por: Aline Tavares, mamífera convidada
Minha gravidez não foi planejada, embora tenha sido muito desejada e consciente. Mas, por não ter sido planejada, veio no meio da minha graduação em Letras.
Quando engravidei já me encontrava inserida nesse universo mamífero de partos naturais, amamentação prolongada, não terceirização da criança, etc. Não cogitava outra hipótese que não fosse ficar com meu filhote, mantendo a amamentação exclusiva e o colo em livre demanda, acompanhando integralmente seu desenvolvimento tão intenso no começo. E foi o que fiz, tranquei a faculdade e fui ser “mãe em período integral”.
Não deixei de sair de casa por causa do bebê. Aonde fosse, ele ia comigo, em seu sling, feliz da vida (de fato, ainda é assim, um ano depois). E os conhecidos sempre repetiam a mesma pergunta: “E a faculdade, como vai?” “Tranquei.” “Ah, vai voltar no próximo semestre?” “Acho que não.” “Não vai mais voltar?!” “Agora não.”
Claro que, no meu caso, aliado à gravidez estava um enorme descontentamento com o curso, que não me dava nenhum ânimo para voltar à faculdade. No entanto, junto com o filho, nasceram muitos projetos que também demandam tempo e dedicação.
E dedicação é a palavra-chave. O tempo agora é de dedicação ao bebê. O primeiro ano é tão importante, eles crescem tanto, adquirem tantas habilidades e precisam tanto da mãe por perto. Como eu poderia, tendo a possibilidade de escolha, optar por me afastar do meu filho neste momento?
Os projetos que quero desenvolver estão me esperando ainda, agora que ele completou um ano. E agora sinto que estamos ambos preparados para este breve afastamento diário que vai me permitir criar outros “filhotes”. Não quer dizer que, por ele ter completado um ano, pode ter sua educação delegada a outra pessoa. Mas sinto que ele não precisa tanto da minha presença constante. E acredito que esse pequeno passo de independência se deve ao respeito que tive pela sua fase de extrema dependência, absolutamente natural em bebês tão novos.
Embora pareça clichê, passa tudo muito rápido mesmo. Já faz um ano que ele chegou e o tempo das mamadas eternas, do colo constante, cada um ao seu tempo, foi passando, dando lugar a novas fases, que demandam tanta dedicação quanto as outras, de modos diferentes, e trazem novas conquistas a cada dia.
É preciso entender que parir, amamentar e cuidar de um bebê faz parte do pacote da maternidade. Quando escolhemos ser mães, devemos estar preparadas para investir tempo na educação de nossas crianças. Não só tempo de qualidade, mas quantidade também.
Depois, os filhos crescem, não precisam mais (tanto) de nós. Mais cedo ou mais tarde vão desmamar, dormir a noite toda, em suas camas, sozinhos. E vamos sentir saudades (boas) da época em que tínhamos que nos dedicar tão intensamente. Pelo menos é o que dizem essas mamíferas aqui. E eu acredito nelas.Imagem: http://elacerdapaulo.blogspot.com
11 comentários:
Renata!
eu tava lendo um post seu de março de 2009, onde vc reclamava dos mosquitos/marimbondos/pernilongos-e-afins.. lembrei de uma receita que pode ser útil pra vc!
pegar a própria folha da citronela e deixar em solução com álcool. depois de mais ou menos uma semana, essa mistura vira um ótimo repelente! eu passo no meu corpo mas tenho certeza que se passar no chão de casa tem um ótimo efeito.
é incrível que, mesmo após um banho de mar ou de chuveiro e o cheiro aparentemente ter sumido, é só chegar mais perto com o nariz que percebemos que a "craca" da citronela ainda está lá, espantando esses bichos.
pra mim é sempre muito útil!
beijos!
Lindo texto! Parabéns!
Eu tbem acredito! Que bom! Vc escreveu lindamente!
Ás vezes, nós nos dedicamos muito a algo para fugir de responsabilidades. Você abriu mão da faculdade - até admite que estava desiludida e tudo mais, certo? - mas aparentemente, não abriu mão de sair com amigos, não é? Não que você deva fazer isso, claro que não.
Mas acho que antes de cuidar de uma criança, é bom aprender a se tornar independente e autosuficiente.
