por: Kalu
Se eu tivesse conhecido antes estas mulheres loucas que fazem parte desse mundo mamífero,não teria comprado aquela banheira que nunca usei, kits de mamadeiras e chupetas (sim, eu comprei porque ainda adormecia), aquele carrinho para recém nascido, a poltrona de amamentação.
Todas essas coisas eu não usei porque despertei para a real necessidade de um recém-nascido: colo e peito. A sorte é que ganhei um lindo sling que foi meu terceiro braço para estar com minha cria dia e noite. Demorei alguns meses para descobrir que podia dar de mamar deitada e dormir junto com meu filho. Quando descobri a dor de ouvido é causada apenas em bebês que mamam mamadeira deitados, relaxei. Que delicícia adormecer com aquele ser segurando meu peito e mamando a força da vida. Que sabor inesquecível camminhar com ele pendurado no corpo, fazendo lembrar o tempo da barriga.
Aliás, o dia que fui conhcer um hospital desses de São Paulo para ver em qual teria meu filho, assustei-me: a senhora pode escolher pelo teste do pezinho ampliado, temos fotógrafos e cinegrafistas para filmar seu parto que será exibido em tempo real na sala de espera, enquanto sua família degusta de um delicioso coquetel. Você terá um blog com as fotos do seu bebê para as pessoas deixarem recado. Aqui na lojinha você pode fazer chaveiros, imãs de geladeira, copos como lembrança para as visitas... Ah, e claro, o serviço de coleta do líquido do cordão, porque precisa ser agendado ou seja: cesárea.... Meu Deus! Puro consumismo! E a hora do parto? E o ambiente? A privacidade. Por isso também corri para casa....
Se hoje fosse fazer uma lista de enxoval pediria um cortador de unha, um sling, um balde, fraldas de pano para enrrolar o bebê, uma manta de algodão e bodys para calor e frio. Só! Nada de hipoglós, lenços umidecidos que foram trocados por gase com chá de camomila.
Meu filho nunca usou aquelas roupas de jeans, cheias de panos duros. Sapato, só quando começou a engatinhar, para ter firmeza para manter-se de pé sem escorregar. E 2, uma para ficar em casa e outro para sair. Aliás, hoje ele fica sem roupa quando está calor, com roupas velhas e simples nos outros dias. Nosso gasto real com ele é pouco: ele toma leite do peito, come frutas e a nossa comida. Nada de danoninhos, biscoitos recheados.
E brinquedos? Poucos, escolhidos a dedo e em grande parte recebido de presente. Eu sei que ele ama mesmo é um baldinho e uma pazinha para brincar na areaia do quintal, correr com o cachorro, brincar de mangueira, jogar pedrinhas, passear na rua para procurar dentes de leão.
Os livrinhos que tanto gosta, ele ganhou do tio que trabalha em livraria. As músicas preferidas, são os mantras e música clássica que ouvimos em casa.
Vacinas, só as do calendário, dadas em posto de saúde que me arrependo de ter dado porque ainda não tinha me empoderado para esse assunto. Nada de vitaminas ou remédios alopáticos.
A maternidade tornou minha vida mais simples : as roupas elegantes substituídas por confortáveis para acompanhar os movimentos de meu pequeno atleta, os sapatos de salto por pés no chão.
O trabalho na rua, substituído por uma rotina em casa em que na parte da manhã fico com ele e a tarde, trabalho. Mas confesso que vou sempre lá na sala dar um cheiro naquele cangote gostoso.
As festas sempre simples e pensando nele e não na família, amigos etc... Os passeios gratuitos: cachoeiras, praias e parques (paquinho, como ele diz). E no fim o preço de um filho é mais lucrativo do que algum dia poderia imaginar: não tem preço aquele olhar apaixonado, aquele beijo espontâneo, aquele sorriso rasgado, o sabor de cada conquista registrada, do laço que fortalece nossa ligação mediada com tempo e sentimento. Coisas que só nós, mães mamiféras, sabemos quanto vale...
Um comentário:
Adorei!!!
Ficou lindo e emocionantre
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