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por: Tata
Sábado passado, publiquei aqui no blog algumas tirinhas da CowGoddess, e uma delas falava sobre as capas de amamentação. São capas que cobrem o seio materno, bem como o rosto do bebê, durante a mamada. E um dos comentários que recebemos nesse texto me chamou a atenção, tanto que resolvi falar sobre isso aqui.
Abaixo, o comentário da nossa leitora 'estelaalb'. Estela, espero que leia o texto e não se incomode de ter seu comentário copiado por aqui. É que achei teu ponto de vista tão interessante que achei que merecia trazer a questão para ser discutida.
Puxa, legal, mas eu não entendo pq ser contra capa de amamentação. Amamentar hoje em dia já é complicado, muitas mulheres não querem. Aí vem as "revolucionárias" e riem das capas, acham absurdo, acham que mulher tem obrigação de mostrar os peitões por aí a favor da "causa"? Isso só depõe contra, é 'tipo queimar sutiã. Acho legal que existam as capas, assim a mãe amamenta ao invés de levar a mamadeira. As pessoas tem direito a ter vergonha de mostrar o peito SIM! E os homens olham peitos de fora SIM, lógico, e SIM, é super chato. BTW, eu amamento (bebê tem 11 meses), fiz PN, uso sling, fralda de pano, praticamos higiene natural infantil, cama compartilhada, todas as coisas "Mamíferas" e não uso a capa. Mas se a mulher quiser, sou MEGA a favor das capas.
Eu acho que tem duas questões aí que merecem atenção. A primeira é que o uso da capa para cobrir os seios no momento da amamentação, se vai ser cogitado, deveria ser um direito, e não uma obrigação. Não foram poucas as vezes em que vi gente defendendo o uso das tais capas dizendo que é um acessório que 'preserva a intimidade', 'torna a amamentação um ato mais reservado', 'evita constrangimentos', e é esse tipo de postura que me incomoda. Se a mulher se sente bem usando, ok, que use. Mas há muitas que se sentiriam profundamente incomodadas por cobrir-se ao praticar um ato tão natural quanto a amamentação - eu sou uma delas - , e isso deve ser respeitado também, sem que se diga que estou constrangendo as pessoas ao redor, porque escolhi não cobrir meu seio ao alimentar minha filha em público. Ou que estou me expondo desnecessariamente, que estou tornando exageradamente público um momento que deveria ser íntimo e privado.
Amamentar em público é tão natural quanto devorar um sanduíche em uma praça de alimentação, por exemplo. Ora, eu não escondo meu rosto sob um guardanapo quando me alimento. Por que minha filha deveria ser obrigada a fazê-lo? Já imaginaram o incômodo, para o bebê, em um país quente como o nosso, de passar todo o tempo de uma mamada com o rosto coberto por um pano? Ok, para quem deseja cobrir-se ao amamentar, as tais capas podem até ser úteis, mas não dá pra dizer que são confortáveis, dá?
E é aí que chegamos à outra questão, mais complexa e igualmente importante: por que esse desejo de cobrir-se, esconder-se? De onde vem essa vergonha, esse pudor de expor o seio em público sem qualquer conotação sexual, apenas para alimentar um bebê faminto? Dizer que cada um sente de um jeito é reduzir a questão. Uma mulher que deseja cobrir-se ao amamentar o faz por questões pessoais, somente? Ou será que esse pudor vem de uma forma equivocada da sociedade enxergar o corpo feminino? A raiz dessa vergonha será de fato um sentimento de exposição pessoal de cada mulher, ou os olhares reprovadores de quem vê imoralidade onde não existe?
Para mim, o uso de uma capa que esconda o seio e o bebê que a ele se aninha para matar sua fome é apenas mais uma, entre tantas formas de repressão e domesticação do feminino: mostrar o corpo da mulher, só se for para seduzir, para sensualizar, coisificar. Em propagandas de cerveja, revistas masculinas, desfiles de carnaval. O problema não é a exposição, mas o fim a que ela se destina. Dois pesos, duas medidas.
Aliás, deixemos claros os conceitos: amamentar e 'mostrar o peito' são coisas totalmente diferentes. Quando uma mãe coloca seu bebê para mamar, a idéia não é expor a própria intimidade, mostrar-se, exibir-se. Apenas maternar, com tranquilidade e naturalidade. O que me parece de fato estranho é ver como natural, óbvio e aceitável que um homem se sinta atraído e observe uma mulher que amamenta sem se cobrir. Se um homem pára para olhar uma mulher amamentando porque se excita com a exposição do seio pura e simples, o problema está nesse homem, e não nessa mulher.