E já que considera este um "período para se dedicar" espero que esteja exigindo a mesma coisa do pai da criança.
arslem,
acho curioso que mais uma vez alguém tenha vindo para agredir - porque discordar, tudo bem, mas suas palavras não disfarçam a agressividade - e não assine, não se identifique, não dê a cara para bater. enfim, mais do mesmo.
sobre teu comentário, talvez a própria aline venha te responder, mas já adianto uma interpretação pessoal de quem passou por uma experiência parecida: sair com amigos é algo que podemos fazer com o bb a tiracolo, grudadinho, como acreditamos que deve ser nesse comecinho de vida dos filhotes. assistir aulas na faculdade com o bb pendurado já fica mais complicado, não?
tornar-se independente e autosuficiente para vc está diretamente ligado a terminar um curso superior? não acha que a vida é dinâmica, e há milhares de arranjos possíveis, quando nos permitimos pensar 'outside the box'?
abs
renata (tata)
"tornar-se independente e autosuficiente para vc está diretamente ligado a terminar um curso superior? não acha que a vida é dinâmica, e há milhares de arranjos possíveis, quando nos permitimos pensar 'outside the box'?"
Acho que a vida só é 'dinâmica' a permitir este tipo de escolha - ou seja, se dedicar a um filho sem trabalhar - quando a mãe no caso está inserida numa classe média ou classe média alta, quando pode depender dos pais e do marido para sustentá-la.
Ah, sim, desculpe a agressividade, não foi proposital.
E entrei com a minha conta do google, por isto o apelido.
arslem,
se vc está logando com a sua conta do google, pode perfeitamente assinar abaixo do seu comentário. muita gente que comenta aqui o faz.
de resto, teu comentário sobre "mulheres sustentadas pelos maridos", não vou nem me dar ao trabalho de contra-argumentar, tamanha a carga de preconceito.
Eita que foi só eu passar o dia fora de casa (com filho a tira colo) que o negócio pegou fogo aqui.
Então, vamos lá.
Querida(o) Arslem,
Eu não “abri mão” da faculdade, eu dei um tempo no curso. E sim, eu abri mão de sair com amigos, especialmente à noite, porque respeito o horário de sono do meu filho.
Eu não passei um ano trancada dentro de casa, eu saio todo final de semana com meu filho e meu esposo para passear, almoçar fora, ir ao shopping, fazer supermercado, etc.
Eventualmente nos reunimos com alguns amigos, tão eventualmente quanto antes do meu filho nascer.
Sobre o “pai da criança”, acredito ser uma mulher privilegiada por ter um marido que cuida tão bem do meu filho e me ajuda mais do que qualquer homem que eu conheço. Todos os dias, há 1 ano, ele dá o banho da noite no bebê, frenquentemente levanta com o filho de manhã para que eu possa dormir mais um pouco , trocou tantas fraldas quanto eu e carrega o pequeno no colo (e no sling) para cima e para baixo com a maior felicidade.
Sobre se “dedicar a um filho sem trabalhar” gostaria de esclarecer algo que você parece não saber. Dedicar-se a cuidar de um bebê 24h por dia significa muito trabalho. Trabalho que não tem fim-de-semana, feriado ou férias. E que muitas vezes é deveras cansativo. E, veja bem, alguém teria que fazer esse trabalho. Se não fosse eu, seria uma babá ou um berçário. O que implica gastos às vezes tão altos quanto o salário que a mãe pode receber. Mas implica mais do que isso, implica em terceirizar os cuidados com a criança, em menos contato mãe-filho, em ter outra pessoa participando dos primeiros e especiais momentos da vida do seu filho, outra pessoa passando confiança a ele, e não a mãe.
Eu acho que não há salário no mundo que pague a felicidade que eu senti quando vi meu filho dar seus primeiros passinhos em minha direção, com seu sorriso de três dentes.
Espero que você consiga ampliar seus horizontes e pensar fora da caixa, ou da matrix.
Aqui é um bom lugar para exercitar.
:)
Conheço poucas mulheres tão lúcidas e mães tão dedicadas como Aline. E sendo preconceituosa pero no tanto: e é quase uma menina... Graças a Deus ela tem tempo e apoio pra poder se dedicar a Bruninho enquanto é preciso, e certamente trilhará seu caminho ao longo da vida, da maneira que quiser. E viva a liberdade de poder ser o que se quer. Cheiro, flor.
Longe de mim querer esquentar a discussão, mas acho que o Arslem está falando sobre dinheiro mesmo, pagar contas, honrar compromissos... Infelizmente, nem todo mundo pode se dar ao luxo de curtir todos os momentos do primeiro ano com o filhão! É tudo uma delícia e dá um trabalhão danado, mas eu, por exemplo, não posso parar de trabalhar e ele fica em um berçário que custa, obviamente, bem menos que o que eu ganho por mês.
só pra constar, NINGUÉM é auto suficiente, todos nós precisamos de apoio seja ele pago ou gratuito!
Lindo post Aqine! Parabéns, concordo com vc.
;*
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