por: Tata
Curioso, esse papo todo de parto. Dá pano pra manga. Gera discussões sempre exaltadas, entre os defensores da cesárea salvadora, do louvor à tecnologia, da soberania do médico, do parto sem dor, do processo natural, do resgate do protagonismo. Argumentos de parte a parte, e sempre acaba surgindo a tal da frasezinha: "eu não sou menos mãe porque fiz cesárea!".
Não, não é. Se você fez cesárea, não é menos mãe, ou uma mãe pior do que eu, que tive minhas filhas de parto normal. Simplesmente porque isso não é uma competição. Não é uma corrida para ver quem chega no final acumulando mais pontos, para subir no pódio e receber a medalha de "top mãe".
Mães, somos todas. As que tiveram parto normal, as que tiveram cesárea, as que tiveram seus filhos em casa, no meio do mato, debaixo da jaqueira, as que adotaram, as que acolheram filhos alheios como se fossem seus. A maternidade é muito mais do que a via de parto. O amor de mãe é coisa de pele, é ligação sublime. E nada disso depende de como o seu filho veio ao mundo. Absolutamente nada.
Agora, não é porque não faz de ninguém mais ou menos mãe que a via de parto deve ser desconsiderada, ou negligenciada porque, afinal, "o parto é só um detalhe". Bom, pode até ser. Porque o parto não é importante para todas. Para algumas, como eu, é um rito de passagem, um momento de conectar-se com uma essência de fêmea, um processo de resgate do primitivo, da magia, do divino. Para outras, é um degrau para ter seu filho nos braços. E nenhuma dessas visões é melhor ou pior que a outra.
Para mim, o parto era importante porque eu acredito que a forma como minhas filhas seriam recebidas nesse mundo faria a diferença para elas de diversas formas. Há quem não acredite nisso, e tudo bem. Ninguém está errado nessa estória, e cada um age de acordo com o que acredita.
O que precisa é respeitar. Entender que verdades absolutas são coisa de gente arrogante, que cada um escolhe seus caminhos na vida tendo por base suas crenças e valores, e quando se trata de crenças e valores, é 'cada um com seu cada um'. Não existe melhor, nem pior.
Já dizia o poeta: "tudo vale a pena, se a alma não é pequena".
Tudo. Tudo mesmo.
Imagem: 'Maternidade', de Almada Negreiros, em http://www.mcb.pt/almada
4 comentários:
concordo com cada letrinha do que você disse!
êhh lindeza...
:)
beijos e mais beijos
Lindo post, mas mesmo assim, sou defensora ferrenha do parto normal. ;-)
Postar um comentário