Acho terrível essa inversão de valores que nos faz encolher e recuar diante do comportamento equivocado do outro, ao invés de defender nosso direito e lutar pelo que é certo. É um caminho torto, que acaba por justificar o erro alheio. Uma mulher que se cobre porque não quer que os homens ao redor fiquem olhando seus seios enquanto amamenta, de certa forma está corroborando essa atitude, legitimando o direito que os homens teriam de fazê-lo. "Se você se expõe, eu olho, e estou no meu direito", é o que dizem as capas de amamentação, nas entrelinhas. Mais uma vez, diminui-se a mulher, relegando-lhe o eterno papel de causadora do pecado, como Eva ofertando a Adão a maçã que os faria expulsos do paraíso. Se o homem olha e se excita com o seio de fora, não culpemos o homem, culpemos o seio de fora!
Não acho que devamos queimar capas em praça pública. Mas tampouco me furto de vislumbrar um ideal, onde nenhuma mulher sentiria qualquer embaraço ao colocar seu bebê ao seio, porque não há nada de embaraçoso nisso. É um momento de pura poesia, pura beleza, delicadeza. Puro amor.
É por isso que eu, para amamentar em público, não uso capas, não me recolho "à privacidade do fraldário", não me escondo. Porque acho que o meu papel de mãe, de fêmea, não é motivo de vergonha, mas de orgulho. Não preciso sair por aí com os seios de fora para provar nada, mas tampouco compreendo esse desejo de esconder-se, quando o mostrar-se é algo instintivo, natural. E belo.
Porque há poucas cenas tão cheias de poesia e beleza quanto um bebê matando sua fome ao seio materno. E se há um sentimento que destoa dessa cena, é a vergonha.
Um orgulho estufado e reluzente caberia muito, muito melhor.
Imagem: arquivo pessoal (Ana Luz e Estrela mamando em uma cachoeira, em Paraty - RJ)
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
25 comentários:
ótimo post, tata.
tb acho que é errada essa visão de nos privarmos sempre por conta da perversão e dos equívocos alheios.
e isso, num âmbito mais amplo, pode ser estendido a várias outras coisas, se assim permitirmos, tal como a jovem inglesa que vou expulsa do ônibus na inglaterra por amamentar seu bebê faminto!
um absurdo que deve sim mudar, e depende da gente.
Renata,
Perfeito o seu texto. Sempre amamento o meu filho em qualquer lugar, sem me cobrir ou esconder. Agora que ele já sabe puxar minha blusa para mamar (está com 10 meses) ele faz o "self-service" e mama na hora e local em que tem vontade. E eu deixo mesmo, essa é a natureza e eu não impeço que ela ocorra em sua plenitude, independente de olhares e comentários.
Nossa sociedade ainda é muito machista, mas espero contribuir para um futuro menos limitador para o meu filho.
Beijos com carinho
Tata, querida,
Concordo...
Acho que vivemos tanta hipocresia em sociedade. Não vejo ninguém reclamando das mulheres nuas no Carnaval, do fio dental na praia, das capas da Playboy nas bancas...
Tudo é permitido, menos nutrir uma criança sem se cobrir?
Um dia quero entender essa lógica.
Pq para mim não faz sentido...Nenhum!
Ótimo post!
Beijos!
Sinto em descordar de ti Tata... Sou totalmente a favor da amamentação. Ainda não sou mamãe e, por enquanto, não tenho possibilidade de me tornar uma, mas desde cirança, o único momento que consigo vizualizar de mim com mei filhote, quando ele vier ao mundo é o amamentar... vejo como um ato de amor, momento muito especial da mãe com o filho, um momento para fortalecer os laços, um momento íntimo, sabem..., e, sinceramente, não vejo problema algum, em pegar uma fraldinha e jogar por cima dos ombros, cobrindo os seios durante o amamentar.....
Eu, vejam bem, esta é minha humilde opinião, sou a favor de cobrir desde que não seja desconfortável para o baby, mas, vou ter que concordar com a amiga do comentário que vc citou, creio que isto deva ser totalmente opcional... quem quer cobrir que cubra sem ser sensurado, assim como quem quer mostrar, que também o faça sem sensura alguma...
