por: Kalu
Esta frase de Caetano Veloso ilustra bem um pensamento importante que tenho em relação a qualquer tipo de crescimento. Enquanto tentamos amenizar a dor, deixamos de olhar de frente para as oportunidades de crescimento.
Já perdi as contas de quantas vezes já ouvi a frase: fiz uma cesárea porque meu filho estava em sofrimento fetal. Na hora do parto, as contrações, o esforço do bebê causam o que consideramos um sofrimento. Coração acelerado pelo esforço para deixar o útero que acolheu e hoje, como um pássaro que ensina seus filhos a voarem jogando-os do ninho, o expele para o mundo. Ao passar pelo estreito canal o cérebro é massageado, o líquido do pulmão expelido e o ventre comprimido fazendo com que o bebê libere mecônio. E o choro do ara que preenchem os pulmões faz o bebTê chorar. O choro da vida.
O choro, que tantas tentam calar, é um gesto de sobrevivência que faz com que mamãe e bebê sejam um só, um sinal de saudade do útero, de sono, de fome, de vontade de estar perto. Ao cala este choro com uma chupeta, cala-se um processo natural e necessário, como o nascer.
Chegam as doenças e febres que nos deixam de cabelo em pé, cansadas. Mas são elas que fortalecem o sistema imunológico de nossos filhos, um presente da natureza,que evitará as doenças escleróticas do fim da vida. Os tombos para engatinhar, andar, pular e tantas outras registradas no corpo e na alma.
Agora, particularmente, tenho vivido um período novo na maternidade, que é lidar com um pequeno a desenvolver suas vontades e desejos. A expressão de sua personalidade é, muitas vezes, através de birras, uma dança de "quero isso", "não quero aquilo". O que consideramos ruim, é uma linda fase de desenvolvimento da personalidade.
Quando os bebês tem um ano são uma continuidade de seus cuidadores. Com 2 anos, começam a se perceber no centro do mundo e passam a experimentar o jogo de desejos. É como se a todo momento aparecessemos como gênios da lâmpada e tentássemos realizar as vontades deles. Esta fase é importante não tentar evitar o choro, fazendo tudo o que eles querem. Um aprendizado difícil de que na vida existem limites, existe o não necessário.
Chegam os 3 anos em que eles se descobrem seres sociáveis e sentem necessidade do outro, do amiguinho.
Em cada fase o amor, o carinho e nossa presença ajudam a amenizar as dores necessárias do crescimento. Se olharms de perto, de certa forma somos crianças elaboradas. Quem não sente aquele desconforto com sono e cansado e começa a buscar motivos para discutir? As crianças fazem birras, choram para mostrar o incômodo no corpo. Quem não sente uma vontade de deitar no chão e chorar quando contrariado?
Aliás, como não possuem um requinte de fala, as crianças manifestam tudo no corpo, oras em forma de sentimentos intensos como ataques de fúria ou medo, noutras em forma daquilo que chamamos de doenças, mas que são, muitas vezes, a forma que o corpo encontra para mostrar que algo pode ser diferente em nossas vidas.
Percebi que as birras que estavam mais constantes aqui em casa eram um pedido do Miguel para que eu me reconectasse com ele. Estava em uma fase de novos projetos, sem grana e muitas vezes o tempo que passava com ele era buscando meios de distraí-lo para que eu pudesse fazer minhas coisas. Quando percebi, reconectei-me com ele e voltamos a aproveitar o tempo que passamos juntos com total sintonia.
As manifestações de desconforto diminuíram muito e aprendi uma lição importante, que há tempos minha mestra de meditação me disse: a felicidade está em estar íntegro no presente.
Como estou aqgora, aqui, a escrever este post em uma sexta de páscoa, feliz por ter um espeço para oferecer um pouco de minhas reflexões que aprendo com esta escola chamada maternidade.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
Um comentário:
Meu menino nasceu, acredito, 7 dias depois do Miguel.
Aqui em casa tb surgiram as birras ultimamente, agora mesmo fui trocar sua blusa que estava molhada e ele esta com tosse...
E aí rolou o maior berreiro...
Como vc fez Kalu?
Melhorou de vez?
De manhã o Ravi fica ótimo, mas se esta com sono, se esta na hora de ir para a escolinha, momento da birrinha...
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