
por: Tata
Ultimamente, ando aqui às voltas com uma mocinha de pouco mais de 9 meses, que decidiu que a noite não é feita pra dormir, mas pra ficar bem juntinho da mamãe, grudadinha mesmo, mamando, mamando e mamando.
Com as meninas, lembro que aconteceu algo muito semelhante. Elas, que com um mês de vida já dormiam horas e horas seguidas, com o tempo também voltaram a acordar algumas vezes no meio da noite, para mamar e curtir um aconchego. A partir daí, foram meses e meses de sono picado pela frente. Olhando pra trás, eu percebo que, nessa época, desperdicei muito tempo ficando angustiada, sofrendo com a situação, questionando, tentando 'consertar' o que nem errado estava.
Hoje, fico contente de poder passar pela mesma coisa, mas vivendo sentimentos totalmente diferentes. Com a Chiara, não sofro, não me angustio com as acordadas noturnas. Vejo como algo natural, temporário.
Sim, é óbvio: acordar inúmeras vezes no meio da noite deixa a gente cansada pra burro. Mas digo por experiência que esse cansaço pesa muito menos quando não carrega consigo a angústia, os questionamentos constantes, a pergunta repetida mentalmente, ad infinitum: "o que eu estou fazendo de errado??". Depois de ter vivido essa experiência com as mais velhas, e agora novamente com a mais nova, eu já sei qual a resposta para essa pergunta: absolutamente nada.
Um bebê que acorda à noite, seja para mamar ou para sentir-se aconchegado, não tem qualquer problema, não está fazendo nada de errado. Depois de muito conversar com amigas mães a respeito, e observar minhas próprias filhas, hoje eu acredito que bebês que dormem à noite toda sem que tenham sido 'adestrados' pra isso, são a exceção, não a regra. A grande maioria dos bebês passará um bom tempo acordando de tempos em tempos sem que isso signifique que há algo de errado com eles. Eles estarão apenas se desenvolvendo naturalmente, crescendo e buscando sentir-se seguro para superar etapas, amadurecer.
Se não houvessem tantas cobranças, tanta comparação, tanto 'tem que ser assim', ou 'tem que ser assado', essa fase da vida dos bebês seria bem mais tranquila, mais leve, mais suave. Essa pressão cultural de que o bebê deve dormir a noite toda porque é assim que tem que ser é, além de cruel, antinatural. Afinal, bebês não nascem sabendo que a noite foi feita pra dormir. Esse será mais um entre tantos aprendizados que eles vivenciarão do lado de fora da barriga da mamãe, onde estar adormecido ou acordado era pura continuidade. Se a gente se apega a essas cobranças descabidas, acaba sofrendo sem motivo, e perdendo um tempo precioso buscando solução para algo que, no final das contas, nem era um problema.
Para as mães que estão passando por essa fase de acordadas noturnas agora, minha sugestão é bem simples, básica: relaxe. Descanse sempre que possível, e para facilitar, traga o seu bebê para dormir juntinho. Cama compartilhada, nessas horas, é a salvação da lavoura, como diriam nossas avós. Afinal, ter que ficar levantando inúmeras vezes para pegar o bebê no quarto ao lado é energia desperdiçada. Com o seu pequenino juntinho de você, quando ele acorda, tudo fica mais fácil: basta se virar na cama, e dá-lhe peito na boca do neném! Ele vai mamar contente, vai sentir satisfeita sua necessidade de aconchego e segurança, e você vai estar mais descansada no dia seguinte. Parece mágica...
E uma coisa eu posso dizer, por experiência própria: apesar dos prognósticos pra lá de pessimistas que a gente cansa de ouvir por aí, seu filhote não chegará aos quinze anos de idade chamando desesperado pela mamãe no meio da madrugada, não. Minhas filhotas mais velhas estão aí para não me deixar mentir, dormindo todos os dias às sete e meia da noite, para só acordar lá pelas sete do dia seguinte.
Então vamos lá, repetindo todas juntas o velho e bom mantra da maternidade: isso passa, isso passa, isso passa. E quando cansar de repetir, grave em mp3 e capriche no replay. Pra não esquecer nunca, mesmo.
Um belo dia, quando menos esperar, você vai acordar já de manhã, com o sol entrando sem pedir licença pelas frestas da janela, vai olhar para o filhote ainda adormecido, sereno como um pequeno anjo, e pensar: 'hummm... será que ele vai demorar pra acordar? estou com uma saudade daquele sorriso maroto...'.
Não tem jeito. Mãe é bicho contraditório, mesmo. Meio doido. Tem saudade até do que cansa, do que exige. É que a gente percebe que é assim mesmo, tudo tem sua graça. Pedacinhos dessa poesia deliciosa que é colocar um filhote no mundo e ver de camarote ele crescer, e aparecer.
Delícia grande demais, essa.
Imagem: http://arteempinturaemtecido.blogspot.com