Por: Dydy (Mamífera Convidada)
A maternidade moderna tomou um rumo completamente avesso ao modelo que a maternidade tradicional possuía. Minha avó, apesar de ter parido e amamentado tanto quanto eu, tinha uma vida muito diferente da minha. Sua vida era criar os filhos e obedecer seu marido que politicamente incorreto. Tolerava situações hoje impensáveis. Mas era o único jeito que havia para se viver.
Muitas mulheres reagiram a isto e puderam dar às suas filhas ferramentas para fugirem desta sina quando chegassem à idade de se casar. E elas usaram bem estas ferramentas.
Por isso, hoje temos mulheres de muito poder, verdadeiramente independentes e livres. Livres de maridos, filhos e família, presas ao trabalho, falsas amizades e a vaidade. Algumas desejam nunca terem filhos. Outras usam os homens como outrora foram usadas. Há aquelas absolutamente inteligentes e as que sabem dominar e conseguir tudo o que querem. Pro bem e pro mal.
A questão é que essas duas mulheres foram de um extremo a outro em pouquíssimas gerações. E como tudo o que muda muito rápido, esse “salto evolutivo” não tem a consistência que parece ter.
E agora vemos incubadoras humanas que não são mães.Pessoas que não querem viver nada peculiar à maternidade, mas querem ser “mães”. Ocupadas demais para educar, cansadas demais para brincar, frescas demais para gestar, medrosas demais para parir, impacientes demais para amamentar.E por aí vai. Pior do que as ações são as desculpas para elas.
Não sei se há como ser menos difícil, mas quando nos propomos a ser mães, temos que assumir um compromisso com a maternagem. Maternar é ser mãe com açúcar. Ser envolvida, amiga, criança de novo. E é tão gostoso.
Meus filhos são minha vida. Mas além disso, são meus companheiros, meus parceiros. Eles são tão agarrados, porque sabem que me dedico a eles. E sei que, conforme forem crescendo, terão ainda mais capacidade de perceberem o quanto nossa família é dedicada a eles e feliz.
Acho que todas (ou quase todas) as mães biológicas são capazes de maternar, porque até as adotivas, sem a prerrogativa do instinto, são. O que falta a muitas mães é coragem e segurança. Tantas confiam mais no obstetra e no pediatra do que em si mesmas! É a primeira vez na história que isso acontece e já se pode observar as conseqüências do exagero. Estes profissionais são importantes, mas não passam de orientadores em nossos ideais para nascimento e criação de nossos pequenos.
Podemos trabalhar e maternar. Nada é impedimento para isso. Para ser presente não precisa estar perto todo o tempo. Mas a dedicação fruto exclusivo da convivência é fundamental. Então dou aos meus filhos o melhor parto que posso lhes dar, amamento por muitos anos e me dôo todo dia.
Por eles me mudei para um sítio meio isolado, estou sem tv, arrumei uma belíssima cachorra, me tornei vegetariana mais convicta, cresci em minha integridade e pratico cama compartilhada. Porque acredito que eles precisam de mais espaço, tempo, carinho respeito, dignidade e colinho de mamãe, respectivamente.
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Abri mão de muitas coisas legais ao decidir ser mãe, mas o que a maternidade me traz em troca é desproporcionalmente recompensador.
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Imagem: www.gettyimages.com.br
3 comentários:
Dydy,
Belíssimo texto!
Eu gostaria de ser uma mãe mais participativa. Eu amo meus filhos, mas preciso sempre de um tempo só para mim à noite. Eu preciso trabalhar o dia todo, não tenho opção. E muitas vezes chego cansada e tenho pouca paciência com as crianças e nenhuma vontade de brincar com elas. Eu me sinto muito culpada por isso. Eu sempre ouvi dizer que ser mãe é um extremo gerador de sentimento de culpa.
BEijos
Oi Carla!
Td mundo tem suas deficiencias. Tb sou uma classica mae culpada. Quem nao é... Eu queria pdoer deixar td, mas hj nao posso. Entao tento fazer meu melhor qd estou com eles e sei que eles sabem disso.
Estou certa de que sou uma mae melhor do que tive e do que a minha ame teve e pior do que a Aglaia será.
Mas o importante é que consegui lhe dar um nascimento respeitoso e digno, uma alimentação indiscutivel e uma educação fundamentada em etica e verdade.
E por ai vamos fazendo cada pedacinho de dia, um tempo melhor de se viver.
Adorei o texto. Vou enviá-lo a amigos!!!
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