por: Deborah
O assunto irmãos já foi tema por aqui. Só que mais para o lado de ter ou não mais de um filho, a saga dos filhos únicos etc.
Eu fui filha única por um bom tempo. Na verdade, minha história com irmãos é bem complexa. Meus pais são separados desde que tenho 3 anos. Tenho 2 irmãs por parte de pai e 1 por parte de mãe.
Da parte do meu pai, uma com pouca diferença, só 3 anos, mas que conheci quando eu já tinha uns 15, ficamos amigas durante um tempo, mas nunca tivemos uma convivência rotineira de irmãs. Com a segunda filha do meu pai são quase 11 anos de diferença. Convivemos bem e bastante, mas não é uma convivência diária, de disputas por espaços, entre outras. É amigável demais...
A mais próxima mesmo, em termos de viver o dia-a-dia é a minha irmã por parte de mãe, 22 anos de diferença. Mas, por bastante tempo, enquanto morávamos juntas, tivemos mais uma relação de mãe e filha do que de irmãs. Foi meu ensaio para a maternidade. Engraçado que depois que eu passei a ter minha própria família, filhos, passamos a ser mais irmãs.
Hoje rola até ciúmes e uma disputa pela atenção e cuidados da nossa mãe. Mas, na verdade, somos duas filhas únicas de uma mesma mãe.
Por tudo isto, durante muito tempo, carreguei o estigma da filha única, que não sabe dividir, mimada, egoísta etc. Não conheço muito o sentimento de perda que uma criança deve sentir quando nasce um irmão. Não vivenciei isto, o que senti quando minha mãe ficou grávida e eu tinha 22 anos foi algo muito distante de perda, eu já tinha uma outra vida construída, além do laço com a minha mãe, e não achei que fosse perder nada.
Quando fiquei grávida pela segunda vez, bateu um sentimento de “e agora, como dividir, multiplicar, sei lá como posso chamar o que terei que fazer daqui pra frente”. E na primeira vez em que saí para comprar algo para o Pietro, o enxoval que minha cunhada insistia que eu deveria fazer - estava de quase 8 meses, me bateu uma sensação muito ruim, de tristeza, até chorei, pois eu sentia que estava deixando a Isadora de lado, tinha vontade de comprar coisas pra ela e só.
Enquanto ela apresentava as crises de ciúmes, eu me perguntava se tinha feito o melhor, mesmo que ela tenha pedido tanto um irmão. Será que não deveríamos ter esperado mais, será que deveríamos ter esperado tanto... Culpa, culpa, culpa.. Que mãe não conhece este sentimento?
E o Pietro nasceu. O ciúmes da Isadora aumentou, é claro. Ela o aperta, o beija calorosamente, aperta a mãozinha, o pezinho, já mordeu a orelhinha dele. Tem dias que meu sofá vira um campo de guerra...
Ele dorme e ela pisa mais alto, bate palmas. Socorro! Como não ser dura com ela? Devo protegê-lo de tanto amor e fúria? Como conseguir unir os dois? Como ser dos dois, igualmente? Divido até o colo na hora de amamentá-lo. Que tarefa árdua para uma filha quase única!
É claro que não tenho nenhuma resposta. É algo que lanço para os comentários mesmo, gostaria de opiniões. Como outras mães vivenciaram esta fase? Como viram seus primeiros filhos se transformarem em ferinhas, de tantos ciúmes?
Mas, o que já descobri com esta dupla maternidade é que o amor pode ser multiplo sim, eu tinha dúvidas se amaria tanto duas vezes, mas quando o Pietro me olha, lembro também do olhar da Isadora e descubro que a cada filho que nasce, a nossa capacidade de amar se intensifica.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
3 comentários:
Olha, eu nem sei se posso realmente falar sobre o assunto, tenho irmãos, mas como você é muito tempo de diferença e fui criada como filha única.
E sou mãe de filha única, mas não pretendo manter isso pra sempre, quero sim ter mais um filho e acho que pra quem já vive a experiência, vale por em prática o mantra do "isso passa".
Acho que meninas por si só já são mais ciumentas e vale você tentar inserir a Isadora no cuidados com o Pietro, fazer com que ela se sinta importante pra ele também. Já vi isso funcionar muito bem, as meninas tem esse instinto materno naturalmente...e acho que você deva tentar separar momentos do seu dia pra brincar com ambos e dar atenção pra eles separado.
O Pietro com certeza já deve muitos momentos desse, mas separe a "Hora da Isadora" e a deixe ciente disso, que é um momento só dela...acho que ela vai adorar!
Digo isso da minha visão pouco experiente, mas de alguém de fora de toda a situação... derepente, quem sabe né?!
Beijos mil!
Oi Cacau,
Acho que é este mesmo o caminho. Tenho tentado dar estes dias de "filha única" prá Isa. Minha mãe tem ajudado e quando consigo deixar um "leitinho" pro Pietro, consigo sair só com ela, o deixando com a minha mãe, e é uma delícia. Também tento fazer com que participe e mostrar que confio, com pedir que ela o fique olhando no berço enquanto tomo banho, mesmo ficando apreensiva tenho dado esta oportunidade a ela. E super funciona, hoje ele chorava após o banho e ela ficou falando com ele, segurando sua mãozinha e ele foi se acalmando. Foi lindo! Mas, ás vezes a guria vira uma ferinha, e não há nada que eu faça para conseguir acalmá-la... Mas, acho que é assim mesmo, um dia após o outro!
Deborah, hahahaha, que legal! É assim, mesmo.
Mas lá em casa, era a Mel querendo alguma coisa, o João gritando e eu chorando. Huahauhauaaua......
Melhorou aos poucos, conforme o João foi conhecendo a Melissa. Eu incluí a Melissa em tudo: hora de trocar fralda? Ela pegava as coisas pra mim. Hora de dar banho? Ela via se a água estava boa e ajudava. Hora de dormir? Ela ficava lá do ladinho, dando de "mamar" pro filho dela.
Ajudou, viu?
Beijo
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