Uma questão de livre arbítrio...
Beijos
Oi Tata
É interessante como as questões sobre amamentação são sempre polémicas. Acho que há muita construção social que acaba atrapalhando o ato em si.
Quanto a amamentar em publico, eu também nunca me cobri, alias nem pensei nisso...
No inicio eu ficava um pouco constrangida, mas sabia que para o leite "descer" é necessário olhar nos olhos do bebê então não tinha como cobrir. Eu sempre procurei um lugar mais reservado, não necessariamente um fraldario, mas um corredor mais deserto, uma parte tranquila da praça de alimentação, por exemplo. Não por mim, mas pelo Zeze, Ele é muito dispersivo, então qualquer movimentação ou agitação distrairia ele do seio e teria que começar tudo de novo...
Essa discussão me lembrou uma vez uma tia que é muito conservadora. Uma vez perguntaram se ela iria numa praia de nudismo. E ela respondeu que se fosse convidada iria sim. Segunda ela tudo é questão cultural, as índias ficam peladas (com o devido respeito as diferentes culturas) e nem por isso os índios ficam excitados a toda hora. Se os nudistas encarassem o corpo nu com naturalidade, ela também encararia.
E isso ai
Ana Isabel (que amamenta a 2 anos)
Tata,
existe uma sensualidade, uma sexualidade e inclusive uma boa dose de erotismo na maternidade e tbm na amamentação, tanto que a forma como é vivida a sexualidade muitas vezes se relaciona diretamente com a via de parto ou a experiencia com o amamentar só para citar 2 exemplos, acontece que essa relação mãe/sexo é terrivelmente delicade e pouquíssimo elaborada em nossa cultura, não tem sujeira nenhuma no seio materno que alimenta, tampouco no olhar do homem que pode sim se excitar com esse mesmo seio, e desde quando é feio ou ruim se excitar, e mais quem controla o desejo? Do desejo ao ato já são outros quinhentos...
Adoraria escrever mais um tantão sobre isso, mas tô cansadíssima, e tenho um mamador de boca cheia com seus 7 meses de pura delícia pra cuidar, volto depois, belíssimo debate.
Ah, não me cubro nem a pau! E nunca me incomodei com olhar nenhum, acho que tive sorte ou sou muito desencanada mesmo.
Mariana Laham
Eu sempre fui tímida, tinha vergonha de expor meu corpo( nada exagerado), mas não tenho vergonha alguma de amamentar minha filha em qualquer lugar que ela queira. Eu e meu marido encaramos com muita naturalidade o ato de amamentar e meus seios são apenas fonte de alimento de nossa filha. Se alguém se sente constrangido eu encaro como o problema não sendo meu.
Agora não sei se eu que encaro com muita naturalidade, mas nunca percebi olhar de reprovação ou de excitação.
Beijos
Tati da Luana
Ótimo post.
Concordo com a Mariana.
Amamentaçao envolve sexualidade, prazer, corpo, pele.
Por isso mexe e incomoda tanto, isso não é de agora.
Acho que o assunto deve sempre vir a tona para discutirmos, pensarmos, refletirmos.Não acho que amamentar deve ser motivo de vergonha para ninguém.
Mas acho que também há de se acolher quem tem dificuldade, vergonha, medo e só consegue amamentar com capa, com paninho, escondidinha no fraldário...
Essas mulheres ( e digo isso por que convivo com várias) muitas vezes se sentem solitárias e julgadas pela trupe da mamadeira e pelas mamíferas mais liberadas.
Esses limites individuais tem um tempo próprio que cada um vai descobrindo na caminhada. Bjs
felipe, luciola, acho q é por aí mesmo, depende de nós, pais e mães hj, criar nossos filhos com uma cabeça diferente, um outro olhar para o corpo, a sexualidade, um olhar mais sereno e natural. menos preconceituoso e machista.
pé, de fato é uma contradição imensa, não faz nenhum sentido e eu tb não entendo...
carol, discorde sim, é saudável, estimula o debate e os comentários estão aí pra isso tb!! eu concordo que quem quer se cobrir deve ter esse direito, a questão q eu acho importante discutir, e foi o q tentei abordar, é a raiz desse pudor, que pra mim está fundada em bases preconceituosas, machistas, que precisam ser questionadas e transformadas. não condeno quem usa a capa, só gostaria que essa vergonha fosse trabalhada para que pudéssemos, todos, ver a amamentação como o ato natural, belo e poético que é.
