
por: Flavia Penido
Tem uma coisa que eu gostaria ter ouvido logo que meu filho nasceu. Por isso resolvi falar aqui para vocês que são mães de meninos: Converse muito com seus meninos desde bem pequenos, você é uma mulher e entende de coisas que ele só vai poder conhecer através de você e de mais ninguém.
Eu sei, eu sei, também precisamos conversar muito com as meninas! Nunca deixem de conversar com elas, mas eu quero reforçar a conversa com meninos por que com meninas geralmente a conversa não desaparece.
Já existem estudos que demonstram que com o passar dos anos meninas melhoram a capacidade de demonstrar suas emoções e falar sobre elas, enquanto com os meninos acontece o processo inverso, a capacidade tende a diminuir e em alguns desaparecer e ficar soterrada em uma máscara estóica que não demonstra nenhuma emoção. Saber disso para mim é quase petrificante.
Você já viu um adolescente com esse rosto duro sem expressão? Eu já. Trabalhei com alguns deles há muitos anos quando era estágiaria em psicologia. Mas vamos falar de coisas saudáveis que é melhor...
Os meninos são muito exigidos no autocontrole, muito mais do que as meninas. Quem nunca ouviu a famosa frase: "Para de chorar fulano! Homem não chora!" Por que as meninas podem demonstrar tristeza e outros aspectos das emoções e os meninos não?
Algumas pessoas respondem que chorar e demonstrar emoções são sinais de fraqueza. Acontece que quando um ser humano não pode demonstrar suas emoções ele compensa em atitudes e comportamentos inadequados.
A passagem ao ato violento é o que os meninos costumam usar como válvula de escape. Agressões são muitas vezes formas de expressar frustrações mal resolvidas e não expressadas da maneira adequada. A agressão faz muito mal para quem faz e para quem a sofre.
Eu acredito que para contrapor essas regras de grupo, regras de bando, precisamos nós mulheres mostrar que é preciso ser muito forte para ter coragem de demonstrar sentimentos. Desde pequenos precisamos ajudar as crianças a dar nome às emoções.
No começo elas são apenas sensações físicas fortes que nos perturbam e não sabemos o que fazer. Por exemplo: quando uma criança pequena se perde e se vê só ou entre desconhecidos. O que acontece com ela? O coração dispara, fica arrepiada, o corpo quer correr, ou quer se esconder em um cantinho e ficar bem quietinho. Ela sente ainda o choro chegar rapidamente por que é o que ela aprendeu até agora. Importante ela conhecer então como isso se chama: Medo.
Todo mundo sente isso, o corpo reage assim quando sentimos medo. Endossar que você já se sentiu assim muitas vezes também é bom. Quem nunca sentiu raiva levanta a mão! É normal, eu sinto raiva! Mas não importa, sentir coisas é natural, o que importa é o que fazemos com a emoção. Ensinar para as crianças o que fazer das emoções não é fácil. Muitas vezes nem nós sabemos o fazer com elas.
Quando eles crescem um pouquinho, nós pensamos que eles já sabem um pouco mais das emoções, mas nem tanto assim! Temos que conversar o tempo todo sobre o que sentimos e o que fazemos com os sentimentos. Preservar essa conversa com os meninos é importante por que eles tendem a obedecer as regras do grupo quando começam a crescer e se nós não reforçamos as conversas eles desistem e se calam.
Antes de tudo, escute com atenção. Procure estar verdadeiramente presente quando estiver com eles. Não julgue nunca os sentimentos, todo sentimento é valido, sejam eles positivos ou negativos. Só os comportamentos devem ser revistos. Está nas mãos das mulheres criarem seus filhos homens de uma forma não violenta e empática, onde falamos o que sentimos e sentimos o que o outro sente.
Depende muito de nós as mudanças que queremos embutir na sociedade. Que eles conheçam e respeitem o universo feminino. E é claro que os pais também podem e devem ajudar muito nesta tarefa. Sobre as meninas, merecem um recado só para elas, vocês não acham?
Imagem: http://dominioti.files.wordpress.com/2010/01/mae-e-filho.jpg
6 comentários:
perfeito. tenho um menininho e penso nisso todo dia, na minha missão como mãe de um futuro homem. nunca é demais falarmos sobre isso.
Também tenho um filho homem e sempre tento fazr com que ele seja diferente dos outros.
Ensido ele todos os dias a abraçar, beijar e amar sempre!
Amei, Flavia.
Tenho um menino e vou cuidar do docaraçao coraçaozinho dele melhor.
Ele é canceriano, passional e idealista. Igual a mim....
Bjks
Eu não tenho meninos (ainda!), mas tenho certeza que minha filha terá amigos e companheiros, namorados e marido (preferencialmente no singular!) melhores se as mamães e PAPAIS de meninos educarem-nos fora do estigma machista, que ainda, em pleno século 21, impera por aí! Boa sorte às mamães e papais de meninos!
oi, Flávia , GOstei muito do texto, perfeito para nossa semana de Luta das MUlheres, para nosso 08 de MArço. Tbém penso sobre isso, sobre a responsabilidade de criar meninOs, como está nas mãos da mulher a mudança tão esperada do Ser HOMEM, do homem na sociedade, homens mais sensíveis, mais igualitários, que respeitem as mulheres, homens sem violência.
PARABÉNS AMIGA!!! É NÓIS CRIANDO OS HOMENS DO FUTURO. QUE DEUS ILUMINE AS MÃES NESTA TAREFA.
Ana Beatriz , mãe de JOrge Aruã 09 meses.
Oi Fla,
Eu tenho dois meninos, de 1 e 3 anos, e todos os dias eu percebo como um é diferente do outro. Procuro respeitar as diferenças e acentuar as qualidades.
Procuro escutá-los com os ouvidos, com a pele, com os olhos e principalmente com o coração e estou tentando ajudá-los, um a lidar com seus medos e inseguranças, e o outro com a falta de medo mas com outras dificuldades, tudo isso sem julgar.
Não é fácil mas é um desafio maravilhoso.
Lídia
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