por: Tata
Não foram poucas as vezes que já ouvi que devia ensinar minhas filhas a serem "mais sociáveis", "mais educadas". Isso, porque elas não cumprimentavam quando entravam em algum lugar, ficavam tímidas e vinham se esconder atrás de mim. Quando alguém pedia um beijo, um abraço, ficavam mudas. Não eram de conversar muito, só se soltavam mesmo com as pessoas mais próximas da família, e olhe lá.
Eu sempre respeitei o tempo delas. Até porque eu mesma, já com trinta e um anos nas costas, também sou tímida pra burro, praticamente não falo com quem não conheço, se chego onde tem muita gente, entro muda e saio calada. É claro que com o tempo, fui aprendendo a "me virar" socialmente, mas sem mudar a minha personalidade, que é minha e não é um defeito, é apenas uma característica.
Lembro de quantas e quantas vezes eu, quando criança, ouvi dos adultos coisas como: "vai lá, fala com a fulana, deixa de ser caipira!!!", ou "ai, coisa mais feia, ficar aqui quieta num canto, vai lá dar um beijinho na tia cicrana!!". Putz, como eu detestava ouvir esse tipo de coisa!!
Hoje, faço um esforço danado para não repetir comentários desse tipo com as minhas filhas. Ensino, é claro, que é legal cumprimentar as pessoas, ser educada, dizer bom dia, boa tarde, boa noite, por favor e obrigada. Mas não fico forçando a barra o tempo todo. Acho que esse é um aprendizado que a criança vai absorvendo naturalmente, aos poucos. E acima de tudo, pelo exemplo, mais que pelo discurso.
Bacana é ver que elas, cada uma no seu tempo, já estão começando a aprender a ser 'bicho social' de vez em quando. Não é pra todo mundo, mas para alguns escolhidos a dedo, elas já capricham no beijo e no abraço. Ouvir um 'bom dia' da boquinha delas já não é mais coisa tão rara quanto há algum tempo atrás. Outro dia, Ana Luz saiu matraqueando em disparada com um desconhecido, no estacionamento, enquanto eu pegava o ticket. Coisa inimaginável, há pouquíssimo tempo...
E fico contente de saber que esse aprendizado está acontecendo naturalmente, sem atropelos, sem pressões desnecessárias. Porque é claro, vivemos em sociedade e é preciso saber se relacionar. Mas acho igualmente importante a gente saber se relacionar com o outro sem passar por cima dos próprios limites, sem se violentar nem se desrespeitar.
E é por isso que, outro dia, quando ouvi de uma mãe amiga que tinha acabado de ganhar um super beijo bem melado das minhas pimentas, um em cada bochecha, o comentário: "puxa, eu queria que a minha menina fosse assim... ela não cumprimenta, não dá beijo nem por um decreto!!", apenas sorri e disse tranquila: "dê tempo ao tempo. quando você menos esperar, tua pequena desabrocha".
E aí é que é lindo de se ver. Eles crescendo pelos próprios passos, cada um do seu jeitinho. Encontrando seu lugar no mundo, seu espaço para ser do jeitinho que se é. Feito a lagarta rompendo o casulo pra renascer borboleta, e sair batendo asas coloridas por aí, semeando maravilhas.
Imagem: http://vanessajneves.blogspot.com/2008_11_01_archive.html
Eu sempre respeitei o tempo delas. Até porque eu mesma, já com trinta e um anos nas costas, também sou tímida pra burro, praticamente não falo com quem não conheço, se chego onde tem muita gente, entro muda e saio calada. É claro que com o tempo, fui aprendendo a "me virar" socialmente, mas sem mudar a minha personalidade, que é minha e não é um defeito, é apenas uma característica.
Lembro de quantas e quantas vezes eu, quando criança, ouvi dos adultos coisas como: "vai lá, fala com a fulana, deixa de ser caipira!!!", ou "ai, coisa mais feia, ficar aqui quieta num canto, vai lá dar um beijinho na tia cicrana!!". Putz, como eu detestava ouvir esse tipo de coisa!!
