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por: Tata
Eu acho incrível como, em pleno século XXI, nós mulheres ainda nos vemos cercadas por preconceitos que já deveriam ter sido varridos do mapa no tempo das nossas avós.
Eu sou uma mulher que trabalha, que estuda, que cuida dos filhos. Acima de tudo, sou alguém que faz suas próprias escolhas, que vive de acordo com o que acredita, com o que acha importante. Minhas escolhas não são melhores nem piores que as de ninguém. São apenas as escolhas que fiz, tomando como ponto de partida as minhas verdades, as minhas prioridades e as minhas possibilidades.
Eu não me acho no direito de dizer a ninguém como deve viver a sua vida. O que serve para mim pode não servir para o outro. Mas também não aceito que quem não me conhece venha julgar escolhas que dizem respeito a mim, e a mais ninguém. Isso, sem nem saber um pouquinho mais de quem eu sou, de como é minha vida, de que caminhos me trouxeram até a realidade que vivo hoje.
Há não tantos anos assim, as mulheres não tinham muitas escolhas a fazer. O caminho natural era casar e ficar em casa cuidando dos afazeres domésticos e dos filhos. Essa era a obrigação da mulher, e ponto final. Não cabia discussão.
Muita coisa mudou e, teoricamente, as mulheres foram 'libertadas' desses padrões opressivos, para fazerem o que desejarem de suas vidas. Mas quando ouço certos comentários preconceituosos, não consigo deixar de pensar que tais mudanças talvez tenham sido apenas de um extremo para outro.
Mais frequentemente do que gostaria, vejo que as mulheres são julgadas sempre, sejam quais forem as escolhas que fizeram. Se antes a mulher que optava por sair de casa e trabalhar fora, porque achava importante ter uma profissão e um espaço para si que não incluísse fogão, panelas e fraldas, sofria com o preconceito, hoje a mulher que opta por diminuir o ritmo profissional, ou mesmo parar de trabalhar por um tempo, para se dedicar à criação dos filhos, sofre da mesma forma.
Rotular uma mulher que acredita que o começo de vida das crianças é um tempo precioso que devemos curtir ao lado dos filhotes, contemplando cada passo, como "dondoca que vai ser sustentada pelo marido" é de um preconceito atroz, que me envergonha.
Afinal, onde está o direito de escolha, a liberdade? Onde está o espaço para que cada uma faça as opções que melhor lhe satisfaçam? Apenas passamos de um imperativo para outro. Antes, a palavra de ordem era: 'fiquem em casa!!'. Hoje, negativou-se. Mas o direito de escolha continua sendo igualmente desrespeitado.
Espero sinceramente ver chegar o dia em que a libertação feminina seja mais que um discurso bonito. O dia em que todas serão igualmente respeitadas, trabalhando fora, trabalhando em casa, cuidando dos filhos, ou fazendo tudo ao mesmo tempo. Cada um na sua, com respeito.
Em tempo, sou uma das 'dondocas' que quer aproveitar os primeiros anos de vida dos filhotes bem juntinho, apreciando cada momento. Trabalho, mas trabalho em casa, para estar perto das crias. Foi a escolha que fiz. Não somos ricos, e certamente se eu trabalhasse fora teríamos muita coisa que hoje não temos. Mas eu escolhi abrir mão de tudo isso e viver com menos - falando de coisas unicamente materiais - para poder estar perto das minhas meninas e vê-las crescer.
Mais uma vez, minha escolha não é melhor nem pior do que a de ninguém. Mas é a minha escolha, e só eu sei os porquês e as vantagens e desvantagens que ela tem. E digo de coração aberto: até hoje não me arrependi, nem mesmo por um instante.
Imagem: http://foto-sinta-se.blogspot.com
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
24 comentários:
Rê querida, tô contigo e não abro ;)
Também virei "dondoca" e ainda tenho a sorte de ter o maridão trabalhando em casa também e curtindo junto comigo a nossa cria :)
Acho que no final das contas, pessoas com nós é que acabam tendo as experiências mais ricas com os filhotes.
bjokas minhas e babadas do Gael ;)
Também concordo !!
Tem um post meu exatamente sobre isso - http://driccakastrup.blogspot.com/2009/11/sindrome-de-mulher-maravilha.html.
bjobjo
Minha ídala! :D
Sou uma lady de unhas vermelhas e filho muito feliz por ter a mãe por perto.
