por: Nanda
Oi mamíferas! Meu nome é Fernanda Café, mas me chamam de Nanda e eu gosto mais assim... Escrevi para o Mamíferas no mês passado, falando sobre como é complicado ter um filho não-planejado, e agora recebi a honra de escrever aqui por um mês enquanto a Kathy tira férias, olha que responsabilidade! Prometo que vou me esforçar pra manter o padrão de qualidade das três, será que consigo?
Eu sou normalmente muito tímida, e se estou em local desconhecido é difícil ouvir minha voz. Mas quando o assunto é parto ou maternagem, alguma coisa acontece no meu coração e eu desando a falar. Defensora ferrenha do parto natural, mais de uma vez fui colocada numa saia justa quando meus interlocutores descobriram que... meu filho nasceu por cesárea!
Poucos são os meus amigos interessados nesse lance de maternidade, e eu compreendo que para quem não está nesse meio, fica complicado entender o quão apaixonante ele se torna depois de um ou dois relatos de parto. Mas até mesmo em salas de consultório recebo olhares atravessados ou aquele ar condescendente de "Ah, mas pra ela fica fácil defender o parto natural se ela não sentiu aquelas dores horrorosas".
Acredito que um dos pré-requisitos para ser mamífera é tentar conscientizar as pessoas que se interessam pelo assunto. Entendam: conscientizar não é doutrinar, é mostrar alternativas que se sustentam em dados científicos ou empíricos, sem querer enfiar a informação à força na cabeça de ninguém. Devo admitir que tenho um pouco de dificuldade com isso, aquela história da vela boa com o defunto ruim.
Para mim, que sofri a violência de uma cesárea desnecessária, assistir a caminhada de pessoas que poderiam seguir outro rumo pela mesma estrada que eu fui obrigada a tomar, é uma ofensa pessoal. Por causa disso, eu me vejo, sim, em posição mais do que válida para defender o parto natural, mesmo sem ter passado pela experiência. E eu me vejo muito irritada quando as pessoas escolhem se fechar para as alternativas, o que acaba culminando na cesariana por "bebê alto", "pelve estreita", "circular de cordão", dentre outras pérolas, e me vejo mais irritada ainda quando acham que eu não posso defender uma experiência que eu não vivi.
Infelizmente, eu não senti o círculo de fogo, não tive (e provavelmente não teria, com o acompanhamento adequado) laceração perineal, sequer senti meu filho saindo de dentro de mim, graças à anestesia que me deixou imobilizada por muitas horas. Esses "pontos negativos" do parto natural todos parecem areia no vento quando eu me lembro de tudo de ruim que cercou o nascimento do meu filho.
Ser abandonada em um centro cirúrgico gelado encharcada de líquido amniótico, ouvir a conversa banal da equipe médica enquanto realizam a cesareana de rotina, não ver meu filho assim que o arrancaram da minha barriga, ouvi-lo chorar e não poder fazer nada a respeito, estar tão anestesiada ao ponto de ter pouca memória das horas que se seguiram ao nascimento dele, não poder rir e me regojizar com os visitantes queridos, não poder carregar meu filho no colo, depender de outras pessoas para tomar banho, ir ao banheiro, levantar da cama... Ufa! Esses são alguns dos pontos negativos da cesareana, coisas que não teriam acontecido tivesse eu seguido o rumo natural das coisas.
Se muitas mulheres escolhem a cesariana porque "ouviram falar" que a perereca fica frouxa, porque dói ou porque é mais fácil, eu acredito que posso sim, senão defender o parto natural, ao menos atacar a cesariana. E vocês, quais argumentos usam para defender aquilo que acreditam?
Imagem: http://www.consensus.nih.gov/
14 comentários:
Oi, Nanda!!!
Legal te ver aqui!!! Adorei o post. Eu, particularmente, evito "doutrinar" as pessoas e só dou meus pitacos quando acho que vale a pena ou quando alguém, sabendo que eu tive um parto normal, me pede dicas ou vem falar sobre o assunto, o que raramente acontece, diga-se de passagem. Infelizmente...
Beijos!
Luna.
