
por: Fernanda Mouco (Mamífera convidada)
Antes mesmo de engravidar eu comecei a me informar sobre partos. Depois de muito ler, na minha busca por uma opção mais natural para trazer meu filho ao mundo, no meu medo de hospitais, agulhas e cirurgias, descobri o parto humanizado, e mais, o parto domiciliar. Depois de ler inúmeros relatos de parto e de me informar sobre a segurança e riscos embutidos em cada opção, eu e meu marido finalmente decidimos: se tudo estiver correndo bem, nosso filho nascerá em casa, assistido por uma equipe composta por parteira, pediatra e doula.
Na madrugada do dia 1 de outubro de 2009 começaram as primeiras contrações, no dia em que completávamos longas 42 semanas de gestação. Contrações rápidas, contrações mais longas e mais intensas, chuveiro, banheira, bola, anda, acocora, reclama, ri, chora, xinga, se emociona, cochila, faz força, respira, faz força. Vinte e quatro horas depois, o Tito chegou ao nosso mundo. Que bênção foi a chegada do nosso filho, mas não só isso. Que bênção foi esse parto!
Sei que grande parte das mulheres, na juventude, tem problemas de auto-estima. Eu era uma delas. Mas correr atrás de informações, empoderar-me, conhecer o meu corpo, vivenciar a chegada do meu filho com plenitude, sentindo cada centímetro do meu corpo se abrir e dar passagem para o meu bebê, mudaram a minha vida.
A vivência intensa do parto natural, essa maravilhosa dança mãe-pai-bebê com sua enxurrada hormonal, me fez renascer como mulher, ao nascer como mãe. Hoje me olho no espelho e vejo uma mulher mais forte, mais decidida, mais bonita, mais segura.
Renasci leoa, descabelada, feroz e confiante nos meus instintos, pronta para enfrentar a maternidade com suas mil dificuldades, surpresas e alegrias. Pronta para enfrentar a imprevisibilidade da vida, já que permiti que meu corpo e mente experimentassem o acontecimento mais imprevisível que existe: o nascimento de um bebê.
Ser protagonista de um evento divisor de águas como o parto é uma coisa incrível pela qual todas as mulheres deveriam passar. Vejo com tristeza as cirurgias cesarianas, nas quais as mulheres ficam deitadas, mãos amarradas, enquanto outra pessoa traz seu filho ao mundo por detrás do pano azul e por meio de facas, pinças e “pés de cabra”.
Claro que é uma cirurgia que salva vidas, mas infelizmente, na esmagadora maioria das vezes, em nosso país, ela é feita sem a menor necessidade, encoberta por inumeráveis falsas justificativas. Talvez as mulheres que passam por isso possam um dia vir a ser também leoas, mas tenho a convicção de que o parto é o melhor momento para isso acontecer.
Para as gestantes que lêem, peço que enfrentem seus lobos internos e abracem a linda oportunidade que lhes foi dada de vivenciar o momento mais intenso e belo de suas vidas. Sejam protagonistas dos seus partos. Confiem nos seus corpos e na fisiologia da VIDA. Permitam-se sentir-se a mulher mais poderosa do mundo. Permitam-se virar leoas. E corram atrás, porque parir neste país não é nada fácil.
Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkmCZLxbiioMmo0ogCJae3KW3g-BZrlr48wVFV9Jkj7T2DnXXWZARHLMQf-7QvAlF3u3j-lc1NTLyNF0c-MAMNScteM4aKNTJPyQCxCLcLnFqGr_WEV0WcWkAc8bX7rnQIS5GGRfZ9Awc/s400/MAMÃE_LEOA.jpg
9 comentários:
Concordo plenamente, porém sei que muitas optam pela cesária por condições financeiras nem todas podem pagar uma Doula, ou o acompanhamento de um médico obstetra ou pediatra e como no hospital privado já vem "tudo no pacote" e ainda "maquiado", no final as mães saem de lá com a convicção de que fizeram a melhor opção sem nem ao menos tentar, mas sim acatar plenamente a visão do médico.
Quero muito , quando engravidar , receber meu bebê de parto normal de preferência domiciliar, porém não sei se as minhas condições financeiras me permitirão realizar este sonho.