Beijos.
Perfeito! Pudera todas as mulheres pudessem (e quisessem) optar de coração em trabalhar menos (fora) e cuidar da infância de seus filhos, o mundo seria de mais amor e mais paz.
Também passo por isso diariamente... Há pouco parei de trabalhar e pois meu trabalho era extremamente estressante, estou tentando engravidar agora e cuidando do maridão. Mas já cansei de ouvir: "parou de trabalhar para virar dona de casa???" como se eu já não fosse né??? rsrsrsrs...
abraço e parabéns pelo blog!
Lindo texto, Tata!
É hora de questionarmos esse preconceitos. Como você disse, estamos indo de um extremo ao outro com a velha roupagem do preconceito, da opressão... que não tem nenhuma razão para existir.
Beijos,
Vanessa
Querida, nossa escolha foi essa também. Digo nossa porque foi conversada e resolvida em comum acordo com o maridão.
Só queria como você, conseguir algo que pudesse fazer em casa, pela net, enfim. Até pra ter uma graninha pras "minhas" coisinhas. No mais, estou mega feliz participando da vida do meu filhote e sendo o melhor que posso ser para ele.
Parabéns pela sua escolha acertada. Estamos criando pessoas melhores, quiçá pra concertar o mundo.
Sabe que eu estive pensando nisso tb nesse fim de ano? Reunioes de familia sempre acabam com comentarios do tipo: 'Ja nao esta na hora de voltar a trabalhar?', 'Essa menina ta ficando mto grudada em vc, eh melhor colocar na creche', etc... E isso enche!
Eh, hj em dia soh eh respeitado quem 'desrespeita' as crianças.
Beijos
Oi Rê!!Eu concordo com tudinho q vc escreveu;eu fiz as minhas escolha e por incrivel que pareça as pessoas se acham no direito de me criticar;sou mãe em tempo integral,estudo no horário em que elas estudam,trabalho em casa par poder fiacr perto delas,amo de mais esses momentos e não há dinheiro que pague tudo isso.abraços!!!
Eu tamb[em fiz esta opção de trabalhar em casa. Afinal, os filhos crescem rápido demais. Eu acho que tem um ponto fundamental que já falamos bastante aqui no mamífera: vc opta por trabalhar fora: qual o preço da terceirização da educação? Claro que tem mulher que não tem opção. Mas há uma maioria poderia diminuir o ritmo e coloca a profissão como prioridade. efim, faz parte da liberdade. E quem faz escolhas na contramão da sociedade: parto domiciliar, ficar em casa para cuidar da cria, sempre será criticado.
Quem me dera poder ficar em casa lambendo a cria todo tempo!!!!!
Mas eu preciso trabalhar (pra garantir o básico) e morro de invejinha de quem não precisa!!!
Realmente, parece que hoje em dia, ao invés de termos a obrigação de ficar em casa, somos obrigadas a ter carreira, ser profissionais bem sucedidas pra depois, lá pelos 40 e poucos, começar a pensar em filhos. Mas aí, se vc chega aos 30 e ainda não tem filhos, te cobram porque vc só dá importância pra sua carreira e começam a dizer q vc vai ficar pra tia, se vc tem filho aos 20 é irresponsável, se deixa seu filho em casa pra poder trabalhar te chamam de relapsa, se fica em casa pra cuidar deles é dondoca.
realmente, é como vc disse, tem que fazer as escolhas que vão te deixar em paz, porque quaisquer q sejam as nossas escolhas, sempre vai ter um pra te criticar...
adoro seus textos! me inspiram bastante.
beijoca
Renata, gosto muito dos seus posts, e acho que está bastante claro neste aqui a questão do respeito às opções.
Mas a mesma forma desrespeitosa com que muitas vezes se critica a mulher que faz opção por ficar em casa acompanhando e curtindo o crescimento dos filhos, também ocorre do lado inverso. Frisando que não é o caso do SEU texto, mas é comum também por parte das mulheres que ficam com os filhos, a crítica que desqualifica mães e filhos sob outros formatos de relação.
As mães que trabalham e os filhos das mães que trabalham também podem ser, e no mesmo tanto, pessoas bacanas e felizes, que não estão nessa necessariamente por pressão social, mas por escolhas que refletem diretamente histórias de vida.
