por: Danielle Romais (Mamífera convidada)
A maternidade traz com o resultado positivo a responsabilidade de, por um bom período de tempo, escolhermos e decidirmos pelo bebê. Seja o nome, o parto ou simplesmente a decoração do quarto, todas as decisões e escolhas são nossas.
Depois que o bebê nasce, temos que escolher amamentar, pois se isso não for uma escolha pessoal da mãe, não acontece naturalmente já que a pressão para dar uma mamadeira cheia de leite artificial é bastante grande.
Existe um coro de pessoas esperando o primeiro sinal de desespero da “mamãe de primeira viagem” para oferecer a fórmula milagrosa. Parentes, amigos, médicos e até mesmo estranhos na rua se acham no direito de palpitar sobre a forma “correta” de agir com o bebê.
Porém, não tem “doutor” ou sogra ou mãe que assuma a responsabilidade pela escolha, mesmo que eles a tenham influenciado ou até deliberadamente forçado.
Junto também com a maternidade, existe a pressão da sociedade em agir conforme os padrões por ela impostos. Muitas pessoas acabam sucumbindo a essa pressão, e acabam agindo contra seus instintos.
No entanto, elas decidem sim ignorar seus instintos e decidem não questionar. Fazem como seus pais faziam simplesmente porque “é assim que deve ser feito”. Acreditam que seu leite é fraco, que seu colo irá “estragar” o bebê e que sua presença é dispensável. Acreditam que outros cuidarão do seu filho melhor que elas mesmas.
No entanto, algumas poucas pessoas decidem tomar as rédeas da situação e agir conforme seu instinto materno demanda. Essas nadam contra a corrente em busca de um jeito alternativo e intenso de maternar. Essas questionam incansavelmente até que obtenham uma resposta satisfatória, pensam criticamente sobre toda e qualquer solução oferecida e tomam a decisão com base em muito estudo, análise e discussão.
Sempre penso nas escolhas que fiz desde que descobri que estava grávida do Kiyo e é incrível como algumas delas ainda me assombram. Acreditei que não seria capaz de dar a luz ao Kiyo naturalmente e me submeti a uma cesárea. Até hoje fico pensando como seria se tivesse batido o pé e feito diferente.
Quando olho para o Kiyo, com seus 3 anos de idade recém feitos, percebo como foi importante para nós como família manter as nossas escolhas baseadas naquilo que nós entendemos como melhor, saudável e rico para o desenvolvimento dele.
Amamento o Kiyo até hoje apesar de ouvir que eu não tinha leite e que deveria dar a mamadeira. Muita gente me diz que ele vai sofrer para largar do peito e que ele será muito dependente de mim. Da mesma forma, muita gente nos critica dizendo que a cama compartilhada é prejudicial para o desenvolvimento social e emocional do Kiyo.
Muita gente franze a testa ao saber que o Kiyo “ainda” não vai para a escola, e os “mais chegados” se acham no direito de argumentar dizendo que ele não saberá como agir socialmente se demorar demais para colocá-lo na creche.
No entanto, quando olho para o Kiyo vejo um menino saudável que sabe conversar com estranhos e adora brincar com outras crianças. Vejo um menino que sabe bem o que quer e que não fica escondido atrás do papai e da mamãe quando é abordado por alguém. Ao contrário, ele é conhecido por toda a vizinhança mesmo aqui nos EUA, onde praticamente ninguém conversa com os vizinhos.
Vejo um menino que respeita os outros, sabe agradecer quando alguém lhe faz um favor, sabe perdoar se alguém lhe pede desculpa e sabe dizer com todas as letras quando não se sente confortável com alguma situação. Ele é uma criança feliz. Creio que nossas escolhas influenciam o mundo dele e espero que influenciem também suas escolhas no futuro.
Imagem: Kiyo - arquivo pessoal de Danielle Romais
5 comentários:
Olá, Danielle!
