por: Kathy
Resolvi aceitar o convite da Ceila do Desabafo de Mãe e dar minha opinião sobre o "caso Uniban", um dos assuntos mais comentados da semana na internet (cliquem no link e entendam o que se passou).
É tão absurdo ver aquele bando de moleques agir de forma tão ofensiva e violenta que me deixa quase sem palavras. É tão idiota imaginar que nós mulheres continuamos sendo vistas como as "culpadas" ao sofrermos ameaças de violência sexual que eu quase não contenho a minha indignação.
Uma menina não pode usar roupas curtas, porque ela está "pedindo pra ser estuprada", então? É ela quem está errada? Não são os caras que humilharam aquela garota publicamente que estão errados?
Eu, como mãe, penso sempre na dificuldade que é educar nossas crianças nesse mundo tão machista. O preconceito de gênero, assim como alguns outros tipos de preconceito, é tão velado que a gente quase se acostuma com ele, quase convive, quase acha graça das piadinhas. É nesse quase que o perigo mora. Quando algo não nos choca mais vira comum, banal, e então acabamos adotando aquilo como normal.
Vi em alguns lugares as pessoas justificando a atitude dos caras dizendo que estavam ali no "oba oba", na brincadeira, só pra zoar e matar aula mesmo. É exatamente sobre isso que estou falando, quando uma faculdade inteira pára pra entrar no oba-oba de meia dúzia que classificou a roupa de uma colega como "inapropriada" e resolveu ofendê-la e ameaçá-la de estupro, o mundo está mesmo muito, muito errado.
Todos os dias olho pro meu pequeno e desejo que ele seja um cara legal, educado, gentil, que não seja preconceituoso, que respeite as pessoas. Penso nos exemplos que dou a ele todos os dias, nos valores que quero passar e nos que já passo. Apesar disso, dá um medo pensar que eu posso não fazer o suficiente, sabem? Um medo imenso de pensar no meu guri enfiado nesse mundo onde mulher "provoca" e homem pára de pensar e vira bicho irracional.
Enfim... Que vocês acharam dessa polêmica toda? Contem pra gente!
11 comentários:
Ai Kathy,
Esse negócio me irritou tanto...
É muita hipocrisia!
Cara, e as bancas de jornal com milhares de revistas com mulheres peladas, e o Carnaval?
Isso pode?
Usar mini-saia e amamentar em público é que virou ofensa?
Dá até arrepios!
É uma sociedade mergulhada na matrix que esbanja incoerência, machismo, sexismo...
Parece que quanto mais abrmimos os olhos, mais complicado fica aceitar certos padrões non sense sociais...
Ainda bem que podemos contar com mulheres críticas, questionadoras e que não aceitam simplesmente as coisas como são...
Beijos solidários!
Bem, vamo lá...
A roupa da menina "explica, mas não justifica".
Mas não é aí que eu quero ficar. O ponto que se impõe é: o problema foi mesmo a roupa da menina, ou ela foi um boe expiatório?
Num mundo em que a beleza muitas vezes é posta no topo da lista de prioridades, num mundo em que mulheres são precocemente erotizadas, num mundo em que muitas vezes as mães não têm oportunidade de esclarecer suas filhas no dia-a-dia, num mundo em que a bandeira do ´sexo é asteada sem uma vírgula sequer, é tão "normal" ir à faculdade com uma roupa inapropriada quanto ser ameaçada de estupro por causa disso. Simplesmente os absurdos se somam e são tomados por causa, quando são apenas efeitos das nossas atitudes, grandes e pequenas.
Eu fico me perguntando o que teria acontecido se a menina estivesse com uma roupa perfeitamente prosaica... Aonde eles iriam extravazar a falta de respeito por si mesmos e pelas escolhas dos outros. Qual seria o foco?
Eu tenho medo disso, de turbas tão facilmente inflamáveis sobre um único alvo, por coincidência (será?) um alvo fácil e frágil.
Mais que a roupa da menina, o que merece a atenção máxima é a atitude do grupo. Mas mais que criticar a atitude do grupo, penso que importa averiguar se é, mesmo, uma atitude tão isolada assim, ou se é simplesmente o leite começando a derramar da "panela das nossas escolhas".
Que medo, Kathy! Eu vivo numa bolha como a Kalu (kkkk), e só fiquei sabendo disso aqui no blog, mas estou com muito medo desse mundo! Dá vontade de se enfiar, mesmo, numa bolha e não sair mais de lá. Se a Gisele Bundchen fosse ao tapete vermelho com um vestido desses, seria glamourosa, lançaria tendências, mas a menina não pode ir. Mas tem uma coisa: os seres humanos revelam o pior de si quando estão em bando, quando estão apoiados por companheiros. Talvez por isso tenha tomado proporções gigantescas. Eu realmente pretendo criar um filho que ao se deparar com essa situação, fosse lá e estendesse a mão para ajudar a menina a sair do meio, mas infelizmente ele também sofre pressão dos pares e eu não sou a única influência em sua vida. O mundo está ao contrário e ninguém reparou!
kathy, eu fiquei muito chocada! e até escrevi no meu blog tbm. E o pior foi a maneira como a coisa foi tratada na repostagem do fantástico! Como se a meina tivesse "pedido" aquilo.
