por: Tata
Bem que sempre me disseram que na segunda gravidez, é tudo diferente. Não é melhor nem pior, mas é diferente. Uma experiência totalmente nova, tão fascinante e cheia de descobertas quanto a primeira.
Na primeira gravidez, a gente fica mergulhado naquele "êxtase gestacional". A partir do momento que se confirma a gestação, tudo passa a girar em torno dessa nova realidade. A gente dorme, acorda, come, trabalha, tudo pensando em gravidez. É como se a gente se tornasse uma imensa barriga, só fala disso, só pensa nisso.
Na segunda gravidez, a realidade já é outra. Você tem o filho mais velho (no meu caso, duas), rotinas que não dá pra abrir mão, uma porção de responsabilidades e afazeres que não dá pra deixar de lado. Já não dá pra deixar todo o resto pra lá e se focar somente na barriga crescendo, porque a vida não vai parar pra você curtir a gravidez.
Todos os sintomas que, na primeira gravidez, a gente sentia como se o mundo fosse acabar, passando o dia deitada olhando pro teto por causa dos enjôos, tirando longas sonecas durante o dia por causa do sono infinito, cancelando compromissos e deixando tudo pra amanhã pra curtir aquele cansaço de pernas pro ar, tudo isso fica inviável numa segunda gravidez. A gente vai levando do jeito que dá, parando uma brincadeira no meio pra ir correndo botar os bofes pra fora no banheiro mais próximo, implorando por uns minutinhos a mais na cama pela manhã, aproveitando cada brechinha na correria habitual pra se esticar na poltrona, sofá, ou coisa que o valha.
Na primeira gravidez, a gente se preocupa em não carregar peso, contabiliza os esforços pra não passar da conta, pesquisa sobre os alimentos indicados ou contra-indicados para gestantes. Na segunda gravidez, não carregar peso parece piada de mal gosto. Com filho(s) mais velho(s), não fazer esforço? Rá! E a fome é tanta, e o tempo pras refeições tão corrido, que a gente vai botando pra dentro o que ver pela frente (com limites, né, gente?).
Por outro lado, a gente curte a segunda gravidez com muito mais tranquilidade. Não tem aqueles sobressaltos por qualquer detalhe fora do script, não tem aquela preocupação com a consulta mensal pra ter certeza que está tudo bem. Na segunda gravidez, a gente sabe. A gente se conecta mais com o bebê, porque ter uma vida crescendo dentro do ventre já não é mais aquela novidade absoluta. A gente já sabe como acontece, já sabe que dá conta. A segunda gravidez corre com mais serenidade, com mais sorrisos e menos franzir de sombrancelhas.
Na segunda gravidez, a gente já sabe que o bebê vai mexer quando chegar a hora, que a maioria dos sintomas são normais e não motivo de preocupação, que a gente é capaz de parir sim, que o bebê não vai ficar na barriga pra sempre, e na hora dele, o trabalho de parto acontece. A gente já não se alarma com qualquer dorzinha, qualquer incômodo, e já sabe muito bem o que é uma contração de trabalho de parto, sem chance de confundir e entrar em desespero por uma Braxton que aparece de repente.
Na primeira gravidez, a gente olha todos os dias no espelho pra ver se a barriguinha já aparece. Na segunda, um belo dia a gente acorda e, no caminho entre a pia e o box, leva um susto: caramba, quando foi que esse barrigão apareceu??
A primeira gravidez demora uma eternidade pra passar. Nove meses contados semana a semana, e em cada uma delas a gente sabe com exatidão quanto o bebê pesa, que partes do corpo estão se desenvolvendo, qual seu tamanho aproximado, a que estímulos reage e em que fase do desenvolvimento está. A segunda gravidez passa voando, num piscar de olhos, a gente mal se lembra em que semana está, e só sabe que o bebê está bem, crescendo como deve ser. Tamanho, peso? Vai fazer assim tanta diferença?
Na primeira gravidez, a gente vai aprendendo passo-a-passo a se comunicar com aquele bebezinho na barriga, conversa com ele de um jeito meio desajeitado, ainda em fase de adaptação a esse "ser mãe", tão complexo e maravilhoso. Na segunda gravidez, a gente já veste a camisa desde os primeiros dias, já se sente mãe muito antes do primeiro chutinho, já conversa com o bebê no ventre como se ele estivesse do lado de fora. A gente cria intimidade mais rápido, sente o bebê de forma mais concreta do que na primeira gravidez, quando um filhote ainda é um vôo da nossa imaginação, e a gente ainda não sabe pra valer como é esse barato de ter filho.
A primeira gravidez nos ensina a amar incondicionalmente. A segunda, a amar multiplicado, e sem limites.
Quem sabe um dia eu possa vir contar aqui o que é que nos ensina a terceira gravidez... =P
Imagem: www.gettyimages.com.br
3 comentários:
Eita menina poeta e porreta!
Lindo texto! Amei!
Traduz tudo o que eu senti em relação as gestações!
beijo
exatamente o que eu senti e pensei,vc arrasa nas palavras.
Fantástico! Minha bebê está com 5 meses e penso, sim, na segunda gravidez, penso sempre, prá dizer a verdade, mas por enquanto a idéia assusta um pouco. Sou louca para sentir essa diferença, tenho certeza que também vou adorar.
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