
por: Drica Moraes (Mamífera convidada)
Eu sempre tive nítido em minha cabeça o conceito de que a criança é um ser totalmente dependente. Continuo achando isso, mas percebi que nós, mães, somos muito dependentes deles também.
Explico: voltei a trabalhar quando a Isabela tinha 4 meses. Mas ela foi para o berçário da empresa comigo e assim consegui amamentar exclusivamente até os 6 meses. Depois começamos a introdução de sucos e eu fiquei sofrendo porque as mamadas começavam a diminuir. Eu acho que estava dependente daquilo, daquele processo. Parecia que antes, quando estávamos somente na livre demanda, eu e minha filha éramos uma só. E agora não mais.
E assim foi também quando ela começou a comer frutinhas, depois quando começou a almoçar, depois a jantar. Ela ainda mamava muito, mas eu tinha um sentimento estranho, de abandono. Parecia que ela não precisava mais de mim.
Com 10 meses ela foi para a escolinha e eu continuei trabalhando. Tirava meu leite com bomba e foi assim até ela completar 1 ano, pois já estava muito complicado tirar leite no trabalho. Depois de 1 ano ela mamava de manhã e a noite. Nos finais de semana o peito era em livre demanda. Sempre fui assim, qualquer coisa que acontecia, dava logo o peito.
Só que de uns tempos pra cá ela não quer mais o peito para curar uma ferida, por exemplo, ou para curar um choro. Nessas horas, agora, basta um abraço! Há duas semanas atrás ela até fez uma daquelas famosas ‘greves de peito’, se recusando a mamar. E eu chorei igual criança, achando que a minha filha iria desmamar.
Nada adiantou meu marido tentar me consolar dizendo que eu tinha cumprido a minha missão, que se fosse realmente um desmame natural, que ela estava seguindo um processo dela. Não adiantava, tudo isso foi um blábláblá sem sentido para mim, que estava inconsolável.
Mas, para a minha felicidade, foi mesmo só uma greve temporária. Ela ainda não desmamou. Analisando com mais calma aquela semana da ‘greve de peito’, percebi que passei muito nervoso e que isso talvez deva ter refletido no meu leite de alguma forma.
Mas tudo isso serviu de aviso, para que eu fique preparada, caso ela queira desmamar mesmo. Meu coração que estava apertadinho está mais tranqüilo agora, mas ainda lá no fundo tenho um medo que ela desmame logo. Claro que no momento em que ela decidir parar, vou sofrer, mas vou respeitá-la. Mas acho que na verdade eu mesma não estou preparada para o desmame.
É então que me pergunto: quem é mais dependente, ela ou eu?
4 comentários:
Ai, acho que acabo de descobrir que também sou assim... Sou dependente do meu filho!
Nunca tinha parado para pensar sobre isso, mas confesso que já tinha percebido um pouco. Não consigo ficar longe dele, não consigo deixá-lo com outra pessoa (a não ser meu marido, pai dele)... acho que eu achava que era um ciuminho, mas lendo esse post descobri que pode ser dependencia. E isso é ruim, né?! Pq uma hora esse nosso bebê vai crescer, vai desmamar, vai namorar, vai casar... e nós? Seremos aquelas sogras chatas e pocessivas??? Tomara que não... é preciso se trabalhar internamente! ;)
Boa sorte.
Beijinhos,
Lívia, mamãe do Uriel-10 meses (e ainda mamando muito, ufa! hehe)
hehehe, boa pergunta, Drica.
acho que é uma dependência mútua, na verdade. instintiva, natural. a gente se volta para os filhos porque eles transformam profundamente a nossa vida, nada mais será o que era antes. e eles se voltam para nós porque somos sua grande referência, seu grande aconchego, seu porto seguro. e estamos ambos caminhando pouco a pouco, crescendo e aprendendo a ampliar nossos limites para fora dessa relação. conforme vão crescendo, nossos filhotes vão descobrindo outras referências no mundo, outros pontos de apoio, outras possibidades. e nós também, as novas pessoas que nos tornamos depois da chegada deles, vamos pouco a pouco redescobrindo o mundo fora dessa conexão tão simbiótica que vivemos com nossos piticos desde a barriga.
o bom é que se nos permitimos viver sem preconceitos e sem cobranças esse momento de dependência saudável, natural, poderemos "voltar para o mundo" pessoas muito melhores...
hum... viajei.
deu pra entender alguma coisa?
bjo querida, obrigada pela participação!!! :-)
Eu sou muito dependente da minha filha... tanto que chorei muito quando ela, aos 10 meses, simplesmente NUNCA mais aceitou o peito. E eu querendo amamentar atééééé um bom tempo, com leite... mas a danada não queria mais, chegava a chorar (soluçando e tudo). Aí o maridão disse pra eu deixar, que ela decidiu se desmamar. Mas, me senti muito mal por uns tempos. Hoje já estou melhor, se passaram 5 meses disso. Mas adoraria ainda estar dando o peito pra ela.
Espero que o próximo bebê queira mamar mais tempo =)
Olá Drica,
Simplesmente adorei esse post!
Acho que nós mães somos muito mais dependentes deles do que eles de nós. Quem tem que se adapatar com a volta ao trabalho e com a nova rotina longe deles somos nós, e sofremos por isso.
Falo isso pq estou vivenciando uma fase difícil e estou tendo MUITA dificuldade em me adaptar. Sofro muito por ter que deixar minha filha para ir trabalhar, sofro por não estar perto dela, por pensar que tô perdendo algo, ou se estão tratando dela direito, enfim, chega a dar um vaziosão. E na última semana a pediatra indicou a suspender a amamentação pois estou tomando muita medicação para hipertensão, enfim, tá sendo duro! O leite tem diminuido, mas não consigo negar o peito quando Beatriz me pede!Não é fácil, temos que nos adaptar, por isso digo, somos totalmente dependentes de nossas crias amadas!
Beijos
Pri
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