Casa de Vó

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por: Tata

Quando a gente cresce, poucas coisas são tão gostosas, e aquecem tanto o coração, quanto as boas lembranças da infância. E entre essas, a dos momentos vividos na casa dos avós têm sempre um lugar de destaque.

Casa de vó é território de doçura, amor desmedido e alegria pura. Vó é aquela que não tem mais que educar, e pode esgotar nos netos a infinidade da sua ternura.

Não que eu concorde que avó é livre pra "estragar" a criança, como alguns costumam dizer por aí. Não que eu ache que avó pode deixar tudo que o pai e a mãe não deixam, nem ir contra tudo o que a criança vivencia em casa. Tem que ter coerência e respeito, é claro. Senão, o caldo desanda.

Mas na casa da avó, os limites podem e devem ser mais flexíveis. Não é que possa tudo. Mas pra maioria das coisas, avó que é avó dá um jeitinho. Se não pode por aqui, porque papai e mamãe disseram que não pode, e não é para poder mesmo, a vovó contorna, conversa, distrai, e sempre consegue alegrar de outro jeito. Avó que é avó tem esse dom: extrair o sorriso nas horas mais improváveis.

Eu, que tenho lembranças deliciosas da minha avó, uma figura incrível e importantíssima na minha vida, fico feliz pra burro de ver a ligação especial que as minhas pequenas têm com a minha mãe, a 'vovó Lili'.

Não que elas não tenham uma relação bacana com a avó paterna, tem sim. Mas é uma relação construída de outro jeito, até porque a 'vovó Rede' (mamãe do papai) tem mais idade, e já não tem condições de ficar com as meninas sozinha, sair com elas pra passear, essas coisas. Elas curtem a relação também, mas é de outro jeito.

Quando as meninas vão dormir na casa da vovó Lili, é festa na certa. Dão pulos de alegria, abrem sorrisos de orelha a orelha. Ficam esperando o dia, contando as horas. Expectativa absoluta.

No começo dessa semana, tivemos algumas dificuldades aqui em casa, e acabei pedindo para a minha mãe buscar as meninas na escola. A idéia era buscar, dar algo para comer, e em seguida trazê-las para casa. Mas quem disse que elas quiseram?? Uma vez aninhadas com a vovó tão querida, não houve quem as fizesse voltar pra casa. Dormiram por lá, por escolha própria. Ainda vieram me dizer no telefone, serelepes que só elas, 'não volto pá casa hoje não, mamãe, hoje é dia da vovó Lili!!!".

E eu posso dizer, de peito aberto e com toda sinceridade, que não tenho um pingo de ciúmes. Talvez, se eu não tivesse a confiança que tenho na minha mãe, se não soubesse que, além de pensar como eu em muita coisa no que diz respeito à maternidade e criação de filhos, respeita muito o que eu penso e quero para as meninas, e a minha posição como mãe delas, aí sim, o ciúme rolasse forte. Mas não é o caso. Deixando as meninas com ela, eu fico mais que tranquila. Fico em paz.

E me sinto mesmo privilegiada pra burro de ter alguém de confiança com quem deixar minhas filhotas, sabendo que elas, além de bem cuidadas, estarão felizes e satisfeitas. Assim, eu também posso curtir um tempinho pra mim, ou melhor ainda, um programinha a dois com o maridão, que ninguém é de ferro! É ou não é?

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