Nunca pensei em ser mãe. A maternidade aconteceu assim no susto, em pleno desenvolvimento profissional como jornalista paulistana. A barriga demorou a aparecer assim como minha descobrerta do verdadeiro msignificado de ser mãe. Agora tinha uma barriga e dentro dela uma vida que mudaria para sempre a minha.
Comecei a pensar no parto. Não pensava sobre amamentação ou criação do filhos. Aos pouco fui deixando minhas roupas comuns do lado de fora: o obstetra bonzinho que me faria uma cesárea, a vontade de ter filho no hospital, a idéia de que parto é aquele que é melhor para mãe e bebê.
Fiquei nua, com um barrigão e a certeza de que meu corpo funcionaria, que meu filho sairia pelo por onde entrou, vencendo sua primeira e importante batalha desta vida e chegaria no lugar mais seguro e confortável do mundo: nossa casa.
Do lado de fora desta nova mulher que o destino esculpiu, ficou aquela que pensava que pouco tempo com qualidade bastava. Eu, quem nunca sonheir em ter filhos, fui nascendo mamífera. Não li nada sobre criação de filhos e segui a luz do meu coração. Ai me lembro dos primeiros dias em que era puro êxtase com aquele ser que mamava o dia inteiro. Estava feliz em servir ao mundo com meu corpo e minha lucidez de anos de práticas de yoga e meditação.
Fazia ele adormecer na rede, olhando uma linda paisagem montanhosa e entoando mantras que me faziam sentir nos braços de Deus. Foram seis meses de pura dedicação. Aos poucos voltei para Yoga, comecei a deixá-lo algumas horas com a moça que trabalhava em casa.
Foi nessa época que voltei a trabalhar aqui em São Paulo e experimentei aquela sensação de deixar o filho e sair para o mundo. Com peito cheio, bombinha na mão e muita disposição para tirar leite no trabalho. Cansada adormecia muitas vezes sem banho e dando peito. O que me consolava era que era por pouco tempo.
Quando ele tinha uns 8 meses fiz um novo corte de cabelo e voltei para academia a fim de perder aqueles quilos a mais da gestação. Era a mulher pedindo para resurgir junto com a mãe que esteve em cena absoluta nestes meses. Aos poucos voltei a usar roupas mais femininas e redespertar para minha sensualidade.
Continuei com o trabalho aqui em São Paulo e no vai e vem. Mas passando a maior parte do tempo cuidnado do meu filhote. Neste ano a coisa apertou e a executiva começou a ressurgir na reinvenção de minha carreira. Foi um processo profundo em que descobri que estava pronta, novamente, para servir ao mundo com minha criatividade. Neste momento em que vejo meu filho mamar menos, a comer melhor e gostar da companhia de outros cuidadores.
Estou pronta novamente para fazer meu mestrado, escrever meu abandonado livro. Reiquilibrar os outros pratinhos que nós, malabaristas mulheres ficamos a girar para não cair.
E vocês, como os papéis de mãe, mulher, profissional, esposa se equilibram em suas vidas?
Um comentário:
Nossa, esse post vem de encontro com o que ando sentindo ultimamente. Apesar de ter sido meio planejada, eu esperava que a gravidez fosse COMPLETAMENTE diferente do que está sendo. Eu estava dando aulas em uma faculdade e no consultório (sou psicóloga), e na minha mente, ainda não tomada pela maternidade, eu planejava dar aulas até o bebê nascer, assim como continuar no consultório. Gosto da minha vida profissional, das minhas escolhas e adorava a vida agitada de ter dois trabalhos, aquela correria boa. De repente, CABRUM, TOIM, tudo caiu por terra....depois de passar uns nervosos na faculdade, lá pelo terceiro mes de gravidez, que culminaram num desmaio em sala de aula, eu resolvi me afastar da faculdade e ficar só com o consultório. Essa diminuição drástica da rotina corrida me fez mergulhar no mundo da maternidade, e pra minha surpresa foi/está sendo tão bom esse "tempo". Esqueci o crachá, laptop, provas e trabalhos pra corrigir e estou curtindo esse momento sem culpas (com menos dinheiro...rs) e o mais importante: sem medo de não conseguir voltar. No momento simplesmente não quero e nem consigo me imaginar sem o Caetano dentro de mim ou aqui fora comigo, durante algum tempo de dedicação super exclusiva. E acredito que vai existir a hora de botar a mochilinha de profisisonal nas costas e voltar pro mundo acadêmico...mas nunca mais a mesma, pois o coração de mãe estará também dentro da mochila. ;-)
Desculpe o longo desabafo
Mariana (36 semanas!!!!!!!!!!!)
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