Antes de ser mãe, escrevi muitas matérias falando sobre o tempo de qualidade que devemos ter com nossos filhos. Segundo a teoria dos pesquisadores, terapeutas ou sei mais quem, não importa se a gente passe 5 ou o dia todo com nossos filhos, o que vale é ter um tempo em que estamos realmente presentes.
Uma das coisas que aprendi com a maternidade é que o tempo é algo traiçoeiro. A começar pelo tempo da gestação, tempo de mamada, tempo da introdução de alimentos, do desmame, do desfralde. Ginecologistas colocam data limite do nascimento, pediatras colocam idades apropriadas para este ou aquele movimento. Mas na verdade, o que penso, é que cada indivíduo é único em seu tempo. E só podemos perceber o tempo das coisas se estivermos presentes. Perceber que o pequeno já senta, demonstra interesse pela comida e tem dentes. Hora de começar a comer, sem pressa. Pode ser com 6, 8 meses ou 1 ano. Tanto faz. E as rotinas que mudam, mamam de 2 em 2 horas, o dia todo, de 4 em quatro horas. O mesmo vale para o sono e as outras necessidades da criança. Com liberdade e respeito os pequenos encontram seu tempo para tudo e fazem com tranquilidade e alegria.
Mais o que geralmente acontece é a necessidade de encaixar o tempo da criança na vida da mãe, que muitas vezes sai de casa cedo e volta tarde. A gente pode passar algumas horas juntos, achando que é suficiente para educar. Mas eu penso que valores e exemplos só podem ser transmitidos com mais tempo junto. Não tem jeito. Senão é saber que seu filho terá os valores da escola, da avó, da empregada e muitas vezes da televisão. Criança aprende por imitação e convivência.
Acho que se a gente perguntar quem é a pessoa mais apta para cuidadr de nossos filhos, 1o0% das mães dirão que são elas mesmas. E porque não fazemos? Algumas não fazem porque não podem, porque são as únicas fonte de renda da família. Mas conheço muita gente que escolhe trabalhar. Não vejo problema nisso, mas é um grande desafio ter um trabalho e lidar com o tal tempo de qualidade.
Antes de ser mãe pensava que seria posível. As circunstâncias que tenho é a possibilidade de trabalhar em casa, 90% do meu tempo. Considero isso ideal. Mas eu era uma paulistana que trabalhava há 35km de casa, passava 2 horas no trânsito, sem hora para sair. Certamente se tivesse ficado na paulicéia desvairada teria desistido do trabalho, buscado formas flexíveis de ganhar dinheiro ou menos dinheiro que fosse. Isso porque acredito que só se educa com tempo, só podemos maternar se passarmos algumas horas brincando na areia ou no parque, dormindo junto sem pressa, comendo com tranquilidade.
Eu acho que isso é muito mais relevante do que meu filho ter brinquedos caros, roupas de marca ou até mesmo estudar em uma escola cara. E eles crescem tão rápido. Às vezes a gente perde tempo tentando encontrar o nosso tempo e quando eles partem para o mundo passamos a pensar em todo o tempo que perdemos.
Em cada fase é importante conviver, mas acredito que nos primeiros anos é fundamental. Todas estas experiências serão o alicerce para o desenvolvimento humano. Hoje muitas crianças vivem esta angústia da falta de tempo: é a natação, o balé, xadrez. Tenho um primo que descobriu que estava com colesterol super alto por estresse. Eles tem apenas 9 anos. Olhando a agenda do menino o pediatra descobriu que ele tinha excesso de atividades.
Se deixarmos uma criança livre e com estímulos corretos, ela apontará suas necessidades. O Miguel passa o dia todo no quintal. Nos dias quentes vai brincar de mangueira ou bacia. Eu preferi isso às aulas agendadas de natação. Ele mesmo pede o mamá para dormir. Já teve vários horários de acordar, soninho da tarde e dormir. Procuro me aqdaptar a ele e não o contrário. Desta forma aprendo mais sobre o tempo, a paciência e flexibilidade.
E vocês, como lidam com o tempo?
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
2 comentários:
Eu trabalho fora, mas tenho certa flexibilidade e tenho usado e abusado dessa vantagem. hehe
Busco fazer meus horários conforme os horários do pequeno, se ele muda, eu mudo também.
E tenho jornada reduzida, para ficar mais com ele, ainda que o salário seja ruinzinho.
Várias vezes ouço que o importante é a qualidade do tempo passado junto. Eu acho que em partes, porque passar o dia com a criança e não cuidar dela bem, não dar atenção, realmente não adianta. Não acho que seja suficiente duas boas horas com a criança para anular ou mesmo superar o cuidado dos outros.
muito bacana esse texto, o tempo é algo que vem me inquietando desde que virei mãe... nossa medida de tempo muda tanto!
Eu tb tenho um trabalho flexível, passo boa parte do tempo com o filhote, mas sinto que o tempo dedicado ao trabalho me faz bem, mas não é mais o preponderante na minha vida. Mas me pego direto preocupada com rotina, com o fato de que meu filho tem que ter uma rotina, e o seu texto me fez entender algo que meu marido fica tentando me dizer, que não temos que criar uma rotina, que ela vai se construindo aos poucos, no tempo do pequeno... é difícil às vezes relaxar e deixar a coisa fluir mais, com menos enquadres, mas seu texto me ajudou a pensar e perceber isso!!
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