
por: Kathy
Esse texto é uma sugestão da Ju, que fez o seguinte comentário no post de domingo passado em que eu contava que estava de volta ao blog:
"Maravilha Kathy, adorei os posts das meninas, mas estava com saudades do seu estilo e das suas experiencias, posso aproveitar para ser abusada? Assim assim, quando vc se sentir inspirada gostaria de ler um post seu sobre ser uma mae que trabalha fora de casa, como foi a experiencia de deixar o Samuel na creche, quais seus conselhos e qual é o balanço anos depois, acho que ajudaria muito as maes que por um motivo ou outro nao podem abrir mao de seus trabalhos externos, eu ficaria extremamente agradecida beijos"
Oi JU, obrigada pelas palavras carinhosas! Olha, esse tema é gigantesco, dá muito assunto. Tanto que acho que terei que dividir em 2 posts. No primeiro devo falar sobre adaptação e escolhas e no segundo sobre meu balanço desses anos de escola do meu pequeno. Vamos ver se consigo passar pra vocês um pouco sobre a minha experiência!
Antes de mais nada, minha opinião: acho que o ideal mesmo é que as crianças fiquem mais tempo com a mãe em casa. Quanto mais, melhor. Lá pelos 3, 4 anos, aí sim seria um momento legal para começar a frequentar uma escolinha em meio período, pra socializar, brincar, aprender coisas novas, enfim... Esse é o mundo ideal, certo? Agora vamos lá para o que EU consegui fazer dentro da minha realidade.
Samuel passa o dia todo na escola (das 9h às 17h45) desde os 5 meses de idade. Falando assim a gente até assusta, né? Nossa, como alguém que acha que uma criança deve ficar em casa com a mãe até os 3 anos coloca o filho na creche o dia todo com apenas 5 meses?
Sou mãe autônoma, ou seja, aqui em casa sou eu quem trabalho e banco as coisas. Não tenho mais minha mãe, a outra avó do Samuel sempre morou longe, portanto, nada de avós pra dar uma força. Nunca gostei da idéia de contratar uma babá (limita demais a criança na minha modesta opinião, além de me deixar mais longe ainda dele).
Hoje em dia minhas colegas já podem contar com o maravilhoso benefício da licença-maternidade de 6 meses, mas na época que o Samuel nasceu eu ainda não podia contar com essa maravilha... Portanto, nem preciso explicar que não tive outra opção, né?
Não vou dizer que é fácil deixar um bebê de 5 meses na escola. Nada fácil, aliás, sofri HORRORES de saudade do meu pequeno, tive crises absurdas com isso, cheguei a pensar em trabalhar como freela em casa, mas a segurança do salário fixo pesou e tive que optar por um trabalho "tradicional" - das 9h às 18h.
Apesar disso tudo, posso dizer que tive muita sorte porque a creche é no meu local de trabalho (em 5 minutos saio da minha sala e estou com ele). Isso facilitou muito as coisas pois por conta disso nunca precisei parar de amamentar ou mesmo reduzir o número de mamadas do meu filho.
Diante disso tudo, minha primeira recomendação é: escola o mais perto possível do local de trabalho, assim você estará a maior parte do tempo bem perto da criança e, com sorte, apoio dos seus chefes (nada que uma boa conversa não resolva) e disponibilidade da escola, sem precisar modificar demais as rotinas de mamadas do bebê.
Quando a criança entra assim tão pequena na escola ainda não estranha as pessoas, o que é uma grande vantagem. No caso do Samuel, quando ele chegou na fase de começar a "estranhar", o que acontece lá pelos 8, 9 meses, as educadoras e os colegas já eram conhecidos, portanto, esse período sofrido de adaptação simplesmente não aconteceu.
