por: Tata
Hoje de manhã estava em um parquinho no clube, com as pimentas. Muitas mães com seus filhotes curtindo uma deliciosa manhã de sol e calor entre escorregadores, gangorras e balanços. Uma delícia.
Mas nessas horas, cercada de mães e crianças, eu não consigo deixar de reparar em algumas atitudes que vejo e que me causam muito estranhamento (não me perguntem como consigo me dividir para prestar atenção em duas menininhas apimentadas, brincar com uma aqui e outra ali, e ainda prestar atenção nas outras mães e crianças - é realmente um mistério! rs).
Hoje havia lá uma mãe com sua filha. A menina devia ter uns cinco anos, não menos do que isso. E corria de um lado para o outro, feliz da vida entre tantos brinquedos e, como toda criança em um parquinho, não dava muita atenção às dificuldades, alturas e afins. Ia, subia, trepava, dava um jeito e se divertia.
Mas a mãe ficava atrás. "Por aí não, filha!". "Sobe pelo degrau, é mais seguro!", "Assim você vai cair!!", "Fica aqui no baixo, filha, aí é muito alto!!!".
Em um momento em que estávamos próximas, a tal mãe se virou pra mim dizendo: "Eu acho um absurdo que em um parquinho para crianças tenha degraus assim, esses canos são perigosíssimos!! Imagina se a criança sobe correndo, pisa em falso!! Um perigo!!!".
Detalhe: ela se referia a uns quatro degraus feitos de canos de ferro pendurados por correntes paralelas, em um brinquedo cuja atração era oferecer várias formas para que a criança chegasse à parte mais alta, de onde então desceria em um tobogã. Degrauzinhos que vão a uma altura que certamente não chega a um metro. As próprias pimentas, do alto de seus três aninhos, já sobem e descem por ali com um pé nas costas e, diga-se de passagem, nunca caíram. Já levaram tombo de balanço, escorregaram de mau jeito no tobogã, entre outros tropeços. Mas naqueles degraus, nunca sequer levaram um susto.
A coisa foi até tal ponto que em um determinado momento, a própria menina se encheu, virou pra mãe e pediu: "mãe, cansei de brincar, vamos pra casa???".
Fiquei com pena da criança. Já vivemos em uma época tão pouco propícia às liberdades, as crianças são tão privadas a todo momento de uma infância mais leve, solta, de pé no chão. Se nem mesmo em um parquinho fechado dentro de um clube puderem brincar livremente, experimentar, tropeçar e cair de vez em quando - afinal, cair e levantar é um aprendizado importantíssimo - , que tipo de vida aprenderão a levar?
Como é que uma criança descobre novas habilidades, exercita o crescimento, como aprende a fazer coisas que não fazia antes e a chegar mais longe se está sempre protegida, sempre cercada por braços onipresentes que não lhe deixam experimentar o sabor tão único de tentar, arriscar e conseguir algo novo?
Nesse mesmo parquinho há um "brinquedão", com muitos túneis, redes, pontes, espaços para subir e descer, enfim. As meninas, no começo, tinham medo. Eu nunca as forcei a entrar nem a tentar ir adiante quando não queriam, mas também nunca incentivei o medo. Se elas caíam, eu dizia: "não faz mal, na próxima você consegue, cair faz parte".
Eu, que deixo minhas pimentas correrem à vontade, experimentarem certos perigos (claro, dentro de um limite razoável), que volta e meia vejo minhas filhotas com um arranhãozinho aqui, um roxo ali, uma raladinha acolá, e chego até a achar essas marquinhas simpáticas, porque não são mais do que traços de uma infância bem curtida, por mais que tente, não consigo entender essa atitude, a meu ver, exageradamente protetora. Lembro-me de uma frase do escritor Leo Buscaglia de que gosto muito: "Os riscos devem ser corridos, pois o maior risco da vida é não arriscar-se a nada". É exatamente o que gostaria de ensinar às minhas filhas.
Espero que elas cresçam sabendo que os tombos fazem parte da vida. Que a gente quebra a cara, rala o nariz, se estropeia de vez em quando, e tudo bem. A gente aprende com isso. Dói, é verdade. Mas doeria ainda mais estar num canto, de mãos amarradas, com medo de tentar.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
8 comentários:
Ai Rê, você podia usar o nick de "encantadora de palavras", adooooro as coisas que você escreve e esse mais uma vez conseguiu jogar a gente pra dentro da situação.
Olha eu confesso que nem preciso me preocupar muito aqui ela já não se arrisca muito e faço como você, não forço, a deixo livre pra tentar, cair e se ralar mesmo...mas ela já é bem mais "cautelosa", sobe e desce escada de bunda, não trepa em nada...rs...até quando vai pular ela não tira os pés do chão, mas respeito e acho que isso é parte da natureza dela mesmo. Mas isso também me tira do sério, esse povo que fica em volta demais... aff!
beijos
Argh! Eu já me deparei com uma dessas mães. O filho dela era pequeno (tinha uns 2 anos), mas geeeeeeente, eu fiquei tão incomodada!
Mas a gente, aqui, é terrível! Vira e mexe eu acho que vamos perde a guarda das crianças, porque tá um com a bochecha roxa, o outro com a perna ralada, o outro com um galo enorme.... Huahuahauhaua, eu nunca tenho filhos inteiros. HUahuahauahuahuaau
Mas não é bonitinho? Até a Mel fica orgulhosa dos pequenos machucados, que são marcas de quem "tentou, mas caiu", como ela mesma diz.
Beijo
Nossa, gente, isso é uma coisa que eu preciso exercitar em mim... Preciso relaxar mais, acho que fui uma ciança medrosa e acabo sendo medrosa também. O Sam é do tipo destemido, tem horas que morro de medo por ele, hahaahahah...
O Miguel é super doidão. Aqui em casa temos morros, escadas, alturas perigosas. O morro Miguel desce de bunda escorregando. As vezes oma uns capotes! Hoje em dia nem chora. Eu sempre vou ver se machucou, acolho e em mnutos ele está correndo novamente. As mães medrosas piram com o Miguel, que já sobre escorregador do lado contrário... hahaha. Eu sou super aventureira e adoro ver meu pequeno se superando.
Nossa Re aconteceu isso hj comigo!!!
Menina! Eu sempre encontro com mães assim aqui no condomínio! O Henrique quando tinha 2 anos já subia no trepa-trepa até em cima! E tem mães que não deixam o filho de 5 anos chegar nem perto! Ai, me dá paciência!!!! Eu nem gosto de chegar perto dessas mães! las costumam me achar uma desnaturada!
Menina! Eu sempre encontro com mães assim aqui no condomínio! O Henrique quando tinha 2 anos já subia no trepa-trepa até em cima! E tem mães que não deixam o filho de 5 anos chegar nem perto! Ai, me dá paciência!!!! Eu nem gosto de chegar perto dessas mães! las costumam me achar uma desnaturada!
Genial !!!!!!
bjs
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