por: Nanda
"Olá, meu nome é Fulana, estou grávida de 36 semanas." A apresentação de grupos de apoio, não importa qual a finalidade, parece ser sempre a mesma, o que é engraçado se pensarmos que eles podem reunir desde alcoólatras a viciados em mídia digital, os grupos de apoio tendem a ser vistos como locais de suporte para pessoas com problemas.
"Olá, meu nome é Fulana, estou grávida de 36 semanas." A apresentação de grupos de apoio, não importa qual a finalidade, parece ser sempre a mesma, o que é engraçado se pensarmos que eles podem reunir desde alcoólatras a viciados em mídia digital, os grupos de apoio tendem a ser vistos como locais de suporte para pessoas com problemas.
Que gravidez não é doença, todo mundo está cansado de saber. Mas desde que as relações sociais foram reorganizadas, alguma coisa está fora da nova ordem mundial e as mulheres perderam o costume de trocar experiências. Muito diferentemente das nossas antepassadas, mostramo-nos até irritadas quando avós, mães e sogras querem compartilhar dicas e supertições, pois estamos acostumadas a sermos auto-suficientes e são tantas informações díspares que acaba parecendo um monte de baboseira.
Gravidez não é doença, mas é uma situação onde a mulher se encontra ao mesmo tempo fragilizada e fortalecida, inundada de hormônios desconhecidos e nada mais natural do que querer discutir os mistérios que acercam o gestar, o parir, o maternar. Aí é que entram os grupos de apoio às grávidas , e eles vem em todas as cores e sabores. Podem ser listas de e-mail, comunidades do Orkut, fóruns e grupos presenciais, podem passar a mão na sua cabeça ou dar um peteleco na sua orelha pra te fazer acordar.
Quem vê a tríade gravidez-parto-maternidade de forma diferente, muito frequentemente se vê sozinha num mar de pessoas pré-programadas. Quando eu estava grávida devorei todo bite de informação disponível na internet, fui me identificando mais com uns do que com outros e, entre uma indicação e um clique no botão certo encontrei listas e grupos de apoio que me acolheram e me levaram senão ao parto tão desejado, a um fim menos brusco do que provavelmente teria sido.
Gravidez não é doença, mas é uma situação onde a mulher se encontra ao mesmo tempo fragilizada e fortalecida, inundada de hormônios desconhecidos e nada mais natural do que querer discutir os mistérios que acercam o gestar, o parir, o maternar. Aí é que entram os grupos de apoio às grávidas , e eles vem em todas as cores e sabores. Podem ser listas de e-mail, comunidades do Orkut, fóruns e grupos presenciais, podem passar a mão na sua cabeça ou dar um peteleco na sua orelha pra te fazer acordar.
Quem vê a tríade gravidez-parto-maternidade de forma diferente, muito frequentemente se vê sozinha num mar de pessoas pré-programadas. Quando eu estava grávida devorei todo bite de informação disponível na internet, fui me identificando mais com uns do que com outros e, entre uma indicação e um clique no botão certo encontrei listas e grupos de apoio que me acolheram e me levaram senão ao parto tão desejado, a um fim menos brusco do que provavelmente teria sido.
Quando eu voltei da maternidade com a notícia da cesárea, não suportava ouvir a frase "ao menos você e o bebê estão bem", porque eu não estava bem. Queria ao meu redor pessoas que lamentassem o não-parto comigo, que enxovalhassem o médico comigo, que compreendessem o fato de eu não estar 100% feliz naquele momento, e as encontrei nos grupos de apoio.
Claro que se eu tivesse me contentado com o curso de gestantes da maternidade, teria saído de lá com uma chupeta e uma mamadeira de brinde, uma enorme e dispensável lista de enxoval e pouca informação útil, mas essa é a praia de algumas mulheres. Não era a minha. Aqui onde eu moro mal existem esses cursos de gestantes, que dirá um grupo presencial no qual eu me encaixasse.