Adorei o post e seja bem vinda :D
E eu? NEm passei por cesaria nem parte natural, nenhum, nem estou gravida, enfim, não sou mãe, mas defendo e tento abrir a cabeça daqueles que me indagam sobre o parto natural, amamentação em livre demanda etc
Beijao
Obs: tentei entrar no seu blog mas é só para convidados :(
Oi Luna! Agora estou mais por aqui do que lá no meu blog, hehehe...
Rafaela, o blog é só pra convidados porque eu estava um pouco receosa de expor meu filho, ainda estou remoendo esse assunto, mas enquanto eu estiver por aqui, o meu blog está abandonado. Acho que quando terminar minha temporada no Mamíferas abro o blog pra todos de novo!!!
Beijão
Oii, Nanda.
Minha história, pelo que pude ler, é parecida com a sua.
Mãe adolescente + uma cesarista de pior espécie = desnecesária. =/
Boa sorte pra vc.
bjobjo, ine =]
Nanda, fico emocionada ao ler vc o que vc escreve. Por tudo, por conhecer um pouquinho de tua história, por saber como foi difícil pra vc vivenciar essa cirurgia, por temer passar pela mesma situação que vc passou (pois não consigo assistência diferente na cidade em que vivemos).
Respondendo à tua pergunta: tento argumentar mostrando o quanto é importante fazer as coisas do jeito que estou tentando relatar, quantas evidências existem de benefícios naquilo que estou defendendo.
Infelizmente algumas pessoas "precisam" quebrar a cara pra poder acreditar no que falamos. Conheço inúmeras mulheres que defendiam a cesariana como "parto indolor" e marcaram sua eletiva, mas depois se arrependeram amargamente, não só por sentirem dor pós cirurgia, mas por ficarem quase tão dependentes quanto seus bebês e precisarem de alguém pra ajudá-las além de ajudar o bebê.
Queria tanto, mas tanto construir um roteiro diferente para o nascimento do meu/minha filhinho/a que está à caminho.
Beijos no coração!
Oi nanda, nossas histórias são parecidíssimas... tbm sofri uma violência dessas e por isso virei defensora ferrenha do parto natural. Boa sorte aqui no mamíferas, beijo. ;***
Seja bem vinda!!!!
Eu também sempre quis um parto normal, só que meu filhote ficou muito grande na minha barriga e não tinha espaço para virar (será?) Mas eu tive sorte (se é que pode se chamar assim) de ter uma cesárea MUITO humanizada, pude ter meu acompanhante comigo em todo o período da cirurgia, e enquanto ele não estava comigo tive a neonatologista segurando minha mão e dizendo para eu não me preocupar com nada, que estava tudo bem, que tudo bem eu ter medo, que tudo bem chorar; tive um médico que chegou cedo e me acalmou, tive um anestesista presente sempre ao meu lado, me ouvindo qdo eu disse que não estava me sentindo bem, pude cheirar meu filhote logo que ele saiu de minha barriga ( e senti ele saindo mesmo com a anestesia- não senti dor, mas senti a pressão), tive um atendimento fantástico! tanto no pré, quanto no pos operatório, e o mais importante de tudo, assim que fui pro quarto (o que não demorou muito) meu filhote foi atrás... pude curtir ele desde cedo, mesmo ainda um pouco grog da anestesia...
Mas nada disso compenda a dor de não ter tido meu parto NATURAL, todas essas lendas sobre parto normal são hstória!!! Minha dor foi amenizada! mas ela não foi sarada! tenho fé que de uma proxima vez eu possa ter meu filhote do meu jeito, bem natural :)
Um grande beijo
Bia
Be welcome!
Seja bem-vinda, Nanda. Acho que eu sou uma das mam[iferas que mais ataca a cesariana, apesar de náo ter passado por uma. Mas isso aconteceu com 37 semanas que decidi por fim pelo PD. enfim seria mais uma cesarada (ou ia sair correndo do hospital e estaria nas páginas do noticiario... rs). Enfim, os argumentos contra cesárea parecem não surtirem efeito pq sempre vai ter uma mulher que no pós parto ficou dopada a dizer: mas a minha não doeu nada e piriripompom
Enfim, vamos fazendo a nossa parte.
beijos radicais
Oi Nanda!
