por: Tata
Lá se foi, uma semana de adaptação das meninas na escolinha. Eu tinha que vir aqui contar como foi, né?
Bem, pra elas foi bem tranquilo. A filosofia da escola é bem respeitosa com o tempo dos pequenos, não força a barra pra nada, dá tempo ao tempo e leva tudo numa boa. Além disso, a adaptação é totalmente livre e aberta, ou seja, não há regras ou períodos pré-determinados. A mãe/pai, ou seja lá quem for que estiver acompanhando a adaptação da criança, fica lá o tempo que puder e/ou quiser, e tudo vai sendo conversado com os professores e coordenadores. Todo mundo observando o tempo da criança, suas reações, como ela se comporta, suas necessidades e dificuldades, tudo com muita sensibilidade.
As meninas ficam 5 horas diárias. Nessa primeira semana, eu fiz assim: no primeiro dia, saí apenas uns quarenta minutos, na hora do almoço delas, para almoçar também. Saí porque elas estava super bem, curtindo, seguras. Fui observando o comportamento dela, e pautando minhas atitudes por essa observação. No segundo dia, saí pra almoçar e fiquei uma hora fora. Tudo tranquilo. No terceiro dia, novamente saída pro almoço, dessa vez de uma hora e meia. Beleza. No quarto dia, deixei elas de manhã e fiquei mais uma meia hora, depois saí pra ir ao banco e resolver uns probleminhas, ficando ao todo umas duas horas fora. Aceitaram super bem. No quinto e último dia da semana, deixei elas de manhã e já saí em seguida, voltando só depois do almoço, totalizando umas três horas fora. E assim vamos indo, passinho por passinho, sem ansiedade, com muito cuidado e carinho. Tem sido bacana, elas estão aprendendo pouco a pouco a existir nesse novo espaço, criando vínculos com novos cuidadores, acostumando com os amiguinhos. Têm curtido todas as atividades, e saem de lá à tarde perguntando se falta muito pra voltar. Acho que é um bom sinal, não?
Sei que nem toda mãe tem disponibilidade para ficar tanto tempo por conta da adaptação do filhote. Muitas têm compromissos que não podem adiar ou adaptar, e aí, cada uma faz o que é possível, o melhor dentro do que se acredita. Mas eu não saberia fazer diferente. Desde que decidimos colocar as meninas na escolinha, me programei para ter esse tempo dedicado a elas, a observar e respeitar o tempo delas, e a fazer tudo sem pressa, sem pressão.
Acho importante lembrar que, em todas as minhas "saídas", eu fui até as duas, e comuniquei que ia sair, perguntei se tudo bem, expliquei que horas voltaria, fiz um "combinado" compreendido e aceito pelas duas. Acho isso bem fundamental, para que a criança não se sinta 'abandonada', nem enganada, quando a mãe/pai some sem aviso, e ela se vê de repente sozinha, sem referências. Mesmo que se precise logo de cara deixar a criança na escolinha e ficar horas fora, parece-me essencial explicar isso à criança, conversar tudo bem conversadinho, e dar um tempinho para que ela elabore a questão. Atropelar as coisas, ou fazer tudo à revelia da criança, acaba criando uma situação assustadora e traumática, onde a criança desconhece o que está sendo feito, os porquês, e o que vai acontecer dali por diante.
Ouvi muita gente dizendo que eu tinha que "deixá-las se virar", não ficar tanto tempo junto, que mesmo que elas estranhassem no início iam acabar se acostumando, e que é uma transição dolorosa, mas necessária. Discordo. Não acho que essa transição tenha que ser dolorosa. Acho que é uma fase delicada, difícil em muitos aspectos, mas não precisa necessariamente ser sofrida. Com respeito e tranquilidade, acho que a gente consegue ajudar os pequenos a dar esses novos passinhos com mais alegria e segurança. E se pode ser feito com um sorriso no rosto e brilho nos olhos, quer coisa melhor?
Eu não forço a barra mesmo, a rotina toda na escolinha é bem livre, as crianças têm livre circulação o tempo todo, e quando estou lá, se entre uma atividade e outra elas vêm se aconchegar comigo, eu respeito, não afasto, dou o colo que elas estão precisando, e isso basta pra elas. Elas logo abrem um sorrisão e dizem empolgadas: 'agora eu vou desenhar!', ou 'agora eu vou dançar!', e saem correndo, satisfeitas. Acho que essa segurança é fundamental pra elas, e a mensagem que fica é a de que elas não precisam fazer nada, se não se sentirem preparadas para isso.
Quando vejo minhas pimentas comentando com o pai, à noite, empolgadíssimas, que fizeram isso, aprenderam aquilo, que a professora disse x ou y, que amanhã vão fazer assim e assado, e vejo o quão rica e saborosa a nova experiência está sendo para elas, não tenho dúvidas de que estou indo pelo caminho certo. Não o caminho absoluto, porque cada um sabe para onde devem guiar seus passos, mas o nosso caminho. Aquele que faz sentido para a nossa família. Aquele que faz a gente mais feliz.
Imagem: www.gettyimages.com.br
3 comentários:
Ai Tata! Que legal vc estar acompanhando tão de perto a adaptação das meninas!
Eu tô aqui, angustiada porque devia estar feliz por um trabalho que eu estava precisando, 2 vezes por semana, mas não consigo me ver dois dias inteiros longe da minha pitoca, e é literalmente longe, longe mesmo!
Enfim, to na esperança que até o último minuto do 2o tempo, algo aconteça pra amenizar a situação.
Bj,
Tati.
Tati, os primeiros momentos de separação são sempre difíceis, né? A Nina vai ficar com quem? Alguém com quem ela já está acostumada? Eu comecei a sair e ficar um pouco longe quando as meninas tinham uns nove meses, que foi quando voltei pra faculdade. Foi duro no começo, mas como elas ficavam com alguém que já conheciam, de quem gostavam e em quem tinham total confiança, acho que foi mais difícil pra mim do que pra elas... você vai deixá-la com alguém com quem ela já está acostumada?
Oi Tata! Que bacana está sendo essa experiência com vocês! Estou vivenciando uma fase parecida, mas em tempos diferentes, pois meu pequeno tem apenas 10 meses... pretendo falar disso no meu blog por esses dias.
Passei aqui pra dizer mais uma vez que sou fâzona do blog, e indiquei vocês para um prêmio/selinho (que talvez seja o enésimo que vocês ganham, mas como é meu blog preferido, indiquei mesmo assim). Tá lá no blog: www.aprendiz-de-mae.blogspot.com.
beijo
thaís
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