Vejo que, pelos traços do comportamento do seu filho, estamos de acordo. Pois também acredito que uma criança (entre 1 e 4 anos... ou mais) fora da creche ou da "escolinha" pode desenvolver-se tão bem, eu diria até melhor, do que aquela que frequenta uma.
Ignore mesmo o discurso do "ele não saberá como interagir socialmente". A maioria dos adultos que dizem isso são justamente os que não sabem.
Em Lisboa, foi uma polêmica a divulgação de uma pesquisa que falava da quantidade de horas que as crianças passam em frente à tv quando estão nas creches. Foi um escândalo, um alerta geral. De repente, um estalo da população local: creche não é opção, é justamente falta de opção!
Aí o discurso mudou, foi um bla bla bla sobre o governo e as horas de trabalho das mães e o salário mínimo e o período de licença maternidade e que na Holanda é assim e na Noruega é assado e bla bla bla...
Tudo igual. E as mães que se virem, porque nada muda.
Criança precisa de, entre outras coisas, espaço, dias de sol, passeios, contato com terra, plantas, bichos, carinho, atenção e oportunidades para errar. Interagir com outras crianças é consequência, afinal grande parte de nós não vive numa ilha deserta. No inverno é mais complicado, eu sei. Mas toda cidade com inverno rigoroso divulga opções para as crianças, pois em qualquer cidade há crianças.
Seu filhote deve ser um espetáculo de simpatia! Por isso seu texto passa tanta segurança.
Um abraço daqui de longe,
Michelle
Oi Michelle,
Obrigada pelo comentario. Concordo contigo sobre o que as criancas precisam.
Beijos...
Dani
Concordo com tudo o que disse, sem tirar nem por!
Por mais que minha filha ainda não tenha nascido, tenhos dois irmãos pequeninos, e tenho o orgulho de dizer que as características que todos elogiam no mais velho (5 anos), fui eu quem ensinou.
Fiz um post no meu blog recentecemente falando sobre isso dos palpiteiros, e que faço questão de ensinar e criar minha filha do jeito que eu e meu namorado acharmos melhor, e não do jeito que dizem por ai ser o correto, afinal, não existe um jeito correto. Existem vários jeitos que podem ou não funcionar com cada criança, e quem deve julgar o que é bom ou ruim são os próprios pais, e mais ninguém.
Um abraço,
Maria.
Olá!!
Excelente postagem!!!
Minha filha está com um ano e 9 meses e as pessoas sempre me perguntam: Qual é a esolinha que ela vai?? E eu digo, nenhuma ela fica em casa....nossa....assim recebo várias caras estranhas e algumas críticas!!!!
Dificilmente elogios!!! Acho que nenhum!!!
Graças a Deus tenho a oportunidade de apenas trabalhar meio período, assim posso ficar curtindo a minha filha, enquanto ela me quer, rsrsrs, fiquei 1 ano e 4 meses sem trabalhar, me curando de uma depressão pós-parto, e hoje entendo e aceito que a minha dpp teve que vir para assim eu dar um tempo no que sempre fiz (trabalhar) e poder curtir os primeiros meses de minha Giovanna!!!!
Bom, a Gi sem ir na escolinha fala tudo, conta até 30 rsrs, fala todas as cores, formas....e o mais importante é super educada e carinhosa.....faladeira de plantão!!!!!! rsrsrsrsrs
Bom, amo esse blog e acho que vcs sempre, pegam em pontos maravilhosos da maternidade!!!
bjos
Jú.
www.depreposparto.blogspot.com
Dani, se tem uma coisa que a gente faz nessa vida são escolhas. Depois da maternidade, essas escolhas pesam sobre nossos ombros pela responsabilidade de bem criar os nossos filhotes. Também já fiz muitas escolhas erradas por influência externa e, assim como você, aprendi a dar mais valor aos instintos, pois quando me baseio neles, procuro me municiar de informações seguras e, com isso, acertar nas minhas escolhas.
Parabéns pelo texto e pelo filhote! Beijo
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