por: Kalu
Praia, pouca roupa e os quilinhos a mais ganhos na gravidez que se evidenciam. Em minha família estética, as cobranças e palpitaria chegam tão rápido como o ano que passou. Sou uma mulhar vaidosa, mas, ao mesmo tempo, absolutamente contra técnicas invasivas. Em minha cabeça mamífera seria um pouco contraditório fazer um parto domicialira e depois me submeter a uma lipoaspiração com direito a silicone.
Minha tia fez isso dois anos depois de sua segunda cesariana. Seu corpo é absolutamente lindo, mas eu me questiono sobre o que é a beleza de verdade. Meu companheiro é bastante exigente e as vezes fico pensando sobre aderir a técnicas alternativas e pouco invasivas.
Acho curioso ver que as pessoas desejam bebês gordinhos, mas que condenam a gordura na idade adulta. Os dois filhos desta tia são bastante cheios. Quando pequenos, ela acordava de madrugada para dar mamadeira reforçada para crianças já rechonchudas.
E se a cobrança por meus quilos a mais são intensas, as críticas sobre a “magreza” de meu filho são ainda maiores. Minha mae e minha tia assumiram a tarefa de fazer o Miguel comer. Fazem de tudo: colocam na água, comida á beira mar, coisa que acho tremendamente ruim. No início briguei, pedi para não fazer. Mas deixei, na certeza de que férias são férias e a rotina é o que realmente importa. Acredito que mais importante que fazer uma criança comer é ensinar sobre a razão da alimentação. A meu ver comer não deve ser feito porque alguém quer que façamos, mas algo para saciar nossos desejos. Claro que apelo para um brinuqedinho para menter o Miguel sentado por um tempo. Mas fazer de tudo para a criança comer, eu não concordo.
Fico pensando que se a criança acostuma-se sempre a estar com estômago cheio, cada dia precisará de mais e mais alimentos para se saciar. Se hoje meus primos são bem gordinhos, certamente, as mamadeiras com achocolatados reforçados são em parte os vilões. Hoje minha tia fala todo tempo de como estão gordos e de sua preocupação com a saúde dos meninos. Inclusive o mais velho, 13 anos, já apresenta níveis de colesterol altíssimo.
Eu mesma sou vítima deste excesso alimentar quando bebê, impulsionado pela minha avó. E até hoje preciso conter meus impulsos para não exceder e lutar para ter um corpo saudável.
A relação estética e alimentar é algo bastante preocupante. A todo tempo a midia vende imagens de mulheres perfeitas, magras e suas infinitas técnicas para alcançar esta perfeição. Nós mulheres somos ainda mais bombardeadas. Aliás, os cachos desapareceram depois da chegadas das técnicas capilares, que eu mesma aderi e me arrependo. Me surpreendi com o número de meninas menores de 9 anos com cabelos e unhas pintadas.
E vejo aqui, neste universo mamífera, um eco ambém para esta questão. Acredito que somos muito mais que mães/mulheres. Estamos juntas aqui reinventando o feminino perdido.
E você, como lida com esta questão estética pessoal e com os filhos?
Imagem: www.gettyimages.com.br
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4 comentários:
ai, Kalu, essa questão é complicada mesmo.
a sociedade tem uma neurose com essa questão estética que é difícil de se manter à margem. é cobrança o tempo todo, padronização, como se beleza fosse uma listinha de itens a serem "ticados", e não uma infinidade de características pessoais e subjetivas.
e é bem como você falou: bebê tem que ser gordinho, criança tem que ser na medida, e adolescente e adulto tem que ser magérrimo! absolutamente ilógico...
eu sempre lutei muito pra não me deixar influenciar por esses padrões. tenho uma certa sorte, porque na minha família não existe essa pressão, e meu marido enxerga a beleza como algo muito além de um corpo sarado. luto por uma alimentação saudável e um corpo bacana para ME sentir bem, meu ideal é aquele corpo no qual eu me sinta bonita e confortável, e isso está longe do visual esquelético das modelos. saúde, bem-estar e auto-estima, é o meu trinômio de beleza. é o que tento passar pras meninas, quero muito que elas cresçam sabendo que existem várias possibilidades de beleza, que o importante é a gente se gostar, que o conjunto mente/alma/corpo é que deve ser equilibrado. acho que elas vão aprender isso, porque é o que busco praticar sempre, no meu dia-a-dia.
sobre o Miguel não comer, acho que a tua atitude está certíssima. as pessoas não têm todas as mesmas necessidades. se ele é uma criança saudável, ativa, esperta e feliz, é o que importa. ele come o que precisa, as crianças são mais sábias que a gente imagina!
bjo
Oi Kalu, esse assunto mexe mesmo com todo mundo né?? Eu voltei ao corpo que eu tinha depois de alguns meses do nascimento do Davi, mas mesmo assim ainda fico meio neurótica para acabar com os pneuzinhos e barriguinha que já existiam desde antes da gravidez. No final do ano, na praia, sabendo que minha tia também estaria lá, e sabendo da sua maldade, não consegui tirar a camiseta, mas ainda tive que ouvir ela falar que meu marido estava engordando.. Com se ela e o marido dela fossem magros... Além da gente se preocupar com nosso critério estético ainda temos que agradar o dos outros? Aquilo me deixou bem chateada. Agora decidi fazer os exercícios que me dão prazer, comer o que tenho vontade e parar com a neurose de querer entrar no biquini de qualquer jeito. Hoje assistindo um programa sobre gordos e magros no GNT, uma ex-modelo disse que antes de desfiles,elas passam semanas só comendo maçã e tomando laxante, e que já tinha visto algumas que sujavam a roupa por causa da diarréia.Esse padrão é uma loucura.
Beijos
Andrea
É uma loucura mesmo! São cobranças internas e externas. Como a Tata lindamente falou, é preciso muita sabedoria para fechar mais uma vez os ouvidos para os palpiteiros.
Kalu, acho que a vaidade que vale é aquela que nós temos por nós mesmas, sem influencia da mídia ou da família. Eu sou feliz com as minhas estrias porque elas vieram da gestação da pessoa mais importante na minha vida. E hoje com 27 anos não tenho vontade de ter corpo e rosto de 17. Quero parecer que tenho a idade que tenho, com as gordurinhas, olheiras e marcas de expressão que o tempo nos traz de qualquer maneira. Hoje a minha aparência é muito verdadeira, com os outros, e acima de tudo, comigo mesma.
Com as crianças, é uma pena que tão cedo elas já sejam bombardeadas com a pseudo-experiência das outras pessoas. Entendo perfeitamente o seu aborrecimento, passo por isso também. Sempre que a minha mãe vê minha filha fala que eu tenho que dar leite de vaca e danone pra menina, pode? Sendo que ela é uma criança normal, ganha peso e altura suficientes. E todas as vezes eu tenho que explicar porque eu não acho necessário e quais os problemas do açúcar. É um saco mesmo.
Beijos e obrigada pelo texto.
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