
por: Kathy
Quando meu filho era recém nascido eu tinha uma sensação constante de que nada do que eu fazia parecia certo aos olhos das outras pessoas. Por acaso vocês já tiveram sensação parecida?
Não importava o que você fizesse com relação ao seu bebê, sempre havia alguém (mãe, sogra, prima, amiga, vizinha, conhecida, ou até mesmo uma mais completa desconhecida) que logo vinha com um palpite, dica ou conselho de como fazer diferente e, claro, muito melhor do que você?
Acho muito difícil não ter passado por isso... Todo mundo passa! E como é complicado! E quanto mais próxima a pessoa, mais difícil de discordar, de recusar, de colocar limites. Como fazer isso, aliás, de forma delicada, sem magoar alguém que, no fundo, tem com boas intenções e está tentando ajudar, mesmo sem sequer imaginar que está é atrapalhando?
Acho que a principal dica é o popular "alienator", um acessório fictício inventado em uma das listas de discussão da qual participo e que vou tomar a liberdade de divulgar aqui. O alienator consiste num filtro de bobagens imaginário que acoplamos milagrosamente em nossos ouvidos. Esse acessório incrível nos ajuda a ouvir todo e qualquer palpite bobo com atenção e um sorriso no rosto filtrando toda e qualquer espécie de bobagens e guardando para nós apenas o que realmente vale a pena, se é que algo vale a pena, claro! É tão útil que deveria constar em toda e qualquer lista de chá de bebê!
Outra dica preciosa é evitar certos assuntos polêmicos. Se você sabe que a sua vizinha acha que amamentação exclusiva é uma bobagem e tem certeza que ela não está interessada em ouvir qualquer tipo de argumento sobre esse tema, e ainda vai ficar questionando os seus próprios argumentos, não caia na besteira de começar esse assunto com ela. Se ela insistir, sorria e mude de assunto. Simples assim. Eu sempre fui muito bocuda e já tive vários arranca-rabos completamente desnecessários. Aprendi, portanto, na marra. Evitar as chamadas "batalhas perdidas" poupa nossos esforços, nossos argumentos, preserva relacionamentos e ainda evita estresses desnecessários com as pessoas.
Claro, também acho que vale a pena sentir a motivação do seu "conselheiro". Algumas pessoas repassam informações ultrapassadas não por maldade ou para tripudiar e questionar seus brios de mamífera, mas apenas porque aprenderam assim. Em certos casos vale a pena sim ensinar o correto, ou explicar porque tal coisa já não se faz mais, por exemplo. Mas acho que só vale a pena fazer isso quando sentimos ou sabemos da receptividade da pessoa com quem estamos falando. Como diz aquele velho ditado popular: não dá pra gastar vela boa com defunto ruim, certo? Cada caso é um caso...
Lá vai uma saída polêmica: aprenda a ceder. É sério! Muitas vezes certas coisas podem ser, digamos, negociadas. É claro que não pode ser nada que vá completamente ao contrário de tudo aquilo o que você pensa e deseja pra seu filho, ou mesmo algo que prejudique a criança. Se, por exemplo, a sua mãe acha que seria uma boa colocar a blusa de manga comprida no bebê ao invés da blusa de manga curta porque ela acha que o tempo deve mudar logo, não compre uma briga reivindicando seus direitos de mãe e se ofendendo porque ela parece insinuar que você não está agasalhando a criança direito. Que tal colocar a blusa? Vai deixara vovó feliz, não vai fazer mal nenhum e você ainda evitou uma briga boba.
Meu último conselho (e olha que ninguém pediu, héim? :o) é extremamente pró-mamíferas: procure a sua turma! Estar com quem pensa parecido é um alento. Além de se informar e se embasar cada vez mais, você se sente compreendida e, pense bem, quanto mais amigas mamíferas você tiver, menores são as chances de entrar em um embate com a mãe de um amiguinho do seu filho em pleno buffet infantil porque você não quer que seu filho abuse dos doces e refrigerantes. E pra onde vai a cara da sogra que vive dizendo que colocar o nenê naquele saco de pano destrói a coluna do pequeno quando ela chega na sua casa e dá de cara com quinze mães e bebês "ensacados" e felizes, héim? pro chão, provavelmente...
8 comentários:
Hahaha! Adorei a parte da sogra.
A minha, esse fim de semana, ficou reclamando do sling. Me diz de surda, muda e doida!
