
por: Kalu
É curioso perceber como as pessoas se afastam de si mesmas todo o tempo. Uma sobrinha do meu marido não menstrua há 4 anos e usa isso como bandeira da liberdade. Este tipo de feminismo, em minha opinião, mais se aproxima de uma masculinização das mulheres. Esta mulher é um reflexo de uma sociedade que valorizou o masculino: a razão, o mecanicismo, o domínio do homem sobre a natureza.
A grande parte das pessoas vive trancada em escritórios sem ver a passagem do dia e a chegada da noite. Não pisa no solo e convive com um verde acinzentado que ainda existe na cidade. Toma remédio para dor muscular dos ombros e da cabeça, sem pensar o que causa aquilo. Alimenta-se mal, seja física ou espiritualmente.
Distante de si, distante dos ciclos da vida, não pensam na importância de como trazer uma vida ao mundo e nem como uma vida vai partir. Como os tibetanos dizem: Vivem como se fossem mortos e morrem como se não tivessem vivido.
Cabe a nós mulheres, o encontro com esta reconexão com os ciclos. Para mim é maravilhoso sentir as ondas hormonais que passamos durante nossos períodos. O ápice da fertilidade, o acolhimento da menstruação, o ressurgir. Fantástico! Tudo isso acontecendo dentro de nós... Ás vezes posso sentir minha ovulação.
E na gestação o corpo a se transformar em cada fase. O parto que traz a dor prazerosa, a ardência apaixonante. Ser mulher, feminina e lunar. Isso é uma delícia. Não abriria mão disso por nada. Quando rompemos ciclos lidamos com algo muito maior que desconhecemos. As conseqüências podem ser desastrosas.
Dentro do movimento ecológico é dito que a derrocada da natureza sobre a tecnocracia se deu quando a mulher deixou o feminino, o natural, para se masculinizar. Chegou a pílula, a liberdade sexual. Menstruação passou a ser um empecilho para os objetivos.
O corpo foi privado de seu pleno funcionamento. Sem conhecer seu corpo, a mulher valorizou o homem que é capaz de lhe dar prazer sem saber que o prazer é reflexivo: vc mesmo tem a capacidade de senti-lo. A mulher deixou de ver-se como parte da natureza, sendo ela mesma a deusa. Abraçou um Deus patriarcal que a oprime e culpabiliza.
A mulher sente-se perdida, com seu corpo, suas funções no mundo. Nasceu a síndrome do pânico. A alma que chora. A mulher desacreditou em si. O “doutô” faz seu parto sem dor. Ela nasce confusa como mãe. Amamenta por pouco tempo, quando amamenta, para que os filhos aprendam a ser desde cedo auto-suficientes. Os bebês se consolam sozinhos, na enorme cama escura. As mulheres comemoram os filhos, que desde de cedo dormem sem colo, comem sozinhos, andam tão rápido. Talvez para fugir? Quem sabe?
Existe um plano de metas, a agenda 21, que coloca a mulher como atriz principal da revolução ecológica. Somos nós quem passamos os valores culturais para frente. Vocês podem sentir o cheiro da transformação? Suas filhas sabem que criança nasce pela “xoxota”, que mamar no peito é um ato de amor.
Nada de mamadeiras. Nossos filhos sempre estão pertinho, amarrados nos slings. Muitas de nós trabalhamos em casa. As que não trabalham deixam leite, valorizam cada precioso momento da maternidade. Nossos votos de ano novo é para economizar os recursos do planeta e viver o prazer da vida, de ser mulher. Sem rompimentos do feminino.
Somos bruxas, malucas que parimos em casa e dizem que fazemos ritual para comer placenta. Somos lindas com nossos corpos e peitos, sempre amostra. Fazemos a verdadeira revolução feminista. Plantamos a cooperação e o amor.
Lá para frente, talvez em outra dimensão ou lugar, poderemos ver surgir os frutos da paz.
Dica de Leitura: Seu sangue é ouro - Resgatando o poder da menstruação (Lara Owen - Rosa dos Tenpos)
4 comentários:
Aurea e Rê,
Ficou lindo o blog.
Li todas as postagens, e como não poderia ser diferente, identificação total.
Desejo Boa Sorte nessa nova aventura virtual, sempre que der passo por aqui, já linkei vcs nos meus blogs.
bjs de uma sempre radical
Ans Sixx
http://anasixx.blogspot.com
http://paneladibarro.blogspot.com
Puxa, mamíferas maravilhosas!!! Parabéns. O blog está lindo.
Nós somos isso tudo descrito neste texto da Kalu. Me achei, me identifiquei e vi que me encontro num espaço-tempo que meu íntimo feminino tanto pedia...
Ai essas maternas, como modificaram imensamente a minha vida.
Agradeço à natureza por esse contato virtual constante, e vcs hoje já fazem parte de mim.
PS. Juro que ainda vou aprender como linkar o blog de vcs no meu, tá bom???
Beijos no coração de vocês.
Ana Lúcia
Kalu, adorei o texto!
Está tudo lindo por aqui!
Beijos mamíferos carinhosos...
lindo blog, meninas!
Kalu,amo seus textos desde que li seu relato de amamentação no blog da matrice... sinto uma profunda identificação!
bjs,
Tati
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