Enquanto o nenèm não vem vou me preparar para este momento, seja como for.
Gostei muito do Post.
Abs
Edivãnia
prontaparasermae.blogspot.com
Espero que sim
Fêê!!
Que liiiindo.
Já disse e repito isso várias vezes: o Tito é uma criança abençoada, porque foi, desde o início, uma criança desejada.
Alguns podem dizer que esse lance de PD (já estou tão familiarizada que já uso "PD". ahahahaha) é loucura, mas em nenhum momento você deixou de pensar na segurança do bebê!
Te admiro; como mãe, como mulher.
Cunhada, amada! Parabéns pelo post aqui no Mamíferas! heheh tá ficando famosa hohoho
Aprendo a cada dia com suas descobertas sobre as sensações maravilhosas que a vida pode proporcionar... infelizmente essas lindas vivências da maternidade acontecem apenas às que realmente se permitem [ser leoas]
Parto natural é respeito à vida!
A gente vive, a gente se respeita, e tudo isso é sinônimo de amor! Amor ao próximo, à nós e a nossa natureza!
E que venham os próximos!!!
Adorei o post Fe!!
Estou no caminho para o nascimento dessa família Leo.....você faz parte da minha jornada, e de tantas outras.
Parabens ao blog, por abordar com seriedade assuntos tão negligenciados na nossa sociedade.
Beijoss
divânia, tive um PN hospitalar, mas muito humanizado, e sem gastar nada, foi tudo pelo SUS. Além de querer, é preciso pesquisar e correr atras, sem desistir porque a 'cesárea vem no pacote'.
pra quem é dos grandes centros há a opção das casas de parto. caso contrário, não acredito que uma doula se recuse a fazer o parto por dinheiro. Já vi muitas que parcelam, que fazem várias condições para que o parto possa voltar ao seu status natural, humano e sem intervenções.
Boa sorte.
P.S: Lindo o texto, me identifiquei bastante, principalmente por ter engravidado aos 20 anos e ter ouvido de várias pessoas que não conseguiriamos criar a nossa filha.E realmente, depois do parto virei mais mulher, descobri novas forças. E nossa filha cresce a cada dia, linda, saudavel, esperta e nos surpreendendo a cada dia.
ver você, minuto a minuto, centímetro a centímetro, vencer seus medos, testar suas convicções e se tornar mais mulher me encheu de felicidades, pois tinha a certeza mais que absoluta de que ali, naquele momento, nascia uma leoa super carinhosa, mais que pronta pra cuidar com todo cuidado e dedicação da sua cria.
amo vocês dois.
Eu: VACA
Bacana a coragem e determinação ao optar pelo parto natural.
Perto do dia da minha pequena nascer, também desejei algo que amenizasse o impacto da chegada dela ao mundo... Alguma maneira de deixar ela nascer sem seringas, agulhas, borrachas, facas e demais instrumentos pavorosos. Masssss... Já era tarde demais. Eu não tinha tempo para escolher e planejar tudo. O que eu tinha: poucas informações, pouca coragem e muita insegurança. Então, foi "parto normal" (normal?). Durou 20 minutos. E por mais que até o último desses minutos eu quisesse dispensar o anestesista ou convencer a médica a não fazer episiotomia, não funcionou. Fizeram o que quiseram comigo lá no hospital, como se minha opinião não contasse. Senti-me ridícula sendo manipulada daquele jeito, imaginei o hospital mais ou menos como um açougue, onde todas as vacas são "abatidas" de forma padrão. E mugir não adianta! Você vai receber o tratamento que está no "pacote" que você pagou e pronto! Nada de bancar a reflexiva negociando isso ou aquilo na hora do "vamos ver".
Como pretendo ter mais um filho e planejar melhor minhas escolhas na fase adulta, vou fazer diferente.
Boa sorte a todas as gestantes que puderem realizar suas escolhas.
Esse blog é um espetáculo!
Uma abraço,
Michelle.
Arrasou!
Nao se trata de jogar no lixo todas as outras experiencias, se trata de viver plenamente e nao consguir ficar quieta diante de tanta intensidade!
Parabens!!!
MARAVILHOSA!!! Ela eh minha amiga, que orgulho!!!
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