por: Kalu
Antes de ser mãe eu idealizava que criança feliz era aquele bebê limpinho e cheiroso, com aquela fragrância de quem acabou de sair do banho. Essa cena caiu por terra desde que me tornei mãe.
Quando bebê, Miguel mamava demais e sempre regurgitava. Aquela roupinha cheirosa ficava com um cherinho de queijo que até já sinto saudades. Não só a roupa dele, como por vezes a minha também. No começo trocava toda a roupa, sempre tinha uma blusa minha para trocar também. Depois disso, só quando a roupa dele ficava super, mega molhada e fedida é que eu trocava.
Daí ele começou a engatinhar. Ficava naquele dilema: quando colocar no chão? Levava um paninho com Álcool para limpar a mãozinha dele que ia direto para boca. Recomendação da vovó que dizia que mão suja causava dor de garganta. Devo ter feito isso algumas vezes e depois desencanei. Lavava a mãozinha dele de vez enquando, principalmente antes das refeições ou de brincar com o cachorro.
Uma vez vi o Miguel dando um pedaço de banana para o cão e comendo o resto. Consultei um veterinário, vermifuguei o cão e continuamos levando nossa vida cheia de vitamina S. S de sujeira! Não estou fazendo apologia a falta de higiene. A meu ver tudo que faz bem, suja. Como pisar descalço na grama ou areia da praia. Uma criança na praia inevitavelmente vai comer areia. Por mais que estejamos por perto e tentemos evitar. Eles vão comer. Sujar-se pode até fazer bem, mas limpar-se depois deve ser a regra. Normas básicas de higiene, como lavar as mãos após brincar com animais, escovar os dentes e banhar-se todos os dias são condutas que temos aqui em casa.
A maternidade me ensinou que não dá para controlar tudo. Por mais que estejamos sempre atentos eles caem e batem a cabeça, o rostinho, comem coisas que não podem. Isso nos ensina que também faz parte do caminhar, do aprender alguns tombos, tropeços e sujeira. A nossa calma para lidar com estas situações serão lições para nossos filhos.
Por mais que a minha casa sempre esteja limpa, quando bebê, Miguel adorava comer bichinhos mortos que ficavam preso na janela. Antes dele acordar, tudo era limpo, mas ele sempre achava um. Eu tentava tirar à força da boquinha dele. Até que resolvi deixar. Ele me mostrava que estava com bicho dentro da boca. Minha tática foi explicar e deixar. Ele parou. O mesmo com a ração do cachorro, que nesta escala é melhor que insetos.
Aqui em casa o Miguel passa o dia inteiro no quintal, sem sapato. Ele pisa na grama, na terra, na brita. Joga pedra para cima. No final do dia está todo sujo. A roupa sempre marcada por laranja, que ele adora pegar do pé, pedir para alguém descascar e comer sozinho. A roupinha fica imunda depois do almoço, em que ele, com uma colher, aprende a se alimentar sem ajuda. E tenta fazer o mesmo com o suco.
De acordo com a pesquisa, publicada pelo Journal of the American Medical Association, crianças habituadas ao convívio com animais têm menos propenção à alergia. Isso se explica pelo contato com as endotoxinas, substâncias liberadas por bactérias presentes na saliva do bicho - e também na terra , no chão.
As endotoxinas seriam capazes de provocar o organismo, estimulando uma ‘tolerância’ a agentes externos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos últimos 30 anos a porcentagem da população acometida por rinite alérgica passou de 15% para 25% e as ocorrências de dermatite cresceram de 5% para 12%.
As endotoxinas seriam capazes de provocar o organismo, estimulando uma ‘tolerância’ a agentes externos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos últimos 30 anos a porcentagem da população acometida por rinite alérgica passou de 15% para 25% e as ocorrências de dermatite cresceram de 5% para 12%.
Nesta pesquisa destaca-se que o tipo de parto também defini a propensão do bebê a ter alergias. O sistema imunológico é a defesa do corpo contra agressões externas. Ele começa a se formar na gestação, quando os anticorpos da mãe são transmitidos via placenta. Depois, o leite materno passa a ser a fonte principal de anticorpos. Ou seja, quanto menos uma criança mama mais imaturo é o seu sistema imunológico e maior a propenção à alergias e doenças. E nós é quem somos consideradas de outro mundo por oferecer algo que protege nossos filhos! Vai entender este mundo?!
O rostinho sujo do Miguel mas cheio de felicidade me mostra que a vitamina S é de sujeira, mas também de sorriso.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
7 comentários:
Adorei o post. Concordo plenamente. Acho ridículo quem fica com frescura com criança, não deixa sujar, passa álcool na mão pra pegar no bebê, ai Jesus...
Beijos
Desculpa, Kalu, mas lembrei da propagando do Omo "porque se sujar faz bem". hehehe
Bjs!
Nao tem como não lembrar, né?! E é verdade.
Hahahaha, adorei. Achei que eu era a única mãe com filhos que só estão limpos depois do banho e por pouco tempo. hauhauahauaa.
Kalu, posso linkar seu post lá no Vida Verde?
Beijo
Claro, Thais, pode sim!
Adorei o texto, depois que li lembro dele a todo o momento, especialmente quando meu pequenino se lambuza com a comida ou se suja no chão, tentando enagatinhar. Um abraço.
P.S. vou indicar o blog de vocês no meu, ok?!
adorei!!!
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