Adorei seu post, me identifiquei muito com ele, porque também passei por uma desnecesárea, fui tratada da mesma maneira que vc no centro cirúrgico, fiquei horas sem minha filha... e hoje defendo o parto natural tb. Mas acabo falando só pra quem realmente está interessado, não adianta gastar vela boa com defunto ruim, como vc disse.
Parabéns!
Oi Nanda, td bem?! Passei pelo mamíferas hj e gostei. Fui do lado te conhecer um pouquinho e fiquei sabendo do blog "todinho seu" fui até lá pra dá uma espiadinha, mais só acessa quem tem convite. Pelo menos foi assim que apareceu pra mim. Buáááá´
Hum, será que rola um convitinho pra eu acessá-lo.
Beijo "gandiiiiiii".
Meu e-mail: j_3bastos@hotmail.com
ou http://blogdajosy-josy.blogspot.com
Beijokasssssssssssssssssss
Ah, já ia me esquecendo, tbm sou super a favor do parto normal, embora não tenha filhos ainda, mais quando for tê-los, serei ADEPTA "Talvez" se não pintar aquele "medinho" que todas as que já tiveram adoram colocar na gente. Ai... nossa que horror!! Dói muito, e etc... e tal.
Mais amei o mamíferas, estou seguindo vcs. Beijão nANDA.
"Prometo que vou me esforçar pra manter o padrão de qualidade das três, será que consigo? "
Você escreve muito bem e entende muito do assunto. Consegue, sim.
Já tinha lido antes como foi o seu parto e deu raiva só em ler. Isso pq vc se planejou, há tantas pessoas que não tem nem a alternativa, que deveria ser a escolha "natural", de saber o que é um parto normal.
Olá,
Eu tive 2 cesárias e não, não tive dor alguma. Os médicos foram atenciosos, meu marido estava ao meu lado e posso dizer que não foi uma experiência traumática.
Não foi porque nos meus 2 partos eu estava decidida a ser feliz, muuuuuito decidida.
Não estou defendendo a cesárea, muito ao contrário.
Estar grávida me deu um desejo e uma decisão de ser feliz, de fazer tudo ser o melhor que poderia ser.
Eu queria e precisava olhar o lado bom das coisas, precisava me agarrar a isso porque naquele momento a unica coisa boa em minha vida era o fato de estar gravida.
Senti foi uma grande frustração que permanece ate hoje.
Me senti muuuuito sozinha e sem informação para contra argumentar com a médica.
Ao contrário do que costuma acontecer, minha médica era tida com uma pessoa que gostava de parto natural. Passei todo o tempo me preparando para o parto normal e fui pega de surpresa na vespera de completar 40 semanas.
A médica disse que eu estava com diabetes gestacional apos avaliar um resultado alterado no exame de curva glicemica e, apos outro exame, verificou pouco liquido. Queria fazer a cesarea no mesmo dia e só nao fez pq meu marido estava viajando e eu morava em outra cidade e nao tinha ninguem da familia por perto.
O argumento para me convencer foi de que em 15 anos de trabalho, ela so havia tido problemas de obito com gravidas que tinham diabetes. Eu sequer fiquei convencida de que realmente tive isso. No dia seguinte foi feita a cesarea e é aquilo que se fala: frio frio frio!
E por mais encantador que seja seu filho esta nascendo, é muito esquisito ficar ali paralitica, imóvel... me senti inválida e sem controle do que é o ponto mais forte da mulher: a capacidade de gerar e parir. O pior é quando a criança nasce e vc ficar esquecida enquanto se recupera da anestesia. Apos o parto e consulta de revisao, nao voltei mais a essa medica.
Na segunda gravidez tive complicações desde o inico por conta de um cisto e desde o inicio ficou decidido que seria cesarea.
O que permanece em mim é a duvida, qual o risco real que eu teria num parto normal? Os medicos dizem que a cesarea é mais segura diante de possiveis doenças. Será mesmo?
Em ambas experiencias nao tive dores e me recuperei muito bem, mas nao indico a ninguem. Pois estive muito consciente durante toda a cirurgia do quanto eu estava a deriva naqueles partos. E o quanto é perigoso um procedimento desse porte, aquela anestesia que te deixa grogue e paralisada por pelo menos 2h nao deveria estar no principio de uma vida que nasce ali.
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