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por: Tata
Quando minhas filhotas mais velhas, Ana Luz e Estrela, hoje com 4 anos e meio, eram bebês, um momento que eu sempre me perguntava como é que seria, e que me deixava com uma porção de dúvidas, era a hora do desfralde.
Sempre ouvi histórias e mais histórias sobre desfraldes difíceis, complicados, sofridos, muito xixi e cocô pela casa, na roupa, muita briga e muito choro. Tudo isso me deixava bem apreensiva. E quando chegasse a nossa vez?
Pois bem. O tempo foi passando, e eu me propus a, na hora de desfraldar minhas meninas, agir como de costume: ouvir meu coração, seguir minha intuição e me comunicar muito com elas, prestando atenção nos sinais que elas fossem me dando.
Quando elas fizeram dois anos, começaram a se interessar pelo vaso sanitário. Começaram a perguntar porque a gente fazia xixi ali e elas na fralda, essas coisas. Então, comprei um adaptador para colocar no vaso lá de casa, apresentei o objeto para elas e tentei levá-las para fazer xixi lá algumas vezes. Não deu certo. Não sei se era algum desconforto com o redutor ou se realmente não era a hora, o fato é que elas demonstraram detestar a idéia de fazer xixi ali. Eu não forcei a barra, aposentei o tal do assento redutor, e deixei para tentar de novo mais tarde.
Quando elas estavam com 2 anos e 8 meses - e eu já tinha ouvido muitos e muitos comentários sobre como era tarde para elas ainda usarem fraldas... - , elas começaram a se mostrar incomodadas com a fralda. Pediam para tirar quando estava cheia, queriam ficar sem. Era verão, e estava bem calor. Era o sinal que eu estava esperando. Fui lá e comprei um piniquinho. Na verdade, dois. Um para cada uma, porque imaginei que para crianças que estivessem ainda aprendendo a ir ao banheiro, seria bem difícil segurar enquanto a irmã estivesse ocupando o piniquinho. Por enquanto, elas teriam cada um o seu, e esse aprendizado ficaria para mais tarde.
O piniquinho era (urgh!) cor-de-rosa, da Turma da Mônica, que elas amam, mas bem basiquinho. Não tinha música, luzes, nada desses acessórios de última geração que já vi por aí. E foi paixão à primeira vista, rs. Quando elas me viram chegar com ele em casa, fizeram a maior festa, já quiseram logo colocar os piniquinhos no banheiro, lado a lado, e 'estrear' o novo apetrecho!
Eu já tinha me preparado para um bom período de acidentes, xixis e cocôs escapando sem dar tempo de chegar ao banheiro, e tudo mais. Mas o processo foi surpreendentemente tranquilo. Tenho pra mim que foi porque eu esperei bastante, e por ter esperado, quando começamos o processo elas já estavam bem maduras e preparadas. Mas o fato é que tivemos pouquíssimos acidentes, muito poucos mesmo. Em questão de dois ou três dias, elas já estavam super adaptadas.
Claro que cada uma teve a sua forma de se adaptar a esse novo aprendizado: Ana Luz sabia exatamente quando estava com vontade, pedia para que a gente a levasse, sentava lá e fazia o que tinha que fazer. Já a Estrela se dispersava com mais facilidade, e se se empolgava com as brincadeiras, esquecia de ir ao banheiro. Por isso, no começo, eu a levava de 20 em 20 minutos. Aos poucos, fui espaçando esse tempo, dando espaço para que ela aprendesse a segurar por um período maior. E quando percebi que ela já sabia exatamente quando tinha vontade, parei de levá-la, deixando que ela mesma manifestasse que precisava ir.
Vale dizer que, ao contrário do que muita gente recomenda, eu não tirei a fralda de uma vez. Exatamente porque queria que o processo fosse tranquilo, sem neuras, sem stress e sem preocupações, no começo elas só ficavam sem fralda em casa. Para sair, fralda. Só depois de 3 meses do desfralde em casa, quando percebi que o aprendizado de ir ao banheiro já estava absolutamente tranquilo pra elas, é que comecei a levá-las para passear também sem fralda. E foi ótimo, porque fora de casa dá pra contar nos dedos os acidentes que tivemos. Mesmo assim, eu saía de casa sempre com uma troca de roupa, para qualquer eventualidade.
E a fralda da noite? Bem, essa ainda ficou por um bom tempo. Na verdade, acabamos de tirá-la, há uns dois meses. Elas tinham, portanto, 4 anos e 4 meses. Para tirar a fralda noturna, fiquei esperando que elas acordassem com a fralda seca, como já tinha ouvido algumas amigas comentarem. Mas como isso não aconteceu, e um belo dia elas mesmas vieram me dizer que queriam dormir sem fralda, só de calcinha, respeitei o tempo delas.