Hoje, faço um esforço danado para não repetir comentários desse tipo com as minhas filhas. Ensino, é claro, que é legal cumprimentar as pessoas, ser educada, dizer bom dia, boa tarde, boa noite, por favor e obrigada. Mas não fico forçando a barra o tempo todo. Acho que esse é um aprendizado que a criança vai absorvendo naturalmente, aos poucos. E acima de tudo, pelo exemplo, mais que pelo discurso.
Bacana é ver que elas, cada uma no seu tempo, já estão começando a aprender a ser 'bicho social' de vez em quando. Não é pra todo mundo, mas para alguns escolhidos a dedo, elas já capricham no beijo e no abraço. Ouvir um 'bom dia' da boquinha delas já não é mais coisa tão rara quanto há algum tempo atrás. Outro dia, Ana Luz saiu matraqueando em disparada com um desconhecido, no estacionamento, enquanto eu pegava o ticket. Coisa inimaginável, há pouquíssimo tempo...
E fico contente de saber que esse aprendizado está acontecendo naturalmente, sem atropelos, sem pressões desnecessárias. Porque é claro, vivemos em sociedade e é preciso saber se relacionar. Mas acho igualmente importante a gente saber se relacionar com o outro sem passar por cima dos próprios limites, sem se violentar nem se desrespeitar.
E é por isso que, outro dia, quando ouvi de uma mãe amiga que tinha acabado de ganhar um super beijo bem melado das minhas pimentas, um em cada bochecha, o comentário: "puxa, eu queria que a minha menina fosse assim... ela não cumprimenta, não dá beijo nem por um decreto!!", apenas sorri e disse tranquila: "dê tempo ao tempo. quando você menos esperar, tua pequena desabrocha".
E aí é que é lindo de se ver. Eles crescendo pelos próprios passos, cada um do seu jeitinho. Encontrando seu lugar no mundo, seu espaço para ser do jeitinho que se é. Feito a lagarta rompendo o casulo pra renascer borboleta, e sair batendo asas coloridas por aí, semeando maravilhas.
Imagem: http://vanessajneves.blogspot.com/2008_11_01_archive.html
11 comentários:
Olha Renata, tenho uma ideia totalmente inversa da sua..
Nao sou timida mas nao sou tao simpatica tbm e odeio qdo eu falo com uma crianca e ela ignora... nao responde, nao se comunica.. parece q ela vive num mundo de fantasia q existe na casa dela e que os pais nao deixam ela sair!
Trabalho com mae, pais e criancas diariamente e eh muito mais gostoso ter esse bate papo bobo com uma crianca do que ver aquela q vive se escondendo entre a mae e o pai!
Ninguem deve ser forcado a ser simpatico, eu nem sempre sou. Mas a crianca q nao fala muito, q eh mais timida sera aquela q desejaria ser mais extrovertida no futuro!
Abracos
Querida,
Eu estava meio sumida, mas estou de volta para BABAR nos posts das mamiferas !!
Olha, eu sou bem extrovertida, e minha filha de paenas 1 ano de idade tb é, entretant eu não gosto nada nada das convenções sociais que se impõe as crianças !!!
Como vc mesma disse: cada um tem seu tempo e devemos respeitar sempre...
Grande beijo
Oi Tata!
Concordo plenamente com vc! Quero que seja assim com minha filhinha tb!
Acho q tudo oq é forçado (diferente de estimulado) vira uma coisa muito chata!
Li no livro "Criando Meninas" que jamais deve-se fazer comentário do tipo: -Vai lá, dá um beijo na Tia fulana! Isso pode confundir um conceito importante para a criança aprender, que é a INTIMIDADE!
Afinal, de quem eu mesma não sou intima, não saio beijando, pq fazer isso com as crianças?
E eu mesma muitas vezes me vi constrangida quando via que alguém estava forçando uma criança a ser sociável comigo...
Depois de um tempinho quando a criança visse q eu era do bem e tinha minhas qualidades ela mesma ia se chegando...e como é gostoso despertar a curiosidade e o interesse de uma criança...MUITO mais legal do que ver a mãe dela impurrando ela para cima de mim!
