por: Kalu
Uma coisa que aprendi com a maternidade humanizada é que a rotina de um bebê deve ser como em um parto humanizado: o tempo e necessidades desta pequena vida devem ser respeitadas. Lá em casa, eu e meu marido temos ritmo de trabalho bastante flexíveis e inconstantes. Isso permite que possamos nos adaptar às necessidades do Miguel. Quando pequenininho, até 6 meses, dediquei-me exclusivamente a ele. Mamava a hora que queria, dormia a hora que sentisse vontade. Eu aproveitava para dormir junto com ele durante o dia, para o caso de precisar ficar acordada na madrugada. Miguel sempre dormiu a noite toda, desde 2 meses. Nada foi forçado.
Quando percebia que ele começava a apresentar sinais de sonolência, ligava uma música clássica, separava as coisas para o banho, espirrava essência de lavanda no quarto, fazia Shantala, um banho longo e dormir sempre foi fácil, com a boquinha conectada no peito. De manhã sempre fiz caminhadas na mata com ele no sling. Estas são as únicas rotinas que se fortaleceram no desenvolvimento dele e perduram até hoje. Mas a hora que elas acontecem são soltas, assim como a hora de comer, do sono da tarde.
Desde que voltei a trabalhar, fico com ele até 11h30. Às vezes acordamos às 10h, outras às 8h. Isso porque tem dias que ele dorme às 19h, outras às 21h. Mesmo que o ritmo da casa seja sempre, mais ou menos o mesmo, as necessidades do Miguel mudam e eu respeito. Acredito que a rotina deva inspirar uma ação e não ser imposta. Percebo que o Miguel fica mais descansado e bem humorado quando dorme mais cedo. Por isso procuro estimulá-lo mais á tarde com atividades como caminhar, brincar na água. Depois um banho mais quente, o jantar, a fruta de sobremesa. Escovo os dentes com ele (ele o meu e eu o dele). Vamos para o quarto. Hoje ele espirra a essência de lavanda e pede para colocar os mantras que sempre ouviu. Sentamos para ler um pouquinho. Ele pede para mamar, enquanto massageio seus pés, mãos. Algumas vezes pediu para descer. Eu respeito. Caminhamos no jardim ou juntos cantamos mantras e o sono vem. Ele pede para subir e dormir. Tudo leve, sem imposição. Nos dias em que ele está mis doentinho, não me incomodo de dormir com ele a noite toda. Essa nossa liberdade e flexibilidade, tão criticada na família, têm gerado resultados positivos. Ele pede para comer, para dormir. É solicito com tudo que pedimos. Eu acredito que esta é sua resposta por ser respeitado e desta forma, também não vê a necessidade de se impor.
E na liberdade, flexibilidade e bom-humor a gente constrói uma relação de ausência hierárquica, buscando atender as necessidades sem estresse. E você pode me perguntar: um dia ele vai se adequar ao tempo do mundo? Que mundo? O mundo dele será aquele que nós pudermos construir e o que batalho, todos os dias, é para tomar consciência e me desinformar de velhos conceitos como imposição de horários, de hierarquias. Sinto que quando isso acontece tudo conspira e a gente deixa de tentar atender o que a sociedade espera, para se conectar com a necessidade do outro. O resultado é único e inspirador.
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