
por: Kalu
Quando engravidei achava que lugar de nascer era em hospital. Afinal, ainda tinha aquela idéia de que parto era coisa perigosa e que precisaria dos recursos médicos e dos super heróis para salvar meu filho da vagina assassina...rs
Depois descobri que o parto era um ato fisiológico e sagrado, de tamanhha importância para uma mulher que uma idosa pode não saber o nome de seus neto, mas se lembrará com detalhes do nascimento de cada filho.
O passo seguinte foi saber como poderia ter um parto hospitalar dentro das diretrizes da humanização: sem episiotomia, sem raspagem de pêlos, sem ocitocina (sorinho), sem anestesia, ter o direito de caminhar e comer durante o parto, parir na posição que meu corpo quisesse, ao som da música que escolhesse. Descobri que teria que dar um chute no meu obstetra, contratar um humanizado (fora do plano).
Ah, eu não queria que meu filho fosse separado de mim um segundo sequer. Não queria que pingassem colírio, dessem injeção de vitamina K ou qualquer coisa. Gostaria que o cordão fosse cortado pelo pai, depois que parasse de pulsar. Então, soube que teria que contratar também um neonatologista humanizado e uma doula, para garantir que minhas vontades fossem cumpridas e me ajudar a ter forças, além de auxiliar no alívio das dores.
Sendo assim os anos e anos que paguei de plano de saúde de nada serviriam porque teria que pagar tudo por fora. Foi quando descobri que havia um hospital público em Belo Horizonte chamado Sofia Feldman, que tem uma linda Casa de Parto e um hospital dentro de diretrizes da humanização. Fui conhecer as enfermeiras que lá trabalhavam. Elas me disseram:
- Você é uma gestante de baixo risco (bebê cefálico, tamanho normal, sem pressão alta, diabetes). Possui muito conhecimento, não deseja recorrer a analgesia. Por que não em casa?
Eu nunca tinha pensado nisso. Nossa, um parto como aqueles do livro Parto Ativo! Elas me explicaram que era importante ter um plno B e um plano C. No nosso caso o plano A era ter um parto em casa, com a presença de 2 enfermeiras. O plano B era seguir para o Hospital Sofia Feldman, que fica bastante afastado de minha casa (45 minutos), no caso de uma complicação como sangramento, queda de batimentos do bebê ou estagnação do Trabalho de Parto. A opção C era seguir para um hospital ao lado de casa (15 minutos) no caso de uma emergência. Haveria uma ambulância de sobreaviso.
Então, o Parto Domiciliar era a opção no caso de TUDO andar dentro da normalidade. Fiquei na dúvida se gostaria de ter ou não uma Doula. Achei que 3 mulheres durante meu parto seria demais. Decidido isso tive que comprar: um plaático e alcool absoluto. Só!
Precisaria de toalhas (as minhas), lençóis (os meus). O resto as enfermeiras trariam. Além de tesoura, agulha e linha para caso de suturas, um balão de oxigênio. Uma perinha para sucção da boca e nariz do bebê.
Nos concentramos em pensar na música do parto, no local do parto, que a príncípio seria em nossa banheira.
No fim quase tive um parto sem assistência. Apenas uma enfermeira chegou a tempo de segurar o bebê já coroado. Não consegui encher a banheira, mas hoje sei que a água deve ser usada para alívio da dor e não necessariamente ser o meio do parto. A música que escolhi meu marido lembrou de ligar. O cordão foi cortado depois que parou de pulsar, pelo pai. E todos os meus desejos realizados.
No Parto Dominiliar assumimos todas as responsabilidades por nossoas escolhas e é uma delícia depois de parir comer daquela comida com seu tempero, deitar na sua cama, ao lado de quem você ama e daquele pequeno ser, perfeito e cheio de saúde. Em casa podemos sentir todas as sensações intensas do parto, sabendo que não dá para voltar atrás. É abençoado, absolutamente sexual, privado e idiossincrático.
E você, optaria por uma parto domiciliar? Por que?
8 comentários:
Optei por parto domiciliar porque queria que o meu pequeno nascesse sem nenhuma intervenção desnecessária, eu sabia que precisaria de liberdade de movimento, de poder estar sentada, de pé, de cócoras ou deitada, como me sentisse melhor, queria meu marido do meu lado todo o tempo (ou não), queria poder gritar, falar o que sentia (ou não). Queria amamentar logo depois do nascimento, sem mamadeiras piratas pelo meio... Queria principalmente que respeitassem o meu tempo e o tempo dele de nascer.
E foi sem duvida a escolha mais acertada da minha vida.
Flavia
Kalu , adorei sua matéria parabéns você está cada dia melhor
Beijos
Helo
Kalu, achei lindo o seu relato. Admiro muito mulheres que têm a coragem e optam pelo parto domiciliar. Acho que é preciso ter segurança no próprio corpo, confirar que a natureza vai seguir o curso correto. Eu não tenho essa coragem. Meu parto foi normal, no hospital, sem epiosotomia, com música, mas com anestesia. EU precisei desses recursos para tentar contornar a ansiedade da chegada do meu filho. Eu respeito qualquer que seja apção do parto (embora eu admita que haja uma certa banalização da cesária no Brasil). O mais importante é que os bebezinhos sejam muito bem cuidados e amados, né? Beijo e parabéns pelo seu lindo parto!
Oi Márcia,
Você tocou em um ponto fundamental: local de parir é naquele que a mulher se sinta segura! Mas faço meu papel de formiguinha para mostrar que Parto Domiciliar não é um bicho de 7 cabeças, uma opção igualmente segura para gestantes de baixo risco.
Eu queria muito um parto domiciliar! Aliás, queria não, quero! Ou na casa de parto...
Vamos ver, vamos ver...
Beijos!
Não vejo a hora de vivenciar esta experiência. Estou trabalhando muito para isso!!
Adorei seu relato!!
Bjks
Mayra e Perolas da Manu, espero que vcs possam viver esta experiência!!!! Beijos
Acabo de conhecer o blog e estou apaixonada!
Eu parí a tres meses minha filha em nossa casa,e me sinto muito realizada por ter conseguido encontrar os caminhos que me levaram a tomar essa decisão.Que não foi facil, claro.Porque alem de vc se apoderar da vontade vc ainda tem que convencer o marido.Que foi meu caso, e ate que foi facil avaliando que seu primeiro filho, que hoje tem 12 anos, nasceu de parto normal hospitalar com todas as intervenções e a Forcepes.Ate que ele foi rapido ao entender que seria melhor para mim e para nossa filha,porque eu queria muito ter essa experiencia linda e estava totalmente empoderada da minha natureza de parir.
Aos 5 meses mudei de medico e fui me alimentar de informações ate chegar aqui NATURALMENTE!
O universo conspira a favor, acredito.
A Eva nasceu na agua, e foi um trabalho de parto de 7 horas, rapido e lindo.No dia anterior eu nadei 1500 mtos,andei 2klm e sentei na bola por 30 min e ela nasceu na manha seguinte ,forte e cheia de fome,hahahaha.hoje , passado 3 meses, continuo deixando as coisas rolarem naturalmente.Ela é um bebe de colo,mama livre demanda e cresce feliz.E eu mais feliz ainda por ter tido a vontade de ser mãe e de ela ter me escolhido, e a vida , Deus ,ter nos dado o livre arbitrio de escolher os nossos caminhos.
bjs mil e amei o blog e amo todas as Mamiferas!!!
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