ana, achei bárbara a comparação com a praia de nudismo. é isso aí, a naturalidade do corpo humano, é o q precisamos exercitar. e usar uma capa para cobrir algo natural acaba indo na contramão disso e, de um jeito torto, corroborando o contrário, legitimando...
mari, adorei a tua reflexão e concordo contigo q amamentação, assim como parto, está ligada à sexualidade sim. mas uma sexualidade natural, como a ana q citou a praia de nudismo. acho q os nudistas têm essa relação mais fluida com o corpo, e acredito que mais saudável, pq o corpo deixa de ser um tabu, vergonhoso, algo para ser escondido. e ok, o desejo de um homem pelo seio exposto pode até ser natural, mas há limites para esse olhar, não? quando vira algo explícito e acaba forçando essa mãe a se cobrir e esconder pq se sente mal... o q acha?
tatiane, acho q qto mais a gente mesmo consegue ver com naturalidade, menos a gente se incomoda com o desconforto alheio. eu tb sempre amamentei sem me cobrir, em todos os lugares, e se aconteceu de ficarem olhando, caras feias, olhares inadequados, nunca dei a mínima. pra mim, está incomodado, olha para o outro lado...
débora, concordo, essas mulheres que se envergonham devem ser acolhidas, mas em nenhum momento eu disse o contrário. o que eu acho importante, reforço mais uma vez, é ir à raiz desse desconforto, dessa vergonha, e trabalhar isso, para que possamos, como sociedade, ter um olhar mais respeitoso e saudável sobre o corpo feminino...
adorando as discussões, meninas (e menino! rá!)
bjo bjo bjo
rê
Que amor, tão maravilhoso para mim tudo o que disse, queria ser eu o BB privilegiado que foi amamentado por esta mãe tão clarividente...
mas a vida me deu a possibilidade de ser mulher e poder entender ipsis literis o que tu queres dizer.
amor amor amor sempre em sua vida,
só o que você merece!
Concordo com tudo isso, eu amamento em público (e meu "bebê" está com 2 anos e 3 meses e eu com barrigão de 36 semanas). Mas certa vez em um ônibus lotado aqui de são paulo ouvi o seguinte comentário de um homem olhando uma moça que dava o seio para seu bebê de uma forma tão reservada que mal se via o seio: "Nossa, mas eu queria ser um nenê prar botar a boca nesse peitão" e riu bem alto. Inclusive falou muito alto e muitos homens eram riram do comentário e concordaram. A moça tirou o bebê do peito e desceu do ônibus... Meu marido tbm já ouviu esse tipo de comentário dentro do ônibus e como anda todos os dias já ouviu muitas vezes. Acho que a moça que fez o comentário pensou nesse tipo de situação. Depois que eu ouvi esse comentário no ônibus, nas vezes que precisei amamentar dentro de ônibus ou em locais com muita gente circulando eu usei o sling e meu filho mamou lá dentro, preservado de olhares. Aliás ele acostumou tanto a mamar dentro do sling que bastava eu colocar ele para ele pedir mamá! Acaba dando no mesmo do que usar aquelas capar horríveis, né? Bebê e peito escondido hehehe
bjs
A vergonha do corpo é o que anda tornado as mulheres menos mamíferas e mais puritanas. Esse tipo de mulher não fala sobre parto vaginal pois acha feio, não amamenta em publico pra não mostrar o seio, e acaba por criar os filhos cheios de complexos e pudores, fazendo meninas acharem feio o ato de conhecer o proprio corpo, coisa tão fundamental nesses dias.
Me lembrei agora das mulheres islâmicas, que mesmo após não precisarem mais usam a burca e sabe porque? Segundo ela isso as proteje dos olhares dos outros homens, as resguardando para o marido.
Pode se dizer que isso tambem é culpa da americanalização da nossa cultura, pois tenho certeza que nossas antepassadas(indias) não escondiam nada(até hoje não escondem).
Beijos
Com certeza existe uma grande diferença entre esconder o peito e buscar um ambiente tranquilo para amamentar. Sinceramente nunca vi uma capa de amamentação. Mas eu mesma odeio comer em shoppings, praças de alimentação ou qualquer outro local barulhento e cheio de luzes, acho indigesto! amamentar sempre no local mais tranquilo possível. Se algum dia tiver que amamentar meu filhote num lugar onde não possa escapar de tamanha agitação, acho que tentaria criar um ambiente mais silencioso e aconchegante, quem sabe usando um paninho ou o sling...
