
por: Kathy
Toda mãe tem amigos sem filhos, certo? Eu também tenho vários. De vários tipos. Daqueles que adoram, participam, brincam junto, acham uma graça, dos que acham uma graça, mas só de longe, na foto (geralmente esses são aqueles que morrem de medo da criança quebrar no meio se você encostar nela), e tem também aqueles que acham graça mesmo, riem de mim, porque pensam que eu devo ter ficado maluca depois que meu filho nasceu. Prefiro hoje em dia passar bem longe desses últimos. Outra vibe, né?
A questão é que depois de parir, principalmente o primeiro filho, pelo que observo, a gente passa uns tempos num mundo mágico, misterioso, lindo e ao mesmo tempo assustador e cheio de novidades chamado Partolândia. Lá na Partolândia tudo gira em torno do bebê, da amamentação, das fraldas cheias e vazias, das rotinas, das pirações e de tudo que muda depois da chegada da nova criaturinha.
Daí todo o resto do mundo fica meio de lado, esquecido. Cara, eu mal tinha tempo de tirar o pijama, como é que ia lembrar de dar atenção pros amigos? Fora que o bichinho mama pacas, dorme nos horários mais improváveis, você morre de insegurança de sair pela rua com ele (talvez eu também fizesse parte da turma que acha que bebê quebra, rs)... Enfim, sua vida social fica bem restrita.
Mas com o tempo tudo vai se ajeitando, e você volta a poder sair com os amigos de novo, às vezes sozinha, outras com o bebê a tiracolo. Mas é complicada essa volta. Tem lugar que nem dá pra levar o bebê. Tem dias que não dá pra sair porque não tem quem fique com ele. Daí não tem conversa, é balada perdida mesmo, vai todo mundo e você fica. Ruim? Ah, nem tanto. Questão de escolha, de prioridades, de se adaptar a essa nova fase da vida mesmo.
Fora que eu me sentia totalmente sem assunto e tinha que me segurar pra não passar o tempo todo falando de coisas relacionadas ao bebê, assuntos que para os amigos sem filhos não funcionavam muito. Eles tentavam opinar, comentar, é claro, mas eu estava em outra, tinha acabado de descobrir esse mundo mamífero, totalmente fora da “Matrix”, só tinha esse assunto, estava por fora das fofocas, das piadas, dos lugares novos, das pessoas novas... Enfim, era complicadíssimo de levar...
E pra sair sem o filho então? Nossa, parece que nosso coração parte ao meio nas primeiras vezes. Até sentimento de culpa rolava. E é claro que eu ficava com o corpo ali, mas a mente lá em casa, né... Pensando no meu bebezinho "abandonado", me sentindo "a desnaturada", rs...
Pra funcionar, tive que dar tempo ao tempo mesmo, priorizar certas amizades, abrir mão de outras, conquistar novas (muitas amigas mamães e mamíferas)... Isso pra ter com quem falar de amamentação, parto natural e outras cositas radicais, rs... Mas não só isso, que a gente é mãe, mas também é mulher né?
Hoje tá tudo certo! O tempo, a maturidade, a seleção natural de amizades, tudo isso caminha juntinho e no fim, quando a gente vê, descobre que é capaz de ficar super à vontade tanto numa festinha de criança, sentada numa mesa lotada de amigas e amigos mamães e papais falando bobagem quanto sentada no boteco de sempre, falando as mesmas bobagens com a mesma turma de sempre de amigos sem filhos, mas tomando uma coca-cola ou um chocolate quente (pra não prejudicar a amamentação), e com o celular ali do ladinho, né? Que se o filhote chamar, adiós baladinha! Rs...
Imagem: www.gettyimages.com.br
2 comentários:
lindo isso ai
acho que sou como vc!!
Ainda não fiz baladinha pós-parto, mas na gravidez já sentia isso. Com o tempo acho que volto a conseguir falar sobre outros assuntos, pelo menos um pouquinho... rs
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