mesmo já comentou aqui em outro post sobre dentes isso é importante para quando os dentes definitivos nascerem. Ponto aí pra amamentação que, como a gente sabe, é importantíssima para um bom desenvolvimento dos ossos e músculos da face.
Esse espaço entre os dentinhos de leite é super importante pois assegura que haverá lugar suficiente para todos os dentes definitivos. Quanto mais espaço na boca melhor pois isso evita o encavalamento dos dentes definitivos e pode prevenir até mesmo o uso de aparelho ortodôntico e a necessidade futura de extrair dentes. Para uma mamãe como eu, que não foi amamentada e usou mamadeira e chupeta por anos e hoje encara a chatice de um aparelho ortodôntico (e já encarou uma extração), foi uma ótima notícia saber que com a amamentação estou ajudando meu filho a prevenir futuros problemas odontológicos e intervenções chatas como essas.
Ah, sim, Samuel também não tem nenhuma cárie, mas tem algumas minúsculas manchinhas nos dentes, provavelmente causadas pelas três vezes em que ele teve que fazer uso de antibióticos. É por essas e outras que desisti da alopatia, aliás. A escovação está super correta e bem feita e a orientação é de continuar utilizando o creme dental sem flúor (até os seis anos). O ideal a partir de agora é visitar o dentista uma vez por ano. Em caso de crianças que já tiveram cáries nessa idade - 3 anos - é aconselhável uma visita ao dentista a cada seis meses.
E por causa de um pedacinho de dente quebrado, eu aprendi tudo isso! E claro que tive que vir aqui dividir com vocês. Há males que vem mesmo pra bem, não é mesmo?
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(* título de uma música do Pato Fu - por John e Fernanda Takai)