E sempre tem uma criatura pra palpitar que eu nunca vi na vida.
Mas ainda preciso me controlar pra não discutir com os palpiteiros mais próximos.
Ai, Kathy, parece que você escreveu pra mim!
Desde que a Lê nasceu, foi uma "palpitação" que só: "ah, se eu fosse vc, fazia uma mamadeira pro Luis dar a noite, pra vc dormir"; "coloca sapato nela, pra formar o pezinho"; "não deixa ela chupeitar, vai ficar com a boca deformada e ela vai ficar mimada, não vai te deixar em paz: coloca chupeta logo"; "o que? ela anda nesse saco? coitadinha, vai quebrar as costas, que horror de mãe"; "precisa desmamar com 4 meses, seu peito vai cair" e a lista continua...
Quanto à parte de procurar sua turma: felizmente encontrei uma mamífera (não está em lista nenhuma) e ela nem sabe que é uma: super amiga, trocamos muitas ideias. Além dela, existem as outras mamiferas que conheço virtualmente, que não me deixam me sentir sozinha em um mundo totalmente Matrix.
Obrigada por esse lindo blog, de utilidade pública!
Pensava demais nisso esses dias...
Junto com o "alienator" no ON, eu visto a minha "cara de paisagem"...rsrs
Para algumas pessoas converso, explico, para outras, desisti de comprar briga...eu não sou das mais diplomáticas, tenho fama de chata e diferente na família...kkk
Encontrar as mamíferas e maternas é um oásis no meio dessa matrix enlouquecida...
O texto está ótimo!
Beijos,
Nossa, eu tô tão perdida, tão ET no meio de antigos amigos, tão perdida no meio de médicos intervencionistas, com Dandara doente "tendo" que medicar, ficando tempo demais na escola... Tõ me sacudindo, e depois desse terremoto, tenho certeza que a bonança virá, e tudo mais forte, mas empoderado, mais vivo e cheiod e amor!
Obrigada pelo lindo texto!
Adorei o post!
E acho que é isso mesmo, tem que usar o tal do "alientor"!
Moramos fora do Brasil e sentimos muita saudade da nossa familia que amamos tanto. Mas não vamos negar que o lado bom é que temos pouca interferencia dos palpites alheios.Temos mais liberdade para agirmos de acordo com as nossas convicções.
Um dia desses conversamos com o pessoal daí, no maior entusiasmo, que a maternidade onde terei a nossa filha insentiva a mãe finalizar o parto. Depois que sai a cabeça e o ombro, a mãe pode pegar o bebê e trazer para junto de si! Adoramos, amamos a idéia e queremos fazer isso. Levamos um balde de água fria quando resposta foi "ahhh mas vcs nem sabem como é que se desenrola um parto, a mãe esta cansada e vai ter mais esta preocupação!!?".... Alienator ligado, trocamos de assunto!
Boa dica!
Beijos imensos!!
tinha que tocar na parte da sogra né? ehehhehehe!!
pois bem, eu sempre usei o alienator e nem sabia! será q vou ter q pagar royalties?
amei esse blog! sou uma mamãe em potencial (planejando e sonhando com o momento de engravidar) mas desde já estou procurando minha turma, exatamente pra evitar algumas confusões desnecessárias.
me identifiquei muito com o blog, acho que ele fará parte da minha turma tb, daqui pra frente.
beijinhos a todas!
luíza
Oi Kathy!
Muito bom o texto!!!
Sempre tem os palpiteiros de plantão que nos enchem de tagarelices desnecessárias... mas paciência, às vezes a gente nem percebe e tá dando dicas ou conselhos (não pedidos) a outras mães de bebês mais novos ou futuras mamães. É assim que a vida segue...
Realmente temos que usar o tal alienator sempre ligado, aliás muito útil e criativo é bom patentear... heuheuehue... mas temos que dar um pouquinho o braço a torcer, se uma amiga nunca tivesse me falado como é legal usar sling (por exemplo) eu nunca teria nem sabido da existência dele. FILTRAR é a palavra, é a grande lei!!! :D
Beijinhos
Lívia, mamãe do Uriel (11 meses)
Simpleste amei esse post. Tuda a ver comigo, que também já não aguente os inúmeros palpites. É difícil se fingir de surda sempre, mas fazer o quê?!!
Kathy eu gostaria de saber que lista de discussão é essa que você participa. Como sou mãe de primeira viagem me interesso por tudo!!
Stephanie Gomes
Postar um comentário