Claro que se eu tivesse me contentado com o curso de gestantes da maternidade, teria saído de lá com uma chupeta e uma mamadeira de brinde, uma enorme e dispensável lista de enxoval e pouca informação útil, mas essa é a praia de algumas mulheres. Não era a minha. Aqui onde eu moro mal existem esses cursos de gestantes, que dirá um grupo presencial no qual eu me encaixasse.
Sorte que a Parto do Princípio organizou uma rede de grupos de apoio e eu achei um grupo em Recife, aqui "pertinho", e apesar de só ter ido a dois encontros, fui perfeitamente acolhida e ainda hoje a lista virtual do grupo me salva em momentos de desespero. Se você acha que na sua cidade não tem nada parecido, dá uma olhada lá na página dos GAPPs, quem sabe você não se surpreende?
Imagem: www.gettyimages.com.br
7 comentários:
Nanda, parabéns pelo texto: simples e direto. Quando se fala em grupo de apoio, infelizmente, muita gente acha que já sabe de tudo e não precisa disso: já temos informação... ouvi falar essa frase.
Mas de pouquinho em pouquinho a gente consegue ajudar quem merece (e quer) quer ajudado.
Grande abraço minha amiga secreta, e um cheirinho no Ben!
Sylvana
Rá, quando fui convidada pra escrever pro blog escrevi dois textos, o que foi postado semana passada e um sobre a importância dos grupos de apoio.
Está lá no blog. :)
E viva os GAPPs.
Beijos.
Nanda, entendo perfeitamente o que tu sentiu quando disse que queria pessoas que compreendessem o fato de não se sentir 100% feliz no momento que, em tese, deveria ser o mais feliz de nossas vidas. Vivi isso na pele, me senti culpada por me sentir assim e só encontrei um pouco de conforto em listas de discussões pois as pessoas próximas não conseguiam entender minha frustração.Ainda tive que lidar com um (ex)pediatra que dizia que eu tinha produção de leite insuficiente. Mas muitas vezes precisamos (infelizmente) passar por processos dolorosos para encontrar uma compreensão maior das coisas ao nosso redor e de nós mesmas e nos focarmos ainda mais naquilo que acreditamos e defendemos.
Gostei muito do seu texto!!!
O tempo vai passando e cada dia vou acreditando menos que terei o parto que sonho... =/
Tive uma crise convulsiva de choro na cama da maternidade, algumas horas após o nascimento da Luna.
Chorei por minha filha, nascida prematura e apartada de mim. Por minha gravidez interrompida inesperadamente e por minha barriga cortada... eu sentia um misto de incredulidade, desespero, não-aceitação e enorme alegria, emoção maior da vida. Amor e dor se agregam, mesmo que não se combinem e é impossível para "os outros" entenderem essas contradições.
Como você falou, só mesmo entre iguais podemos achar conforto e aconchego. Que essa rede, tanto virtual quanto presencial, de gente que quer um pouco mais da vida, cresça e se fortaleça cada vez mais.
Beijos e parabéns pela estadia no site.
Nanda e Aline, como é BOM ver o trabalho dos GAPPs frutificando e sendo propagado!
Todas as mulheres merecem parir com prazer, mesmo que a história de vida delas tenha reforçado tanto o modelo vigente, a ponto delas realmente acreditarem que o parto ativo não é a melhor opção.
Por isso é tão importante esse trabalho "raiz de grama", que nasce de forma espontânea em pontos esparsos, com raízes fortemente entrelaçadas que se difundem até fundirem-se num novo cenário.
Assim surgem os GAPPs, disseminando informação e apoiando as informadas até recuperarmos o parto como função saudável do corpo humano. E então o prazer de parir deixará de ser contra-cultura, assim como já reconquistamos o prazer de amar.
Grandes garotas!
amei o texteo, deu um acalanto no meu coração de mamífera que coordena um GAPP. Tomei a liberdade de colar no meu blog.bjs
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