Acho bacana, me repetindo porque sempre digo isso, rsrs, esse compartilhamento de experiências que o blog proporciona, essa mostra de possibilidades, para ampliar as referências das pessoas, para inspirar. O mundo é colorido, as possibilidades são infinitas, e é possível ser feliz e fazer feliz sob infinitas maneiras. Concordando com você :)
Beijos.
Tatá,
como falaram já, somos criticadas por tudo isso. Também trabalho pouco e de casa e tbm fico com o filhote. É uma delícia poder acompanhar o crescimento do meu filho, mas sou super insegura quanto ao futuro, tanto profissional quanto com o marido... essas coisas me atrapalham de viver essa escolha com toda alegria que merecia e vejo muitas outras mulheres assim também. Muito triste...
Mas ainda penso que é o melhor para MEU filho, independente se é pra mim também...
Estou voltando a trabalhar agora, aos poucos, bem aos poucos e não pretendo ficar mais de 3 hrs fora de casa por dia. É difícil, as cobranças são enormes, ainda mais se tratando de alguém que estava vivendo um momento importante numa carreira em que poucos se estabelecem de fato, encaminhar pacientes, recusar cursos e sessões de supervisão, fechar as portas de um consultório cheio ou reduzir drásticamente o número de atendimentos, sem falar que é a profissão escolhida e amada.
Por vezes tenho medo da maré passar e com ela as oportunidades que vem surgindo, ao mesmo tempo nada, absolutamente nada paga poder compartilhar desse momento com meu filho portanto escolho com a alma e o coração, oportunidades virão, não essas, talvez nem tão boas, mas virão, esse tempo com meu filho não volta.
Mas certamente tem muita gente me achando maluquinha rsrsrs
Mariana
Olá Tata,
estou passando por isso neste exato momento. E tudo o que estava em meu coração você colocou em palavras. Mto bom!!
Acabo de optar por trabalhar de casa para cuidar de minha princesa, de 4 meses. Sinto-me a mulher mais abençoada do mundo por poder fazer essa escolha. Mas os olhares condenantes se acumulam. Azar deles! rs
bjs
Assino embaixo o da Roselene e acrescento que geralmente que faz crítica fervoroso às escolhas alheias é porque queria o mesmo pra si, rsrsrsrs. bjs
Tata, acho muito legal você escrever isso porque fico pensando no meu projeto de vida. Enquanto todas (eu disse TODAS) as minhas amigas sempre tiveram como objetivo cargos mais elevados no trabalho, viagens incríveis, salários mais altos e uma série de planos profissionais, o meu objetivo sempre foi diminuir o ritmo de trabalho (se possível parar mesmo de trabalhar) para me dedicar aos meus filhos. Sempre fui mega criticada por isso - principalmente pela geração anterior, aquela que queimou o sutiã. Acredito que esta nossa opção seja uma espécie de contra-revolução, que faz as pessoas pensarem direito no verdadeiro sentido da maternidade, do trabalho, do feminismo e por aí vai.
Beijo!
Olá!
Gostei muito do seu post Tata!
Mas...
Tb gostei muito do contra-ponto colocado no comentário da Roselene.
Acredito q a mãe em tempo integral de hoje, pode ser a mãe de amanhã q volta a trabalhar, tranquilamente, após a licença maternidade, ou vice-versa.
As decisões tomadas com leveza de coração e serenidade, sempre são as melhores para cada formato.
São tantas as possibilidades, tantas cores além do preto e branco.
E sabe...
Acho q podemos aprender tanto com essa diversidade, com esse mundo colorido como disse a Roselene.
Abç forte,
FêdaRaedoLu
Oi Tata! Gostei muito do seu post porque retrata uma situação bem parecida com a minha. Como você, eu poderia ter muito mais coisas (materiais) trabalhando fora ao invés de ter optado por ficar em casa cuidando do meu filho, mas não era isso que meu coração queria!
Sou muito criticada, vista como dondoca mesmo e às vezes quando digo que estou cansada, pela própria rotina do dia a dia , as pessoas, principalmente as mulheres, se entreolham como quem diz: "Até parece que tem motivo para estar cansada, nem trabalha!". Porém já aprendi a rebater essas críticas. Eu sempre respondo: "trabalho sim, e no trabalho mais importante que existe - a educação de um ser humano...". Bjs.
