por: Tata
Minhas meninas vêm crescendo. Com 3 anos e 7 meses, não têm mais nada de bebês. Cada vez mais, dia a dia, diante de nossos olhos, vêm se tornando duas menininhas, crescendo assustadoramente rápido.
E uma coisa muito bacana nesse processo de vivenciar o crescimento delas tem sido observar como elas vão, sem pressões, rótulos ou rumos pré-determinados, descobrindo suas delicadezas, suas feminilidades e suas 'molequices'. Cada uma do seu jeito.
Eu me sinto muito feminina, mas nunca me encaixei no estereótipo de feminilidade que a gente vê por aí. Nunca uso salto - e quando digo nunca, é nunca mesmo! nem sei andar com salto alto, fico toda torta, uma tristeza! - , saio sempre de cara limpa, sem maquiagem, penteio o meu cabelo apenas no banho e depois saio com a juba ao vento, fico meses e meses - e às vezes anos - sem dar nem uma aparadinha nos fios, e salão de beleza, pra mim, é algo um tanto quanto insólito - só apareço por lá de tempos em tempos para fazer a mão, mas pé, depilação e demais tratamentos de beleza nunca fizeram parte da minha rotina. Mas tenho a minha vaidade, muito minha, particular. Gosto de olhar no espelho e me sentir autêntica, despojada e diferente. Com o tempo, a maturidade, fui descobrindo meu jeitinho de ser feminina, que é meu e de mais ninguém.
Pois as pimentas chegaram, e cada uma vem descobrindo seu jeitinho de ser "menininha" com muita liberdade, e já dão mostras do que vem pela frente.
Ana Luz é a vaidade em pessoa, adora um badulaque, vive pendurando tudo o que acha pela casa e pode fazer as vezes de colar, tem adoração por fivelinhas, presilhinhas e tiaras para enfeitar o cabelo, se olha no espelho quando acaba de se arrumar - virando de um lado e de outro para conferir os últimos ajustes - , tem loucura por rosa e AMA vestidos e saias. Outro dia, pegou um pratinho de brinquedo entre as coisinhas de cozinha que elas têm, e dali por diante o tal pratinho virou "a maquiagem" dela. Ela pára diante do espelho e fica se ajeitando, passa na bochecha, na boca, nos olhos. Toda toda, concentradíssima.
Já a Estrela é a moleca da casa. Meio que indo na onda da irmã, vira e mexe também se enfeita, mas pra ela o que importa é a farra. As fivelinhas nunca duram mais que dez minutos no cabelinho dela, que logo já está todo embaralhado, com os cachinhos esvoaçando ao redor do rostinho redondo. Prefere as calças e shorts aos vestidos, porque com eles trepa melhor nas coisas, corre, cai e levanta com mais desenvoltura. Se bota uma bolsinha no braço, logo está jogando ela pro alto, ou rodopiando no meio da sala com a bolsinha segura pela mão, porque pra ela a utilidade das coisas é sempre divertir. Enfeitar só, não é o bastante.
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E o mais bacana é que tudo isso veio delas, é natural, instintivo, próprio de cada uma. Nada foi ensinado, explicado, incentivado ou forçado. Elas foram descobrindo tudo naturalmente, cada uma seguindo o que lhe ditava sua personalidade, já tão presente, mesmo tão cedo.
Eu busco respeitar o jeitinho de cada uma, sem julgamentos, sem cobranças. E acabo também aprendendo com elas. De tanto ouvir a Ana Luz repetindo que o rosa é a cor "mais liiiinda", ultimamente já venci minha implicância, e vira e mexe visto alguma coisinha cor-de-rosa. Ando também aderindo ao hábito do batonzinho (transparente, ou bem clarinho, que Roma não foi feita em um dia!!) de vez em quando, para dar um 'up'. Com a Estrelinha, aprendo a não me cobrar tanto, a ver a vida com leveza, a me divertir com tudo, seja como for. Aprendo que uma parte importantíssima do "ser mulher" é encarar a vida de frente, com um sorriso aberto e cheia de disposição, e que um tombo no meio da passarela e um fiozinho fora do lugar não têm toda essa importância, desde que a gente saiba rir disso, e seguir em frente.
Elas crescem, e eu cresço. E feliz da vida com a certeza que, logo logo, terei em casa duas deliciosas meninas, depois duas fantásticas mulheres. Livres, acima de tudo. Descobrindo sua feminilidade como deve ser: naturalmente.
"ô mãe! me explica, me ensina, me diz, o que é feminina?
não é no cabelo, no jeito, no olhar
é ser menina por todo lugar
ô mãe, então me ilumina, me diz
como é que termina?
termina na hora de recomeçar
dobra uma esquina no mesmo lugar
costura o fio da vida pra nunca mais cortar
depois se larga no mundo
pra nunca mais voltar
(...)
prepara e bota na mesa com todo paladar
depois acende outro fogo
deixa tudo queimar
(...)
e esse mistério estará sempre lá
feminina, menina no mesmo lugar"
Feminina, letra de Joyce / Imagem: www.gettyimages.com.br
2 comentários:
muito lindo mesmo ver as meninas crescendo, tenho passado por isto também e como você já uso até cor de rosa!
oi Jojo, é muito bacana a gente aprender e se transformar com os filhotes, né?
bjo!!
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