Carambaaaaaaaaa... tava conversando com duas amigas sobre isso na semana passada, vc expressou tudo o que eu queria dizer e n encontrava palavras. ADOREI o texto. É bem por ai mesmo, essa questão da coisificação da mulher e do corpo feminino só servir de "alimento" pros homens.
Amei o texto, a discussão, e só tenho a acrescentar o seguinte: que foto linda, Tata!!!!
Eu nunca tive vergonha de amamentar em qualquer lugar, e, sinceramente, fico tão entretida com o momento, o carinho, o amor que envolve a mim e ao meu pequeno, que nunca nem reparei se tem gente que olha...rs... acho que mais natural, impossível.
Beijoca.
já que é em resposta ao meu comentário, respondo de novo!
"Mas tampouco me furto de vislumbrar um ideal, onde nenhuma mulher sentiria qualquer embaraço ao colocar seu bebê ao seio, porque não há nada de embaraçoso nisso."
Esse ideal é lindo, mas só vai acontecer quando todo mundo virar índio de novo e roupa for uma coisa ultrapassada. Eu ADORARIA poder andar pelada no verão, mas não rola. Enquanto peito for mostrado nas revistas e no carnaval como uma parte puramente erótica, mostrar o peito em qualquer ocasião vai ser visto por muitos (acho que maioria) como tal. Então é uma utopia "paz e amor". Mas eu também adoraria isso, bicho.
Quanto a mulher ser obrigadaa se esconder... putz, né! Aqui no Brasil não sei se isso realmente acontece, mas já ouvi de países, como o Japão, onde não pode amamentar em público e pronto.
Contanto que amamente pelo mínimo dos dois anos aconselhados pela OMS tá ótimo, com ou sem capa. Ou não?
Tata, a moça do ônibus da Larissa foi amamentar com um orgulho estufado e reluzente. Sofreu um assédio sexual em grupo, horroroso, com o bebê nos braços. O que fazer?
a) passar a usar a capa
b) passar para a mamadeira
c) enfrentar o grupo de homens com um discurso na boca, o peito de fora e o bebê nos braços
O mundo é feito de muitas realidades, e ao meu ver, uma capinha de amamentação cabe muito bem em algumas delas, como a do ônibus cheio de possíveis estupradores.
estela,
não entendi o pq de tanta ironia e agressividade na sua resposta. discordar é ótimo, saudável, estimulante. mas numa boa, respeitando a opinião alheia, fica bem melhor, não é mesmo?
sobre a moça do ônibus, sinceramente, se acontecesse comigo eu não ficaria quieta, não. e olha que sou tímida e detesto me expor em público, mas tenho em mim uma crença feroz e um brio que não me deixa calar diante desse tipo de atitude errada. como eu disse, calar-se diante do erro do outro, e encolher-se por isso, só perpetua comportamentos errados. se fosse comigo, eu teria levantado e dito poucas e boas para esse homem, não tenha dúvidas. e continuaria amamentando com um orgulho estufado e reluzente, como você disse com tanta ironia.
quanto ao seu comentário de que um mundo onde haja respeito e um olhar de naturalidade sobre a amamentação é utopia, te digo duas coisas:
1. se não houvessem revolucionários, gente de coragem, visionária, para alimentar utopias, jamais evoluiríamos.
2. como eu disse no meu texto, o corpo feminino exposto com o intuito claro da erotização, como em propagandas de cerveja, capas de revista masculina, desfile de carnaval, etc, não tem nada a ver com o ato de colocar um bebê ao seio sem escondê-lo. são coisas totalmente diferentes, e um olhar mais saudável e natural sobre a sexualidade humana veria isso sem grandes dificuldades.
fernanda, obrigada, adoro essa foto tb...
rafa, essa questão é bem séria, né? acho q precisamos falar mais sobre isso...
roberta, acho q aí já é outra coisa, a questão da agitação do ambiente. há bebês que são mais sensíveis a isso, aí é bacana procurar um lugar mais quieto. eu não sei se é pq eu sou desencanada e acabo passando isso pra elas, mas minhas 3 filhas sempre mamaram de boa em qualquer lugar, fosse silencioso ou barulhento, quieto ou movimentado, escurinho ou iluminado... então nunca me incomodei mesmo.
