
por: Kathy
Nem tudo na maternidade é cor de rosa ou azul pastel com babadinhos. Ah, não mesmo. Da parte sombria, escura, mal cheirosa e com brumas, a gente não ouve falar por aí abertamente, não. Nem pense em achar matéria realista a respeito numa dessas revistinhas meia boca sobre bebês que você encontra na banca mais próxima.
Vejam bem, não estou falando de depressão pós-parto. Não daquelas severas, que é uma realidade triste e muito séria que necessita de acompanhamento médico e psicológico.
Estou falando de algo pelo qual quase toda mãe passa, um misto de sensações nem sempre tão positivas que começam quando toda a poeira baixa, o marido já saiu da licença paternidade, (e já está, inclusive, gozando de um mínimo de oito horas de sono diárias e talvez até com um comecinho de vida social - nem que isso se resuma a trabalhar e ir até a padaria diariamente). Aparentemente, o mundo todo já voltou ao ritmo normal.
Mas não. Porque são duas horas da tarde e o bebê não quer ficar em outro lugar que não seja o seu colo. Você está cansada, sozinha, de pijamas, descabelada, usando um daqueles terríveis absorventes pór-parto que parecem um tijolo no meio das pernas e até o momento só conseguiu comer umas bolachinhas recheadas e tomar água, claro, porque esse negócio de amamentar dá uma sede infernal.
"E isso lá é alimentação ideal para uma mãe que precisa dar de mamar?", replica a sua consciência, que provavelmente deve ter uma voz bem parecida com a da tua sogra...
Rotina? Só acontece na casa da vizinha! Os horários do bebê estão completamente malucos e você mal consegue dormir direito. Quando você consegue que ele finalmente dê uma cochiladinha sai correndo para fazer qualquer coisa que seja.
O seio dói, o pequeno chora e você, cansada, sente que não nasceu pra isso, que não vai dar conta, que precisa de um banho longo e demorado ou pelo menos de uns minutinhos pra poder fazer xixi sossegada! As lágrimas escorrem pelo rosto, o que aconteceu com todos aqueles planos perfeitos?
Não é mole, não... A gente veste essa carapuça de super-mãe, quer dar conta de tudo sozinha, sente-se culpada por pensar em deixar o bebê com outras pessoas e ao mesmo tempo sofre por não conseguir fazer as coisas da maneira que a gente planejou.
Sei que é fácil falar, mas tomarei a liberdade de dar alguns poucos e humildes conselhos:
Um: Desculpe a franqueza, mas não, você não é super-mãe! Precisa e merece ter seus momentos sozinha, nem que seja para conseguir preparar uma refeição saudável pra família. Que tal pedir pro maridão ajudar um pouco mais? Aposto que ele vai adorar!
Dois: no começo os bebês só querem saber de colo e peito mesmo. Dê muito! Chorou? Bota no peito! Tá desconfortável? Colo! Quer sair? Sling nele... Requer prática, mas funciona! Os links sobre os slings estão ao lado... Não deixe seu nenê chorando! Ele precisa mais do que tudo sentir seu aconchego, seu colo, e é perto de você que ele se sentirá seguro por enquanto. Paciência! Depois vale a pena, prometo!
Três: esqueça a casa de pernas pro ar, esqueça o mundo, esqueça tudo... Quando seu bebê dormir, durma junto! Essas horinhas preciosas de sono farão toda a diferença no seu humor.
Poderia falar mais um zilhão de coisas, mas acho que a principal é essa: Isso acontece na maioria das casas, de perto ninguém é assim perfeitinho como a capa da revista... Exceções existem para comprovar a regra... E anote essa, a frase principal, praticamente um mantra da maternidade para momentos difíceis, "Vai passar!!"
Imagem: www.gettyimages.com.br
6 comentários:
ahahahahahha
adorei a idéia da consciência ter a voz da sogra. gahahahahahahhaha, adorei.
tá maravilhoso, o blog!
beijo
Kathy, não precisava ser mais explícita. Parecia que vc estava lendo meu coração e traduzindo minha mente. Adorei o texto e fiquei satisfeita em saber que não sou a única mulher que passa pelos sentimentos de cansaço que vêm com a maternidade.
Um beijo para vocês com esse blog maravilhoso.
Esse blog está demais!
Já estou tentando me preparar psicológicamente, mas será que isso existe?
Dani Garbellini, prestes a entrar na fase: "vai passar"
Aurea,
È isso mesmo que vc falou...
A voz da sogra, adorei, é assim mesmo!!haha
Eu instintivamente, acho que foi por sobrevivência, segui esses conselhos seus, para não pirar...
Mais, depois de 3-4 meses, vc já tá mais tranqüila e tudo passa...
bjs
eu fico aterrorizada só de lembrar do primeiro mês. A partir do terceiro, parecia que eu sempre tinha sido mãe, a vida toda. melhor eu pensar do terceiro em diante, rsrsrsrs. e fora a culpa que a gente sente por se sentir assim. lembro de uma vez, no primeiro mês, ter pensado em algum momento "por que eu fui inventar isso?". olha que horror!
É isso mesmo. Sem tirar nem por! e a parte de "rotina só na casa da vizinha" é ótima!
Jackie
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