E mais uma vez, o processo todo está sendo bem tranquilo. A Ana Luz assimilou a mudança mais rápido, e em dois dias já ia direto, até de manhã (elas dormem uma média de 11 horas por noite), sem xixi. A Estrela está vivendo seu processo um pouco mais lento, mas mesmo assim, super tranquilo. Ela dorme por volta das oito da noite, e quando eu vou dormir, entre 23h e 0h, levo-a no banheiro. Ela acorda numa boa, vai sem reclamar, faz, e volta a dormir. E vai até de manhã sem molhar a cama. Uma vez ou outra, em geral quando está mais frio, escapa um pouquinho. Mas é exceção.
Estou bem contente de ter passado por esse processo sem desgastes, sem pressões, de forma tranquila e carinhosa. E bem sossegada para vivenciar tudo novamente, quando chegar a vez da nossa pequena Chiara sair das fraldas.
E, de tudo o que vivi e vi com minhas pimentas, acho que ficaram alguns pontos principais, que deixo como dicas pra quem estiver vivendo esse momento:
- não existe uma idade ideal para o desfralde. cada criança viverá esse momento em um tempo diferente. alguns mais cedo, outros mais tarde. algumas crianças estão prontas para sair das fraldas antes dos dois anos, outras só depois dos três. nenhum dos dois casos é um problema, e a chave de tudo é saber perceber e respeitar o tempo do seu filho. o tempo do desfralde é o dele, e não o seu;
- fazer xixi fora da fralda é aprendizado. e para qualquer aprendizado, cada criança tem seu tempo. algumas vão aprender mais rápido, outras mais devagar. algumas vão precisar de mais tutela (estar frequentemente levando ao banheiro, ou ao menos perguntando se não está com vontade, por exemplo), outras nem tanto. a melhor coisa é abrir o coração e estar atenta aos sinais que seu filhote te der, para saber como seguir em frente;
- criança nenhuma faz xixi no chão, ou nas calças, por vontade própria. acontece, faz parte do processo de aprendizado. portanto, se acontecer com seu filho, nada de gritos, broncas, brigas, castigos. converse com ele, incentive, faça-o sentir que tudo bem não conseguir de vez em quando, e que da próxima vez, você tem certeza, vai dar certo. não o culpe por algo que ele ainda está aprendendo a controlar;
- deixar a criança molhada quando faz xixi na roupa fora de casa, dar banho frio quando escapa um xixi ou cocô, fazer dormir no chão porque molhou o colchão, ou qualquer outra atitude cruel em represália ao fato de ter deixado escapar um xixi ou um cocô não é educação, não ensina nada, é desrespeito e violência. seu filho vai aprender no ritmo dele, e é preciso respeitar isso. e enquanto aprende, tudo o que ele mais precisa é de muito carinho, apoio, tranquilidade e palavras amorosas, de incentivo e encorajamento;
- a escolha entre piniquinho ou redutor de assento é bem pessoal, mas tenho visto que não são poucas as crianças que se sentem desconfortáveis com o redutor. a opinão da pediatra das meninas é que é mesmo uma questão de equilíbrio, pelo fato dos pezinhos dos pequeninos ficarem suspensos, sem apoio. nesse caso, se o redutor for a opção escolhida, vale a pena ir atrás de um apoio de madeira para os pés da criança, que a faça sentir mais segura. de qualquer forma, acho que o piniquinho é uma aposta mais segura, e a transição para o vaso (sem assento) mais tarde pode ser bem natural e tranquila (aqui em casa foi);
- tirar as fraldas no inverno me parece uma idéia ruim. afinal, fazemos mais xixi (porque transpiramos menos), e ficar molhado, mesmo que por um curto período de tempo, é bem mais desconfortável no frio. além disso, há a dificuldade 'logística' de lavar uma porção de roupas e calcinhas ou cuecas com tempo frio e chuvoso, deixar colchão secando caso aconteça algum acidente noturno... enfim. se puder, espere o verão para começar. será bem mais tranquilo;
E pra terminar, uma opinião super pessoal, sem qualquer embasamento teórico, baseada apenas na minha experiência: desfralde demorado, com muitos acidentes e escapadas, significa que a criança ainda não está pronta. Quando é o momento, o processo é rápido, e o aprendizado acontece sem mais dificuldades. Se você estiver tentando tirar a fralda do seu filhote e a dificuldade estiver sendo grande, considere com carinho a possibilidade de parar tudo por um tempo, e voltar a tentar mais tarde, quando ele estiver mais preparado.
Afinal, se pode ser feito com suavidade, amor e respeito, por que fazer de outro jeito, não é mesmo??
Imagem: http://grupo-da-terapia.blogspot.com/
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
9 comentários:
Tata,
Adorei o texto bem explicadinho e sua experiência em dobro foi muito interessante.
Aqui em casa o pinico (azul da Turma da Mônica) foi muito útil também. E o desfralde foi bem tranquilo...
Mas como você explicou muito bem cada criança e em breve teremos mais um desfralde aqui em casa...
Álias, depois que a Chiara nasceu seus textos ficaram cada vez mais doces e inspirados...hehe
Beijo!