Acho um absurdo, uma falta de respeito, que reflete o velho machismo de sempre, onde nós sempre somos as culpadas. Espero sinceramente que nossos filhos façam a diferença e contribuam para mudar situações como esta.
grande abraço.
kate
Kathy,
Gostei muito do que você disse sobre sermos "culpadas" por sofrermos algum tipo de violência sexual.
Já passei por situações horríveis que eu sempre fui culpada por pai e irmãos como sendo a culpada pela roupa que vestia. Nunca compreendi essa forma de pensar, que culpa e julga as mulheres pelo modo de se vestir ao invés de culpar e julgar os que estão realmente errados.
Inclusive meu irmão comparava isso a usar um relógio de ouro pra andar pela cidade, pedindo para ser assaltada.
Me questiono se aquelas mulheres com Burca não sofrem nenhum tipo de violência sexual nas ruas do Afeganistão.
Beijo,
Katarina
Sou outra que vive numa bolha e só fiquei sabendo quando li no blog.
Rídiculo, deprimente, assustador.
Como disse a Nanda "os seres humanos revelam o pior de si quando estão em bando, quando estão apoiados por companheiros."
Conduta agregária, um faz os outros seguem... como a ovelhinha Maria que ia com as outras, sabe?!
Mas, espero de todo o coração que nossos filhos façam a diferença, que eles SEJAM a diferença. Trabalho duro e árduo, porém (felizmente) não é impossível! Vamos cair bastante, bater muito a cara, mas sempre com a certeza de estar fazendo o melhor que se pode!
Dor e reflexão, eis nosso caminho! :)
Um beijo grande
Lívia, mamãe do Uriel
É obvio que ninguem tem o direito de fzr qq coisa dessa com outra pessoa. da mesma forma que nao se deve ridicularizar meninos com "gayzinho" "burrinhos" "estranhozinho'...
Mas confesso tb nao compreender o que leva as pessoas a quererem se mostrar tanto fisicamente num mundo tao violento.
Que vazio é esse?
Ela nao estava errada em praticar sua liberdade de expressao, mas infelizmente estava equivocada ao pensar que as pessoas nao se sentiriam agredidas com isso e ate mesmo agrediriam por causa disso.
Eles estavam errados, sem duvida.
So nao entendo pq as pessoas nao se preservam mais... Nao sei o quao curtas eram as roupas dela ou qt esses rapazes deixavam suas tatuagens e musculos à mostra. Nao me interessa. Eu so nao entendo como as pessoas fazem questao que seus corpos sobressaiam às suas ideias....
Eu tb olho pro meu filho... e olho pra minha filha. desejo que ambos se preservem, guardem o que tem de mais precioso para as pessoas que realmente amarem. Que nao tenham necessidades superfluas, que lutem a cada instante por um mundo melhor.
Desejo as mesmas coisas, apesar de serem de sexos diferentes.
Afinal, o espirito nao tem sexo. nem mesmo necessita de roupas....
Bjks
Lamentável esse episódio.
O tipo de roupa agora justifica violência.
Pior de tudo foi saber que os vândalos não foram punidos.
ai ai ai...
Eu aqui do outro lado do mundo vi a cena pela internet e fiquei meio confusa...
Quem fez faculdade sabe que 'tudo' é desculpa para 'matar' aula, e eu acho que esse foi só mais um caso tipico, com um diferencial que foi a chamada à policia...
Qntas e qntas vezes não acontece esse tipo de coisa nas faculdades?
O povo brasileiro em geral, não respeita o modo do outro se vestir, seja homem, mulher ou quem for, isso é fato, ou não é?
Esse episódio tem muita coisa sem explicação, ninguem conhece a menina e nem sabe o porque tudo começou.
Na minha opinião, tem que ser muito inocente para acreditar que foi tudo 'culpa' do vestido...
Esse foi só mais um episódio sensacionalista e sem sentido da TV brasileira, porque, infelizmente, dá IBOPE.
beijo
Fiquei indignada com o que aconteceu com a moça. Não tenho outra palavra pra definir o que senti. Ah, e enojada com o comportamento dos seus colegas, bradando feito loucos palavras humilhantes pra moça. Também tenho medo desse mundo, também tenho vontade de me enfiar numa bolha. Socorro!!! =(
Coloquei minha opinião no meu blog pessoal. http://poesiasbailantes.blogspot.com/2009/11/sobre-o-caso-uniban.html
Beijos
Postar um comentário