
por: Kathy
Minha avó paterna, que morreu em 2007 com 89 anos, pariu 8 filhos em casa, no interior de São Paulo, de 1937 a 1952. Amamentou os filhos dela e os de uma prima. Foi minha maior incentivadora pró parto normal. Dizia que "doía pra valer, mas passava como se tirasse com a mão depois que o neném nascia"
Minha avó materna, que morreu em 1985, pariu dois filhos em casa, em São Paulo, capital, em 1942 e 1945. Segundo minha tia-avó, ela costumava dizer que se tivesse uma "injeçãozinha" que tirasse a dor teria mais dez. Os filhos mamaram no peito, depois leite de vaca, porque "era mais forte".
Minha mãe, que morreu em 2002, foi ter a pequena garotinha aqui na Pro Matre*, em 1979, porque era "a melhor maternidade de São Paulo".
Teve uma gravidez tranquila, continuou trabalhando até o fim, se alimentava bem... A bolsa estourou na madrugada, foram para o hospital, mas chegando lá ela foi diagnosticada com pré-eclâmpsia e encaminhada para uma cesariana "de emergência".
Teve complicações na cirurgia e ficou 3 dias inconsciente na UTI. Não conseguiu me amamentar. Ficou traumatizada, não teve mais filhos.
O pai do meu filho nasceu no Hospital Santa Catarina, em 1987. Na época, essa também era uma das "melhores maternidades de São Paulo". A mãe dele ficou apavorada depois de um exame em que a médica disse, tristemente, que o bebê estava sofrendo, e correu para fazer a cesariana.
Eu sempre tive muito medo de cesariana por conta do que minha mãe passou. Queria o parto normal, mas achava que o hospital era o melhor lugar.
Esbarrei em problemas financeiros, em convênios, burocracias. E, felizmente, numa lista de discussão sobre parto humanizado na internet que me mostrou a realidade da obstetrícia brasileira.
Apesar de tudo o que aprendi na lista tive medo e não encarei o parto domiciliar nem a casa de parto. Não confiei em mim, no meu corpo, na minha força. Não banquei.
Tive meu filho há quase dois anos num parto normal hospitalar relativamente tranquilo, mas com uma série de intervenções chatas que eu não gostaria de repetir (anestesia, epsiotomia, manobra de Kristeller, vitamina K no bebê, colírio, etc).
Ainda assim fui considerada corajosa, guerreira, determinada, etc... Simplesmente porque fiz a coisa como deveria ser. Ou quase como deveria ser.
Aposto que se o bebê tivesse nascido em casa, no meio do mato ou na casa de parto, ou na lua, a conversa seria a mesma. Que corajosa, que determinada, etc.
A diferença é que da parte ruim só quem lembra sou eu.
Ainda não estou grávida, mas certamente terei meu(s) próximo(s) filhos em casa, igualzinho as minhas avós.
Retrocesso? Sim, mas um retrocesso do bem. Tomara que nossos filhos possam passar adiante essas sementinhas da humanização... Quem sabe a gente não pode mesmo ir mudando as coisas aos pouquinhos?
O que será que aconteceu com a gente? Nem se passou tanto tempo assim desde a época das nossas avós.
Não sei bem explicar o que aconteceu há uns 50 anos. De repente, resolveram que as mulheres não sabem mais parir.
A cesariana não é mais uma opção que salva vidas em casos de risco para a mãe e o bebê. Tornou-se escolha médica, marcada sem necessidade, sem uma indicação precisa.
Mas ainda dá tempo. Nesse próximo domingo, Dia das Mães, o ministério da Saúde deve lançar uma campanha de incentivo ao parto normal. Eu recebi essa notícia com muita alegria.
Espero que muita gente se sensibilize e se conscientize com a ajuda dessa campanha. Já está mais do que na hora! Vamos passar pra frente a idéia? Aqui você encontra uma notícia sobre essa nova campanha e sobre os benefícios do parto normal. Vamos passar adiante essas informações?
3 comentários:
minha avó materna morreu no parto em casa, quando minha mãe ainda não tinha 2 anos. Minha mãe quase morreu em uma cesárea qdo nasci pq teve infecção hospitalar. Adivinha o que ela prefere? Cesárea!!! Engraçado como o histórico familiar influencia, fica gravado nas pessoas. É uma coisa irracional que a pessoa, fica como uma digital. Minha ma~e associou parto à morte, né?!
Ólá,meninas! minha mãe teve as duas filhas de PNH, mas minha família quase inteira fez cesárea, maaas... graças ao bom céu TODAS, sem exceção, recomendam o parto normal, odiaram cesárea! Quando acabei em uma cesárea, todas sentiram muito, inclusive eu, claro. E vamo que vamo! aah! linkei o seu blog no meu pra entra sempre, tá? bjs
Rê mãe da Dandara
www.aocaminhar.blogspot.com
Kathy,
Eu tive meu filho de parto normal hospitalar e minha filha de parto natural domiciliar.
Beijos
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