por: Tata
Uma discussão velha conhecida para quem tem gêmeos (ou trigêmeos, ou quadri... rs) é: tratar como iguais ou como diferentes? Vestir com roupas iguais ou diferentes? Dar presentes iguais ou diferentes? E a discussão vai longe...
Eu, como mãe de gêmeas beirando quatro deliciosos aninhos, posso falar um pouco minha experiência.
Pra mim, a gravidez gemelar foi uma surpresa absoluta, já que não tínhamos histórico de gravidezes gemelares na família, nem meu marido, nem eu. E confesso que não parei muito para teorizar a respeito. Não li livros sobre criar filhos múltiplos, sobre a importância de fazer assim ou agir assado. Pra mim, eu estava trazendo ao mundo duas crianças diferentes. Elas apenas chegariam juntas.
Essa idéia permeou nossas atitudes com as meninas desde o comecinho. Roupinhas iguais, por exemplo, nem pensar. O máximo que fazíamos era comprar roupinhas parecidas de cores diferentes. Isso, quando não eram roupas totalmente diferentes uma da outra, mesmo.
Com presentes, lembrancinhas e brinquedos, a mesma coisa. Nunca compramos nada de dois, nada igual. Até mesmo por uma questão prática: seria muito mais bacana, e elas aproveitariam muito mais, se tivessem dois brinquedos diferentes, ou no máximo complementares, para brincar cada uma de uma vez, do que ter cada brinquedo disponível em dose dupla, apenas para que 'cada uma tivesse o seu'. Aliás, aqui em casa, tudo sempre foi das duas. E elas foram aprendendo a conviver assim, dividindo tudo.
Não vou dizer que não rola um conflitozinho aqui e ali, uma disputazinha por um brinquedo de vez em quando, mas acho que isso é a coisa mais normal do mundo. É coisa de irmão, gêmeo ou não. Disputar faz parte do crescimento, do desenvolvimento. É como a gente vai aprendendo a "demarcar nosso território", aprendizado importantíssimo para o ser humano.
Ao longo do tempo, com as meninas crescendo, a personalidade de cada uma ganhando contornos mais definidos, a individualidade foi se firmando de forma cada vez mais inquestionável. Elas são parecidas em algumas coisas, mas no geral, são muito diferentes. Sentem as coisas de forma diferente, encaram as situações cada uma a seu modo, tem seus jeitinhos particulares de agir, de se expressar, de se desenvolver. Cada um com seu cada um, como se diz por aí.
E fico contente de nunca ter forçado uma semelhança, de nunca ter colocado sobre elas as expectativas de que fossem "uma dupla". Elas são elas. Juntas às vezes, outras vezes separadas.
É claro que um irmão gêmeo é uma companhia incomparável, que eu, que não vivi essa experiência, só posso mesmo imaginar. Acredito mesmo que a ligação que elas terão entre si é algo fortíssimo, e pra vida toda. Mas o espaço para que cada uma seja o que é, independente da irmã, está preservado. E isso é importantíssimo.
Afinal, seja irmão gêmeo, mais velho, mais novo, filho único ou seja lá o que for, o bacana mesmo é a gente ser reconhecido e respeitado naquilo que é. Do nosso jeitinho, com defeitos e qualidades. Nem melhor, nem pior do que ninguém. Apenas diferente. Apenas assim, único, especial, e incomparável.
Imagem: www.gettyimages.com.br
Um comentário:
Uma duvida que é quase uma curiosidade: elas têm roupinhas separadas, digo, de cada uma, ou roupas em comum que elas ou você escolhem na hora de usar? rs...
beijocas
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