amanda, concordo contigo, acho q esse tipo de postura q aceita a amamentação como algo a ser escondido ou feito reservadamente só perpetua essa visão equivocada do corpo, da sexualidade... não tem outro jeito de mudar isso a não ser começar a agir diferente.
larissa, como disse na resposta pra estela, eu numa situação como essa do ônibus não ficaria quieta, não. acho q é essa hora q a gente tem q fazer valer nossos direitos e as coisas q acredita. se se cala sempre, só faz perpetuar comportamentos errados...
alexandra, obrigada pelas palavras tão carinhosas!
bjo bjo bjo
rê
Mesmo sendo mãe de segunda viagem, a experiência de amamentar é completamente nova pra mim e confesso: me realiza!
E olha já recebi muitos olhares de estranhamento por amamentar em público e não me importei, acho que realmente o problema está na pessoa que se incomoda.
E mais, se um cara se sente excitado vendo um bebezinho mamar, também acho que ele é outro problemático.
Nesses quase 3 meses, só usei o fraldário do shopping uma vez pra amamentar pq fui usá-lo pra trocar a pequena e já aproveitei que estava lá mesmo, mas me arrependi demais! Tinha uma louca dando papinha da nestlé pra filha que ficou insistindo pra dar aquela porcaria pra Cecília, dizendo que ela estava olhando e estava com vontade. Fui muito mais pertubada lá no fraldário do que fora dele...rs
ótimo post!
beijos!
Tata, desculpe-me se me achou irônica. Li e reli depois da você comentar e não entendi onde. Só continuo achando que eu, por exemplo, vivo em uma realidade protegida, longe desse tipo de assédio. É muito fácil para mim amamentar em público. Mas acredito em respeitar a realidade alheia, que como vimos, pode ser bem perigosa.
estela,
a tecla em q volto a bater é a de que se a gente sempre se cala diante do q é errado, segue sendo errado pra sempre. nada muda. é disso q quis falar... é certo q uma mulher se sinta constrangida de amamentar em público por causa de homens como o da situação do ônibus citada pela larissa? não, né? então, a solução é inventar capas pra mulher se cobrir ou defender o direito dessa mulher e desse bb à amamentação livre onde quer que seja???
cacau, caramba, a mulher queria enfiar papinha numa bb de 3 meses? affe. imagino o stress, rs.
bjo bjo bjo
Tata, mas nem todo mundo tem essa veia militante. Pra grande maioria das pessoas é mais fácil desistir do que militar. Eu por exemplo, não tenho nenhuma vocação pra sair por aí falando sobre amamentação. E então estou errada, porque "me calo diante do que é errado?". Impossível continuar tendo uma vida normal, trabalhando, cuidando de casa, PEGANDO ÔNIBUS e ainda ter que levantar bandeiras contra tudo aquilo que estiver errado no mundo. As capas podem ser libertadoras para algumas mulheres. É um paliativo, lógico, mas como todos os paliativos, se bem empregado, é benéfico.
Tata, eu repito que considero o que a Larissa presenciou quase um estupro! Imagina, esse é totalmente um momento mamãe-bebê. Aí vem um pervertido e começa a descrever em voz alta o que gostaria de fazer com você. Logo outros pervertidos se juntam a ele.
Qualquer pessoa se sentiria humilhada, com raiva, tensa, violada. E tudo isso, nesse momento da amamentação, passa para o bebê.
Então sim, sou contra enfrentar sozinha a corja de tarados. Porque não se está sozinha, tem-se ali no braço um neném inocente, sentindo o que a mãe sente, sendo exposto àquilo. Sou a favor do direito dessa mulher de prevenir isso usando a tal capinha. Não acredito em prejudicar o bebê (que vai sentir todas aquelas emoções ruins) em prol de militantismo.
Na minha e na sua realidade não tem esse tipo de situação até perigosa, então não temos dificuldade em amamentar em público. Puxa, vamos respeitar o direito dessa mulher de não querer expor seu bebê a essa violência, em taxá-la, no mínimo, de "envergonhada" (pensando no título do seu post).
beijo
Estela
angela,
certamente, temos q escolher nossas batalhas. essa é importante pra mim, e eu não deixo de lado.
estela,
não desrespeito o direito da mulher do ônibus em nenhum momento. pelo contrário, defendo o direito dela amamentar livremente e não se cobrir para se proteger do comportamento inadequado dos outros...
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