Minha segunda dica é essa: se é realmente inevitável que a criança vá para a escola tão cedo, pode ser interessante que isso aconteça entre os 6 e 7 meses, antes do período de estranhamento. Digamos que nessa fase a partir dos 8 meses os bebês já estão passando por um "amadurecimento" imenso, que é aquela história de se perceber como indivíduo separado da mãe, e entrar na escolinha justamente nesse período é agravar ainda mais essa fase que por si só já é meio complicada.
Acho importante que a escola tenha a ver com seus ideais, com seu estilo de vida. Eu sou uma pessoa simples, sem frescuras, e nesse sentido posso dizer que mais uma vez tive muita sorte com a escola do meu filho pois lá encontrei um espaço com comida caseira, espaço e liberdade para entrar e sair a hora que eu quisesse, muita área verde, liberdade para os pequenos engatinharem e explorarem o mundo, enfim, uma creche simples e ao mesmo tempo muito bem cuidada.
Pra não dizer que tudo são flores, é claro que vez ou outra recebia alguns olhares de estranhamento por conta do sling, da homeopatia, da minha negativa sempre firme à chupeta e aos antitérmicos, da amamentação prolongada (chegou um momento que Samuel era o único do grupo 1 que mamava no peito e eu era a única mãe do grupo que ainda usava a sala de amamentação), mas nunca foi algo agressivo ou intolerante, em geral era mais a curiosidade natural pelo que é diferente. Mas já sinto o ambiente muito mais tolerante às diferenças. Outro dia uma das funcionárias veio brincar comigo, dizendo que eu era a precursora dos slings e da amamentação, querendo saber qual era a nova "moda". Eu só dou risada, rs...
Minha terceira dica é essa: se está impossível de encontrar algo perfeito, faça do possível algo menos imperfeito. Dê dicas, sugira, converse, questione, OUSE. Em geral as diretoras e coordenadoras estão sempre abertas a esse tipo de interação com os pais, e você não tem absolutamente nada a perder por buscar isso.
Como eu previa, o texto ficou imenso, muito provavelmente ainda rederá mais uns dois posts, rs... A gente continua nosso papo na quinta-feira, ok? Por enquanto vão me contando o que estão achando. Grande beijo!
Imagem: http://www.ruadireita.com/info/
7 comentários:
Já li querida, OBRIGADA, essa imagem de fazer do possível algo menos imperfeito conforta muito, continuo aqui acompanhando, beijos e mais beijos
Oi Kathy, estou adorando acompanhar a trajetória da escolinha do Samuel, estarei aqui no próximo post, beijos
Val e Gui
Maravilhoso,
dicas ótEmas!
Minha gatinha só tem três meses e só volto a trabalhar daqui um ano, maaassssss meus olhos já enchem de água só em pensar em me separar dela... ai, ai. Vou acompanhar as suas dicas.
Ótimo post, a minha filha, Marina, está com 7 meses e quando completar 1 ano vai para a escola pq preciso trabalhar por mais tempo. Só de pensar já fico aflita, penso muito parecido com vc, a escola vai ser perto do meu trabalho, com horário flexível, área verde, e sala para amamentar, pq não quero parar de amamentar. um beijo e até quinta
Aurea, esse é um assunto que mexe tanto, mas tanto, comigo que chego a sentir fisgadas no coração. Sofro demais por antecedência. E olha que minha segunda bebê ainda está na barriga e eu não penso em voltar a trabalhar antes do primeiro aninho dela. hehe
Mas queria te pedir pra aprofundar esse tema babá x berçário. Eu estou super em dúvida sobre qual caminho seguir quando eu decidir retomar a vida profissional...
Beijo
Kathy, bem vinda de volta!
Adoro as tuas colocações sempre tão equilibradas e ponderadas.
Já estava com saudades de ler teus textos.
Muito bom teus conselhos sobre a escola, quero colocar a Alice ainda esse ano, mas ela já terá mais de 1 aninho.
Confesso que perco o sono pensando nisso mas vamos ver como as coisas se desenrolam.
Bjão
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