por: Flavia Penido
Quando estamos plenas de luz, carregando um ou mais bebezinhos no ventre, os sonhos afloram. Parece um novo mundo ou outra realidade onde personagens antigos voltam a nos visitar, e situações inusitadas nos transtornam. Quando despertamos esses sonhos ficam flutuando na mente e se deixarmos eles vão embora sem nem pensarmos sobre eles.
Eu mesma tive sonhos muito estranhos todas as vezes que estive grávida. Procuro refletir sobre os sonhos. Muitas vezes eles trazem conflitos lá do fundo da alma, principalmente aqueles que eu gostaria de deixar bem escondidinhos e esquecidinhos por temer que eles me chateiem demais, me perturbem demais, me chacoalhem demais.
Na verdade lá no fundo eu sei que se algo aparece no sonho é porque está precisando ser elaborado aqui na vida do dia-a-dia. Não adianta balançar a cabeça, disfarçar e sair de fininho, porque eles vão junto conosco...
Lembro-me de sonhos muito loucos, sonhos que me deixavam estranha. Sonhei com fritar ovos, dirigir um carro desenfreado, de sentar no colo de professora do primário. Eu estava em todos esses sonhos elaborando minha nova vida, e para isso precisava mexer com emoções muito antigas, emoções de minha própria infância, minhas relações precisavam ser repensadas.
Na gravidez a mulher está mais sensível aos conteúdos do inconsciente, eles ficam mais fáceis de acessar. Por isso que ficamos às vezes mais sensíveis, mais emotivas, e choramos com facilidade. Muitos afirmam que são os hormônios que mexem demais com nosso corpo e mente. No entanto são vários aspectos de um mesmo elemento, a gravidez e as mudanças que estão por vir.
São transformações de corpo, mente e alma. O fato de mudarmos de papel, deixando de ser filha para sermos mãe nos traz à tona aquela relação mais antiga e forte, a relação com nossas mães. O fato é que nem todos os aspectos da relação com nossas mães são bons e nem todos são ruins.
Na primeira gestação quase sem querer eu me aproximei de minha mãe. Já vivia há muitos anos por minha conta, e não me sentia dependente de suas opiniões, mas sentia necessidade de ter contato com sua experiência de maternidade. Hoje vejo o quanto é importante neste momento procura perceber o que é nosso e o que é de nossos pais.
Não é fácil, mas a gravidez nos deixa mais abertas e mais favoráveis a novas descobertas, e a mudanças de perspectivas. É como se um novo prisma fosse colocado diante de nossos olhos. Eu mesma aos poucos descobri que nem precisava fazer tudo igual ou diametralmente oposto.
No inicio da juventude eu precisava demarcar a minha individualidade sendo sempre o oposto da imagem de minha mãe, mas lentamente notei que o oposto era mais do mesmo. Ser eu mesma e deixar minha intuição fluir, que sensação poderosa!
Todas essas mudanças não acontecem da noite para o dia, elas se dão ao longo do tempo, e a cada nova gravidez novas forças vêem se instalar em nossos sonhos nos permitindo crescer, amadurecer e muitas vezes apenas aceitar com alegria os novos horizontes.
Entre os sonhos sonhados dormindo temos também os sonhos acordados. Termina aqui um sonho realizado: poder participar do Mamíferas! Começo aqui nosso desmame. Despeço-me assim já sentindo saudades!
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
Um comentário:
Poxa Flavia, espero que volte mais vezes!
Gostei muito de tudo o que você escreveu aqui.
Seria legal se vc tivesse um blog seu para divulgar esses pensamentos mamiferos não acha?
Se topar escrever num blog do outro lado do mundo me escreve ok?
beijo com gostinho de quero mais
rosana.oshiro@gmail.com
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