por: Kalu
Antigamente as mulheres eram criadas para serem mães e esposas. Não existiam opção, sonhos possíveis, alternativas. Elas eram mães várias vezes, lidavam com a morte de muitos filhos. Sofriam calada porque não podiam se separar. Viviam a realidade, gostando ou não. Poucas fugiam da forma e se tornaram referência em diversas áreas. Mulheres e crianças não tinham direitos. Crianças eram tratadas como animais e toda gama de torturas era aceitável para domar o caráter e inspirar respeito pelo medo. Surras e castigos cruéis eram realidade. Adultos e crianças viviam em mundos segregados. Mulheres eram mães que estavam em casa sem opção. Filhos que ficavam com suas mães, sem opção. Pais que eram provedores, sem opção.
As mulheres começaram a ir para rua, a revolucionar a maternidade escolhendo a hora de parir com as pílulas. Ainda, muitas delas, permaneceram no cápítulo anterior, principalmente em lugares afastados deste mundo. As feministas partiram para o extremo oposto. A liberdade sexual e a falsa noção de igualdade, gerou para mulheres dupla jornada e a terceirização da infância. O homem ainda era o provedor de recursos financeiros e a mulher, por ganhar menos e herdar esta função de tempos anterires, ainda era a única responsável pela administração da casa e criação dos filhos. Nos países latinos ainda restou a possibilidade de terceirizar o cuidado com a casa, que americanos e euopeus, não podem se dar ao luxo.
Geração pós geração acompanhamos, a passos lentos a transformaçãos dos homens como participantes dos eventos até então restrito ao universo feminino como cuidados com o lar e filhos. A mulher ainda perdida na pintura do feminino, que ainda traz máculas do feminismo das feministas. Hoje é socialmente aceito voltar para o mercado de trabalho tão logo a licença acabe e peito seja substituído por bicos artificiais, assim como a presença por outro cuidador.
Neste quadro encontramos mulheres ainda dividas entre a casa e o trabalho, maridos perdidos nos papéis propostos e filhos carentes de tempo e atenção. E assim como a minha bisavó, eu estou em casa cuidando da minha cria. Mas diferente dela porque minha escolha é minha e não da sociedade.
Se ouvisse o berrante da boiada estaria ainda em São Paulo ganhando o triplo que recebo hoje, vivendo com meu filho um quarto do que desfruto. Mas eu sigo, como as revolucionárias de outrora, a força do meu coração na certeza de que estou deixando um garnde legado para este planeta: um filho preenchido de pai e mãe, de tempo e consciência. Movida pelo meu sonho de oferecer a ele e a mim uma possibilidade de cerscimento emocional e espiritual eu me reinvento na maternidade mil vezes. Mudo de pediatra, de certezas para buscar, empre, caminhos mais naturais e intuitivos.
Na minha jornada, sou comparada as mulheres de atenas, que como a minha bisavó era o que era por falta de opção. Mas o que sou é por mérito e opção. Aqui em casa posso realizar meu trabalho, criar meu filho, pedir ajuda para uma cuidadora diária, terceirizar os cuidados com a casa, servir ao mundo com uma produção intelectual diferenciada. E na minha jornada eu me sinto nadando contra a corrente e buscando um novo quadro do feminismo.
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
8 comentários:
Kalu, ainda bem que encontro pessoas como você e outras meninas que tem no peito um sentimento genuíno pelos filhos. Tenho muitas colegas e não são poucas não, que repetem: vou é cuidar de mim pq filho cresce e vai embora! Muitas mães ainda confundem o "estar realizada" com o "estar feliz". Devemos sempre procurar estar bem e realizando nossos planos, mas é possível sim conciliar essas duas coisas, claro que muitas vezes abrimos mão temporariamente de algumas vaidades ou desejos. Mas francamente, são coisas que ficam pequenininhas perto da retribuição que tenho naquele olhar de amor do meu filho, daquele abraço apertadinho, o cheirinho dele e uma gratidão que só eles sabem transmitir mesmo não sabendo falar! Sigo agora os passos da minha mãe com muito orgulho porque vejo que o projeto dela deu certo!