É engraçado isso do preconceito ao contrario. Quando decidi não trabalhar no primeiro ano de vida da minha filha, muitos me olharam esquisito. Minha mãe me perguntou se eu ia ser "só dona de casa".
Passado um tempo voltei a trabalhar.Coloquei-a numa escolinha quando ela completou um ano e fui a luta novamente. Pagava a escola, a empregada, a condução e ficava com a minha filha a noite. Vivia me questionando se valia a pena e achava que nao.
Quando o segundo filho nasceu decidimos,eu e marido, que em todos os sentidos (economicamente inclusive) era melhor eu ficar inteira com as crianças.
Não é uma escolha fácil.
É a melhor escolha que eu pude fazer, nunca achei que outra opção seria melhor. Posso cuidar para que as crianças comam as frutas que devem comer, que nao consumam o açucar que nao devem consumir... e brinquem comigo, que possam contar comigo... Que sejam educadas pela mãe, pela mãe que as desejou intensamente.
Eu to ali... a disposição delas.
Duro é olhar para a cara do preconceito de amigos que outra hora gritavam ao seu lado em passeatas por um mundo melhor, por ética...
Muitos nao entendem como vc pode "abdicar de uma vida própria".
Como se ter e acompanhar um ser humano no inicio de sua vida nao fosse tarefa de alta responsabilidade... que pudesse ser delegada nas mãos de uma empregada como se faz com o serviço doméstico.
Educar filhos não é tarefa mecânica e estar fora de casa ou inteiramente voltada aos filhos para a mulher contemporanea nao é nunca uma decisão simples.
Tendemos a estar sempre nos sentindo em divida, seja com os filhos, a vida profissional, pessoal, intelectual, economica...
Não existe resposta unica e conclusiva, o que deve nortear é o sentimento de felicidade que vc vivencia. Dentro ou fora de casa, integral, meio-periodo...a mãe tem que estar feliz para criar um filho feliz. Só assim ela vai conseguir ser, de fato, presente na vida da criança.
Hoje o que me incomoda é o olhar do outro... Percebo no meu marido um certo sentimento de que essa situação é permanente e, talvez, por estar no meio academico isso o incomode, apesar de nao verbalizar.
Amigos dele já me rotularam como dona de casa e isso de certa forma depreciativa, como se ao optar por nao voltar a universidade, nao investir na carreira academica, eu estivesse optando por me tornar limitada a vida de dona de casa.
Justamente todo o meu conhecimento é que me diz que, nesse momento, meu melhor está no que dou para os meus filhos.
Maravilhos texto.
Ha uns 7 anos atraz, quando me preparava para ser mae, fui "rotulada" como "anti-feminista" por pensar dessa forma. Para mim, lugar de mae eh junto com os filhos, afinal so teremos um futuro melhor se investirmos nos nossos bebes de hoje, e para educar eh precisa passar para nossos filhos e filhas, os caminhos de Deus em primeiro lugar que ja esta muito esquecido ou distorcido, investir no tempo juntos com brincadeiras, dancas e conversas, dedicar ao maximo o nosso amor de mae (que eh imcoparavel), por em pratica nossa sabedoria e paciencia.
Nada contra escolinhas e creches, mas nem de longe eh o mesmo que educar em casa. Outro problema q ja observei tambem, sao as maes que "jogam" seus filhos para brincar rua...: (-vai brincar na rua!!), isso aos gritos. Brincar na rua nao eh o problema, mas eu acho que a mae tem que sempre ficar de olho. Liberdade controlada pelos pais por muitos anos, principalmente na adolescencia. Filho nao foi feito pra ficar solto,largado...
Se analizarmos muitos anos atraz, vamos ver que realmente quando a mulher era presente em casa e realmente dona de casa, os filhos eram mais educados, carinhos e respeitadores. Mae com vontade de ser mae e pensando no futuro do seu maior amor, com
certeza cria um(a) filho(a) de bom carater!!!
Minha 1a vez aki.
Nany, mae da Laura de 21 meses.
Bjos a todos!!!
(desculpa a falta de acentos mas meu teclado nao tem acentos pq eh em ingles, sorry!)
Nosso maior investimento de carreira esta nos nossos filhos. Nessas sementinhas sim devendo "gastar" nosso tempo e dedicacao para que eles gerem bons frutos e o resultado no futuro eh muito melhor que qualquer promocao de emprego ou salario.
Bjos a todas mamiferas!!!
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