
por: Tata
Conversando com amigas que visitam o blog, ouvindo comentários, elogios e críticas, eu às vezes percebo uma certa 'mágoa', um certo desconforto com o que elas costumam chamar de 'romantismo exagerado'. Como se a gente falasse só das coisas boas, das grandes alegrias da maternidade, dos bons momentos, das descobertas e das maravilhas, e deixasse de lado tudo o que não é tão bom assim. E como se, por isso, a gente pintasse uma imagem idealizada de nós mesmas, como mães. Como se a gente não errasse, não tropeçasse, não pisasse na bola, como se fosse tudo perfeitinho 100% do tempo.
Pensando agora, eu consigo lembrar de umas tantas vezes em que falamos aqui de coisas não tão boas assim. De tropeços, dificuldades, dúvidas. De caminhos equivocados e retornos para tentar achar um rumo bacana novamente. Eu me lembro, embora não consiga citar os posts assim, de memória - já passei dos trinta, minha cabeça já não é mais a mesma dos vinte, hahaha! Vocês não se lembram de textos assim?
Por outro lado, é inquestionável que falamos muito, muito mais de coisas boas do que de coisas não tão boas assim. Mas isso acho que tem uma explicação bem básica, matemática mesmo: é que na maternidade, pelo menos na minha experiência, há muito, muito mais bom do que ruim. E isso não quer dizer que eu não me sinta cansada nunca, que não fique em dúvida ou angustiada com questões que não sei bem como resolver, que não pise na bola e aja de um jeito que não gostaria de agir. Não, é claro que não, pois sou humana e falível, como todos. Mas no final das contas, noves fora, passando a régua, o saldo ainda é pra lá de positivo. Eu rio muito mais do que choro (a não ser que se conte as lágrimas de manteiga-derretida-que-chora-por-tudo, principalmente de felicidade, que aí é lágrima pra perder de vista), curto muito mais que me canso, me divirto muito mais do que me angustio.
Então, é claro que vou vir aqui de vez em quando pra falar de descaminhos, sim. Do lado cinzento, dos dias tristonhos. Mas certamente, virei muito mais vezes para dividir dias coloridos, aprendizados deliciosos e descobertas incríveis. Porque no final do dia, o que foi ruim fica sempre pequenininho, e a imensidão do amor e da vida reinventada a cada instante quando caminhamos ao lado de nossos filhotes, fica enorme, quase gigante mesmo.
Não sou uma mãe perfeita, não acerto sempre. Mas tento não me prender aos erros, me esforço para não me apegar aos tropeços e não seguir me lamentando. Procuro me apegar às coisas boas, e elas são tantas! Se isso for romantismo exagerado, então acho que, plagiando caetano, vou ter que assumir: 'noutras palavras, sou muito romântica'...
Imagem: www.gettyimages.com.br / * trecho de 'Muito Romântico
7 comentários:
Ai Tata, se a gente idealiza por um mundo melhor, precisamos falar de coisas boas, fazer permanecer o bem...
A gente fala (até mãe humanizada) de coisas ruins: cesárea, não amamentação, tratamento forçado, palmada, falta de amor...
Olha, de coisa ruim já basta o mundo aí fora. Coisa ruim estressa, cansa, faz a gente pensar besteiras, pensar negativo, ser do mau... rs
Será que se a gente não quisesse só ouvir coisas boas o mundo seria mais "colorido"? Será que o mundo não seria mais positivo e animador? Será que as pessoas não íam querer fazer mais coisas boas por motivação e porque a "regra" seria essa?
Será? Será? Será hein?
Morro de curiosidade de tentar praticar isso com a ajuda de bilhões... rs
bjinhos
Tata, acho q vc esta certissima!
Primeiramente, o mundo la fora nao eh tao rosa assim, se pudermos colorir o nosso mundinho de dentro de casa de uma cor linda, saudavel e feliz, porque nao?
Depois tem quem acredite que aquilo q se pensa, gera energia da mesma intensidade, e voce nao quer seu baby envolvido numa energia negativa, quer?
Infelizmente o mal do mundo, a sociedade, que julga e quer ser vista como a melhor e a vencedora, adora dar pitacos na felicidade alheia, porque se sente incomodada!
Um gde bju
rnoiva@gmail.com
é uma conta exata mesmo, a gente fala do que motiva, sente e vivencia, se vivenciamos coisas bacanas...
adoro a sua fé nas coisas! =)
Rê,
As pessoas sempre vão encontrar algo para reclamar. Será que o festival de tragédias das emissoras de TV não bastam?
Vamos ser românticas e acreditar num mundo melhor! É o primeiro passo para as mudanças efetivas!
Beijo grande!
Mais uma vez ADOREI seu post ....
Realmente existem muito mais coisas boas do que ruins !!!
Acho que a mais simbolica de todas é o proprio parto....todas nós fizemos parto normal sabemos bem que é doido, e muitoooo mas a alegria de ve-lós lindos e saudáveis ao nosso lado, nos faz esquecer a dor do parto !!!
Grande beijo
Ora, se estas mamíferas apreciam a dor no parto, porquê não veriam com bons olhos a dor diária da maternidade??
Não existem poucas dores, ou uma conta certa do que é mais, do que é menos.
Existe o prazer real de um trabalho bem feito, a alegria diária das recompesas, a experiência plena depois de cada pedacinho de nós que morre e se renova.
Tata, há dias que eu queria vir aqui comentar esse seu post e, mesmo atrazado, espero que você leia, eee
Eu me identifico muito com o seu jeito "cor-de-rosa" de ver a maternidade.
Eu estou em lua de mel coma maternidade desde que o Kevo nasceu e me identifico totalmente quando você descreve um dia que deveria ser absurdamente exaustivo como um dia positivo, no final de contas.
Eu sou humana. Sinto exaustão, dor de cabeça, indisposição... Mas simplesmente estou tão absorvida pelas partes boas e pelos desafios, que nem me concentro muito nisso.
Talvez por esse motivo, quando vou para a Internet, não procuro relatos do tipo "meu Deus, eu não aguento mais". Respeito quem sente isso, quem não vive em lua de mel por ser mãe, mas gosto mesmo é do clima geral daqui, de sentir e ver as coisas boas, de comparar experiências e se maravilhar com as pequenas-grandes coisas da maternação: com uma frase engraçada, um dentinho florescendo, a respiração deles ao dormir, o contato da boca no seio, o engolir ritmado....
Afinal, a dificuldade e a superação estão em quase qualquer caminho; bom mesmo é encontrar um que justifique tudo de "ruim" que possa acontecer.. E a maternação "paga a si mesma", embora o verbo seja totalmente inapropriado, porque não existe um investimento.
Enfim, gostei muito e me identifiquei mais ainda.
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