por: Kalu
Outro dia recebi este vídeo que mostra uma técnica para "alfabetizar" bebês muito pequenos. Fiquei bastante chocada, porque, aparentemente o que é reconhecido como algo positivo, a meu ver, desrespeita o ritmo natural do desenvolvimento de uma criança.
Até bem pouco tempo atrás crianças eram alfabetizadas apenas com 7 anos de idade. Hoje as escolas iniciam com 4 ou 5 anos o reconhecimento das letras e a escrita do próprio nome. Assim como em algumas escolas, já no ensino fundamental, existem divisões de matérias e professores, semana de provas que fazem com que as crianças fiquem estressadas e infelizes. Segundo a antroposofia antes do 7 anos um indivíduo pode até possuir maturidade mental para a alfabetização, mas não tem um amadurecimento psicológico e emocional.
Eu vejo aqui uma questão bastante relevante: há correntes que pregam a independência precoce, o estímulo excessivo ao desenvolvimento do chamado QI, mas deixam de lado um fator fudamental: o tal quociente emocional.
Minha opinião é clara desde que meu filho nasceu: não estou aqui para moldá-lo, mas sobretudo para que seja feliz. Por isso nunca instituí horários rígidos, tempos de mamadas ou rotinas de adultos. Ele sempre foi respeitado em seus ritmos e constantes mudanças de horários. Naturalmente encontrou aquela rotina mais adequada. O mesmo vale para o desenvolvimento de suas habilidades como engatinhar, andar, falar, ganho de peso.
Meu filho falou apenas com quase 2 anos, mas fazia-se compreender com gestos. Ele foi respeitado em seu tempo e hoje fala com desenvoltura. Cada criança é um universo infinito e particular. Qualquer método que ignore isso, para mim, coloca aquele ser dentro de uma fôrma para atender expectativas exteriores.
Eu acho que é que vale uma reflexão quanto estímulo artificial para inteligência dos bebês: o que esperamos com isso e para quê? Essa atitude está inserida em um modelo antigo que acham que apenas pessoas inteligentes são bem-sucedidas. O que faço é estimular naturalmente a inteligência emocional dos meu filho:
- Não deixo chorando
- Não nego colo, amor, carinho
- Ofereço espaço para brincar, sem atividades programadas
- Estou presente o máximo possível
- Ouço boa música e coloco-o em contato com instrumentos musicais
- Não deixo chorando
- Não nego colo, amor, carinho
- Ofereço espaço para brincar, sem atividades programadas
- Estou presente o máximo possível
- Ouço boa música e coloco-o em contato com instrumentos musicais
- Cultivo o silêncio e o convido a ouvir os sons da natureza
- Respeito suas etapas
- Apresento uma rotina, mas com flexibilidade.
- Apresento uma rotina, mas com flexibilidade.
- Apresento-o para as coisas do mundo sem expectativa de acerto ou erro.
Aqui em casa, pela manhã, fico com ele. Um dia empinamos pipa, no outro brincamos de mangueira, vamos ao rio e jogamos pedras, fazemos bolo na areia, modelamos pães ou biscoitos, pintamos. Nada programado: surge a idéia e brincamos juntos, sem expectativa de resultado, apenas pela alegria de estar juntos. Em cada uma destas brincadeiras há infinitos aprendizados.
Aqui em casa, pela manhã, fico com ele. Um dia empinamos pipa, no outro brincamos de mangueira, vamos ao rio e jogamos pedras, fazemos bolo na areia, modelamos pães ou biscoitos, pintamos. Nada programado: surge a idéia e brincamos juntos, sem expectativa de resultado, apenas pela alegria de estar juntos. Em cada uma destas brincadeiras há infinitos aprendizados.
Penso que nos primeiros anos devemos nos concentrar mais na presença de qualidade, no alimento em forma de amor, nas brincadeiras conjuntas, nos abraços e beijos, nas histórias, nos elogios, nos exemplos.
Na minha opinião não quero que meu filho seja o mais inteligente, habilidoso, esperto. Espero que ele seja feliz e para isso suas qualidades e dificuldades devem ser respeitadas. Sendo uma criança feliz ele saberá encontrar o que precisa sem tentar preencher uma lacuna das necessidades dos outros em relação a ele. E qualquer escolha que ele fizer, estarei assistindo, sem expectativa, com os olhos cheios de amor como da primeira vez que o vi.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
7 comentários:
Olá
Bonito blog, com uns textos maravilhosos, parabéns!
Voltarei mais vezes.
Um abraço desde Portugal
Também acredito que cada pessoa tem seu ritmo para aprender coisas simples como sorrir quando fazem graça ou coisas mais complexas como falar uma outra língua. Mas acho que podemos apresentar para nossos filhos todas as possibilidades e deixar que façam as escolhas deles. E se crianças estão aprendendo a ler com 4 anos é porque possuem capacidade para tal e como estou conhecendo crianças mais de perto agora que sou mãe, aprendi que se elas não querem, não irão fazer!
Bjs para todas
Lindo texto!
Cumprida, se me permite entrar nessa discussão, o próprio conceito de 'inteligência' é mais amplo do que decorar símbolos.
Sempre achei você, por exemplo, muito mais inteligente do que eu, embora eu tivesse mais habilidade com coisas práticas, números, noção aeroespacial.
Quem garante que o 'primeiro da classe' é sempre a criança mais inteligente?
Hoje penso que criatividade, pensar diferente, questionar e não aceitar as coisas passivamente são características de pessoas muito mais capazes e que invariavelmente alcançam voos mais altos na vida.
Gostei do vosso blog.
Portugal
Kalu, sempre leio os posts de vcs e vc parece sempre engessada na idéia de ser o contrário daquilo que a sociedade chama "normal". Pra mim, isso é o contraponto dessa massificação. É a mesma coisa, só que ao contrário. Vc percebe que, com seu posicionamento, já escolheu um tipo de inteligência pra estimular? Vc mesma diz isso no texto. Acho q a liberdade q vc prega deve ser de verdade, livre mesmo. Se minha filha de um ano e meio tem loucura por livros, essa foi opção dela, entende? Eles são muito inteligentes pra ir apenas "na onda" de quem estimula... Ideal é não se rotular "antroposofica" ou "sócio-interacionista" etc... ser livre é ser livre... Mesmo com esse toque, continuo admirando mt o jeito como cria seu pitico...
Obrigada pela dica, de coração. Na verdade minha maneira de criar meu filho é intuitiva. Citei a antroposofia porque ela se opõe a alfabetização precoce. Se sua filha adora livros, como meu filho, ótimo. Acho que não devemos privá-los do desenvolvimento. Essa é a verdadeira liberdade. O que questiono são métodos como esse do vídeo ou a obrigatoriedade de estar alfabetizado antes dos 7 anos. Apesar de parecer engessada nas minhas idéias, eu me sinto muito livre para fazer ajustes que meu filho solicita. desde que ele nasceu, faço isso. Até me acho flexível. Eu tinha a idéia de não dar doce para meu filho até 3 anos. Incoerente, uma vez que adoro um chocolate. Quando eu como, dou para ele. Não privo, não estimulo. O mesmo com a televisão. Na casa dos outros ele assiste (e não demonstra interesse). E tudo bem. Como disse minh amiga psicóloga: é importante que os pais tenham um clara linha de educação, mas a diversidade de experiência também é imporatnte. Quanto a liberdade, bem ela é aquilo que perseguimos e nunca encontramos verdadeiramente.
Postar um comentário