Aqui em casa, Miguel com 2 anos, nas fe[rias de veráo, ficava sem fralda o dia todo. Quando voltamos para casa, deixava ele sem fralda e ele fazia s[o na grama (ali[as sua preferëncia at[e hoje). Ele se recusava a colocar fralda durante o dia, mesmo para sair. Comprei aquela fralda que parece uma cueca e ele aceitava, mas achava estranho eu jogar a cueca dele no lixo. rs. Quando ele entrou na escola, aprendeu a fazer xixi no vaso. O coco foi bem mais complexo. Quando ele queria fazer coco, náo adiantava peniquinho, vaso com redutor. ele pedia para colocar a fralda. At[e que come;ou a pedir para ir na privada, sem redutor e fazer lá. A fralda da noite, uma belo dia, com 2 anos e 8 meses ele me disse: mãe, vc não pecebe que não piciso? De fato todos os dias a fralda acoradava sequinha e a noite, ele acordava, tirava a fralda e jogava no lixo. Nos dias em que ele está MUITO cansado ele acaba fazendo na cama. Mas os dias sem xixi são maiores do que os com xixi na cama. rs. Concordo que cada criança tem seu tempo, para tudo, para começar a comer, andar, falar e tirar a fralda. Nada de ouvir os caga regras. A intuição é a melhor guia.
Re, minha filha querida, só posso dizer uma coisa... te amo. É uma delícia ver sua tranquilidade e acompanhar como as meninas váo crescendo com amor e sem grandes teorias, mas com amor e simplicidade.
obrigada por vocês existirem.
Mom
Tata... gostei muito do seu post!! Minha pequena tá com 8 meses... e tb tenho um super receio da 'hora desfralde'... Mas seu depoimento sobre o assunto me deixou muito mais tranquila. Sempre que resolvo ficar em silêncio e escutar a minha intuição as coisas acontecem com mais tranquilidade, mas muitas vezes isso fica bem difícil com tanta gente dando pitaco.
O negócio é fazer "cara de paisagem" (http://mamaeantenada.blogspot.com/2009/12/cara-de-paisagem.html)
vale a pena ler esse texto. ADOREI!!
Beijão.
Oi querida,
Conheci seu blog através do da Marcinha (um sorriso como seu), adorei e quero te seguir!!!
Posso???
Beijos,
Fabi da Juju
Oi.
Muito legal esse post; vc falou muito bem sobre o assunto, sobretudo no que diz respeito à maturidade da criança.
Aqui em casa a estória foi parecida: com 2 anos tentei o redutor,que não rolou;tentei o piniquinho,também não rolou...nem fiquei insitindo,simplismente dei um tempo e me fiz de surda nas inúmeras vezes que os palpiteiros de plantão ficavam dizendo "ela já está bem grandinha pra usar fraldas" ou "a filha de fulana já não usa fraldas e é mais nova"-grrrrr.
Com 2 anos e meio o piniquinho foi aceito numa boa,e em 3 dias estava totalmente adaptada,em uma semana já tirava as calacinhas sozinha,ia sozinha fazer e colocava no vaso,xixi e coco.Com 2 anos e 9 meses,do nada me pediu "mamãe,eu quero fazer meu xixi no vaso!",então coloquei com o redutor,desde então foi numa boa,tanto o xixi e coco.Permanece com fralda de noite,sem estres.
bjks
Ai Tata, perfeito! Não poderia ser melhor explicado, parabéns!!
Hj eu creio que a criança com 7 anos ainda é criança, hehe, ou seja enquanto ela for criança ainda terá desculpas para não estar preparada com relação a diversas coisas, depois já crescer mesmo e acabar pegando o ritmo deste mundo todo, vai acabar entendo tudo e seus compromissos com a vida será intermináveis, não é mesmo?! rs
bjs
Fran
meninas,
obrigada pelas palavras, pelo carinho de sempre e por dividirem tantas experiências bacanas e diversas!
Fabi, é claro que pode seguir a gente, entre, puxe uma cadeira e fique à vontade! ;-)
Fran, sabe que eu acho que o respeito pelo nosso tempo é algo importante mesmo depois que a gente cresce? E acho que evitaria muita dor, muita angústia, se a gente se respeitasse mais e se cobrasse menos. É claro que na vida adulta há momentos e momentos, e nem sempre dá pra gente seguir 100% no nosso ritmo e do nosso jeito... mas isso não significa também que a gente tem que se moldar e deixar de olhar para dentro, né?
bjos meninas!!
Oi Re! Nossa que sincronicidade ler seu texto. O Chico tá na mesma situação das suas duas quando vc tentou o desfralde pela primeira vez. O pessoal lá na escolinha sugeriu que a gente começasse, eu embarquei mas ele demonstrou claramente uma insegurança. Chegou a fazer xixi e cocô uma vez na privada (com redutor) e depois era só, "não quelo". Resolvi suspender como vc fez e decidi então deixar rolar. Vou voltar pro peniquinho que eu tinha comprado já há MUITO tempo (...o que não é a inexperiência e ansiedade de mãe de primeira viagem...) e deixar ele lá. Vamos ver o que acontece. Quando rolar volto pra contar.
Bj grande,
Cris Toledano do Chico
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