Graças a Deus, ainda consigo viver de bem com meus instintos.
trabalho sim, tenho meus momentos mãe operária, que adora trabalhar, mas as horas com o meu pequeno são sagradas e me orgulho de ter meio período para participar e preencher "de pai e mãe" (como vc disse) a vida do isaac.
adorei o post.
vai calar muita gente que acha que ser mãe é esquecer todo e resto ou se apegar ao resto exclui a maternidade.
bjo
carol
viajandonamaternidade.blogspot.com
Voltei!
Kalu,
nao sou a favor do feminismo, mas da igualdade de direitos... igualdade dentro das indvidualidades, pq mulheres e homens sao mesmo diferentes.
A mae deveria mesmo dedicar um bom tempo ao filho. isso economiza mtan dor de cabeça no futuro. mas deverioa ser por consciencia, nao por obrigaçao como outrora.
Aqui demos nosso jeito torto de nao deixar as crianças com estranhos... rs
Bjks
Olha, pros lados de cá é difícil mesmo, viu?
Uma babá cobra 8€ por hora (profissional, formada, traz propostas pedagógicas e brinquedos).
Uma ajudante de limpeza cobra 7€ por hora (como gostam de vidros por aqui, os aps tem vidros e mais vidros para limpar!).
Qualquer creche custa 500€ por mês e só existe regime full time! Ou seja, a criança fica enfiada lá o dia inteiro! Se você for buscar antes, paga o mesmo! Então, não vai pra creche e ponto final. Brinca em casa e passeia quando dá, para respirar e ter contato com outras crianças.
Muitas vezes, não interessa o que você quer, você TEM que dar conta da casa, TEM que cuidar do seu filho e TEM que trabalhar (porque gosta ou precisa de dinheiro), simultaneamente (vale salientar). E se o país não for o seu de origem, como é o meu caso, sem contar com ajuda nenhuma da família.
É claro que recorre-se às "ajudas pagas", mas nunca como no Brasil e nunca com regularidade. Não é um "costume", é um serviço que existe para quem está desesperado e TEM que pagar por aquilo.
Tenho consciência do meu malabarismo criativo surpreendente, mas sempre acaba bem. O inverno é uma época que as crianças precisam de socialização, pois não há ninguém nas ruas e o frio é respeitável. Mas por enquanto, dá para levar.
(isto foi um depoimento ou um comentário?! Creeeedo...)
Um abraço,
Michelle
Kalu,
a sociedade e a maior parte das mulheres confundem FELICIDADE e REALIZAÇÃO com carreira....
Parece que mulher que não tem uma carreira forte e consolidada não pode se sentir realizada de outras formas.
Adorei seu texto.
bj
Bruna
22sem, partindo para a realização além da carreira profissional...
Como sempre fantástica...
As feministas de plantão que me perdoem, mas assim como na economia, deve existir o desequilíbrio para que o equilíbrio exista... machos e fêmeas não são e nunca serão iguais, eles são naturalmente diferentes... o livre arbítrio está aí, cada um que haja conforme suas crenças e considerações...
Grata por vc traduzir em palavras exatamente como me sinto em relação a minhas escolhas... Tão cansativo ficar se justificando sempre (atualmente to tentando nem retrucar, só sorrindo...) Por isso bom demais ter chance de ler ou ouvir mulheres que sentem e pensam parecido, só fortalece o que já decidi.
E viva o pós-feminismo!
Por razões assim que decidi ficar em casa com minha filha, integralmente. Claro que tem o apoio do marido e uma ajuda da minha mãe, mas quem cuida de tudo praticamente o tempo todo sou eu. E quer saber? Cada dia tenho mais certeza que tomei a decisão certa. Claro que é chato ter que fazer vista grossa para os narizes torcidos e perguntas do tipo "...mas quando tu volta a trabalhar de verdade mesmo?" ou ainda: "...criar filho não é carreira!". Enfim, pessoas que não percebem o quanto é sim trabalhoso mas muito (muito mesmo)gratificante se dedicar na criação de um ser a quem amamos profundamente. Eu sei o que é crescer sem estar preenchida de pai e mãe e pude escolher fazer diferente com a minha filha, mesmo indo contra a maré (ainda bem!).
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