por: Heather, mamífera convidada
Muitas vezes, nós falamos nos grupos de discussão sobre os partos que tivemos: normais, naturais, em casa ou cesáreas; falamos sobre as suas vantagens e desvantagens, de como nós mudamos através deles. Há um “parto” um pouco diferente. O bebê não é gerado dentro da barriga, nem sai dela, mas nasce um filho e uma mãe do mesmo jeito. Eu tive a sorte de ter um “parto adotivo”.
Na adoção, há toda uma “tentativa de engravidar”, enquanto se preenche uma papelada incrível, conversa com assistentes sociais e psicólogos, até que enfim seja aprovado pra entrar na lista de espera por um filho. Eis o início da gravidez. A gravidez pode demorar mais ou menos, e pode trazer um ou mais filhos da mesma idade, do de idades diferentes. Muitos casais querem escolher o sexo, algo que numa gravidez normal não aconteceria, e fazendo isso, pode demorar mais.
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Mas aí, depois do tempo que for, enfim chegam os nossos filhos. No nosso caso, nossos bebês já vieram com quase 9 meses de idade, após mais de um ano de papelada, mas apenas 1 mês de gravidez. Mal deu pra acreditar quando recebemos a ligação, falando que havia gêmeos, meninos, mas que estavam em Rio Grande do Norte, que teríamos que ligar e enviar a documentação o quanto antes. Isso apenas 1 mês após o nosso cadastro. Quinze dias depois fomos conhecê-los. Eu, meu marido e nossa filha de 4 anos de idade. Desde antes de conhecermos eles pessoalmente, quando tínhamos apenas umas fotos por e-mail, na verdade até antes disso, sabíamos que em breve os nossos bebê nasceriam pra nossa família. E ao conhecê-los não foi diferente. Eles tinham as suas histórias até então, nós tinhamos os nossos sonhos. E aí estávamos frente a frente com um novo começo, um verdadeiro parto.
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Aqui, quero falar um pouco da adoção em si. Há tantas pessoas que entram com as expecativas muito diferentes da realidade. Quanto mais aberto for o “perfil” da pessoa, mais rápido virá o seu filho. Há quem queira apenas meninas brancas, de até 3 meses de idade. Meninas, pois acham que dão menos trabalho. Brancas, porque a maioria dos adotantes também são brancos e querem filhos que parecem consigo mesmos, e até 3 meses de idade, porque querem passar por todas as etapas com aquela criança. Não tenho dúvidas de que a fase de bebê é uma delícia, e que se adotar nesta idade ainda há a possibilidade de amamentar o bebê. Mas ao abrir este perfil, falar que não se importa se aquela criança parece fisicamente com você, nem se aquela criança já virá com alguma história, você não só aumenta as suas chances de adotar, mas também aumenta as suas possibilidades de crescer. Pois quando se adota irmãos, ou crianças maiores, eles nos ensinam muito. Nosso perfil era de até 2 crianças, sendo a maior de até 4 anos de idade. Vieram gêmeos de 9 meses. De início havíamos falado que pelo menos uma das crianças deveria ser menina, pensando na nossa filha mais velha. Mas ao sermos avisados dos gêmeos, falamos que se fosse uma gravidez biológica, não teríamos escolhido, então não tivemos dúvidas. Acho que uma das coisas principais pra nós era que uma vez que eles eram nossos, assim seriam para sempre.
Há pessoas que adotam, mas após um tempo “devolvem” aquela criança ao abrigo, porque descobriram que ela tem um problema de saúde, ou porque ela demora mais que o esperado para se adaptar à nova vida, e por isso acho que a adoção não é pra todos. Se uma pessoa me fala que não conseguiria adotar, eu não tento mudar a sua cabeça. Mas aquelas pessoas que pesquisam, se apaixonam e amam, são capazes de mudar a própria cabeça. E o fundamental para a adaptação de qualquer criança, seja ela biológica seja ela adotiva, é o amor incondicional. É aquela criança saber que mesmo você não gostando de tudo que ela faz, que ela é e sempre será seu filho.
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Acho que esta é a questão de ser mãe: amar.
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Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
3 comentários:
Bom, nãe sei nem o que dizer, somente e primeiramente que, estou extremamente feliz de começar o ano conhecendo (tão tarde) o blog de vocês. Foi lá no Hoje Vou Assim (da Cris Guerra) que vi o endereço do blog MAMÍFERAS e logo vim fuçar.
Poxa, faz um bom tempo que visito o blog da Cris e não tive a curiosidade de ver o endereço e visitar o de vocês!!!!
Mas aqui cheguei e estou amando.
Vou ler todas as postagens e começar a me introsar com tudo. Muito prazer, meu nome é Carol Macedo, mãe da Isadora Macedo de 2 anos, cinco meses e 20 dias.
Beijinhos à todas e "té mais"!
Heather, lindo, lindo!
Você tem toda razão: não há nada mais importante na maternidade do que essa capacidade de se abrir e amar incondicionalmente. Quando se tem isso, o resto é isso aí mesmo: resto!
Carol, seja bem vinda à "nave mamífera", esperamos que você se sinta à vontade e volte sempre pra visitar e comentar.
bjo grande!
Heather, estou habilitada para adotar e há quase um ano não canso de "procurar" meu filhão, rs. Sim, vamos concordar que ficar parado esperando vira poste, não é mesmo?
A adoção é mais uma forma de nascimento, de ser pai e mãe. Não é caridade e muito menos boa ação! É acolher com amor, carinho e chamar de filho para sempre!!!
Sua estória emociona e alimenta as nossas esperanças de que logo nosso tão sonhado encontro com o filho, aconteça!
Tenho dividido essa angústia e ansiedade da espera pela chegada dele (meu bebê, rs) num blog onde, além de informações sobre o processo de Adoção, junto notícias sobre esse tema, e engraçado que dias atrás escrevi um texto com o título: "Adoção - uma gravidez sem data para a chegada do filho" (http://adotante.blogspot.com/2009/07/adocao-uma-gravidez-sem-data-para.html), se puder, dá uma espiadinha, ok?
Que Deus continue abençoando sua família!
E peço as "donas e proprietárias" do "Mamíferas" a liberdade de colocar o link do Blog na minha página, será que pode??? rsrsrs
Parabéns pelo trabalho lindo!
Abraços
Andrea Marcondes
http://adotante.blogspot.com/
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