Adoro ler as peripércias da suas pimenta!
Beijo Grande!
Tudo de bom pra vocês!
Nani
Isso tb acontece com a minha filhota, Re.
E olha, vou te contar, fico com vontade de bater nos pais que ficam obrigando os filhos a dar abraço qdo eles não querem. É que nem quando vejo mãe obrigando filho pequenino a emprestar brinquedo pro amiguinho.
Claro que é preciso dar limites, forçar uma barra em relação a algumas coisas, mas nesses casos acho tão absurdo. Daí as crianças crescem sentindo que é obrigatório ser civilizado, perdendo a espontaneidade, se "adequando".
E vou te contar uma coisa: hoje, mais do que nunca, respeito os inadequados. Normalmente são os que estão agindo com o coração.
beijo
Re
A Isa tb não falava com ninguém e agora algumas vezes, com algumas pessoas, ela se solta e fala pelos cotovelos rs.
Concordo totalmente com seu post !
Beijos
Lê
Pois é, sou totalmente adepta ao "dar tempo ao tempo". Coisa que me irrita e chateia demais é tratar criança como animal adestrado, ignorando os sentimentos e as vontades deles.
Tem gente que conheço que nem eu gosto de cumprimentar, e ficam exigindo que a Bruna vá lá, cumprimente, abraçe e beije. Deus me livre.
Incentivo sim que ela seja simpática, mas não forço a barra. Se ela diz que não, é não e pronto.
Só pq eles são pequenos são obrigados a satisfazer nossas vontades?
Ótimo post.
Beijos
Tata, me identifiquei imediatamente com seu post! Meu filho também "escolhe" com quem quer se relacionar e não é difícil ser até discriminado por isso. Parentes próximos diziam: nossa que jacu, que mau-humorado! Ai ficava mt chateada, mas nada como o tempo né! Tá certíssima, respeitando esse tempinho elas se desenvolverão mt bem. Além do que feio é falar assim da criança pq cada um tem um jeito, eles tb tem sua personalidade ué!
bjsss
Giovana
Meu pequeno é super extrovertido, fala pelos cotovelos e vive dando tchauzinho pras pessoas na rua.
não sei se isso é bom ou ruim, por hora é bonitinho.
sei que é um traço marcante da personalidade dele que aflora.
o importante é entender os comportamentos antes de resolver se é defeito ou qualidade.
bjo
carol
viajandonamaternidade.blogspot.com
"Mas a crianca q nao fala muito, q eh mais timida sera aquela q desejaria ser mais extrovertida no futuro!"
Puxa renatinha, discordo MUITO dessa afirmação. como criança q foi tímida e continua tímida até hj, aos 31, posso dizer que não tenho nenhum desejo de ser mais extrovertida, pq aprendi que meu jeito de ser não é um defeito, é uma característica, nem melhor e nem pior do que as outras. é um jeito de ser, q deve ser respeitado. uma criança tímida não deve crescer acreditando que precisa "evoluir", "crescer", tornando-se extrovertido, acho isso uma violência. cada um deve ser respeitado nas suas particularidades e no seu tempo para encontrar caminhos, inclusive aqueles que trilhará para se relacionar socialmente... eu levei anos e anos para entender que minha timidez não era doença nem defeito, e se puder contribuir para que minhas filhas possam aprender isso mais cedo, com certeza contribuirei...
obrigada pelos comentários!
Excelente seu texto e sua resposta à Renatinha, sempre respeitoso, carinhoso e tornando a vida mais leve e bonita, como a espontaneidade das crianças! Beijocas!
Parabéns pelo texto, gostei bastante.
Parece difícil para as pessoas perceberem que as crianças também são seres humanos!
Em uma ou duas gerações anteriores à nossa então, realmente não são consideradas como pessoas.
Não gosto quando minha filha não responde a cumprimentos, oi, bom dia, boa tarde, boa noite, por favor e obrigada, são de lei... mas não gosto que a cutuquem, abracem ou beijem se ela não quis assim. Básico!
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