por: Kalu
Algumas vezes observo a maneira como pais lidam com os filhos e me lembro das lições de adestramento que tive para condicionar meu agitado border colie. O resumo geral é que para a convivência com o ser humano os cachorros precisam aprender o que pode e o que não pode e isso se faz através de punição e recompensa.
A punição pode ser um ruído desagradável, um tapa, esfregar o focinho no chão para aprender que ali não é lugar de fazer as necessidades. Métodos que me incomodam profundamente e por isso optei por um adestramento não violento só com recompensas. Mas não é educação, é condicionamento.
Nas férias aqui na praia com minha família presenciei várias cenas de adestramento para com o Miguel e me peguei algumas vezes recorrendo ao método: come tudo para o papai Noel te trazer uma bicicleta; se você não ficar bonzinho não vai para o parquinho.
O método é rápido e fácil, mas não é educação é condicionamento. Se a criança não quer comer, porque não pegar um livro, contar uma história ou simplesmente aceitar que ela não quer? Se o pequeno está choroso, pode ser cansaço, pode ser fome ou pode ser um dia difícil, como todos nós passamos.
Tentar condicionar as crianças é uma maneira de adestrá-las, privando-as da tomada de consciência das ações. Punir e recompensar, na minha visão, cria um jogo de trocas perigoso, porque você cria o caminho interior que diz: finja ser quem você não é, oprima seus desejos e vontades de acordo com aquilo que eu considero bom e você será recompensado.
Muitas vezes escuto que os pais de antigamente eram violentos e as crianças mais boazinhas porque temiam seus pais. Eu acredito que o temor é um monstro que adormece dentro de nós e ganha proporções psíquicas complexas.
Eu sinceramente não quero que meu filho tenha medo de mim. Quero que eu seja uma referência daquela que foi escolhida para apontar o que é certo e errado, mas que tambéms se coloca aberta para ouvir, mudar de opinião e aprender. Minha tarefa é sempre mostrar com gestos e palavras que podemos escolher outro caminho e este nos traz mais felicidade.
Quando Miguel bate numa criança maior o coloco sentado e converso com ele para mostrar que aquilo não é legal. Quando joga uma coisa que não pode, faço com que ele ajude e ainda sim sentamos para conversar. Em muitas situações paro tudo que estou fazendo e fico mais de hora administrando aquela situação, com conversa e afeto.
Meu filho não é cachorro e o que espero para ele é que ele obtenha de mim educação e não adestramento. Quero ser uma referência e não sua “proprietária”.
Aliás, acho uma neurose da sociedade cuidar de um cachorro (ou gato) como um ser humano. Claro que os bichinhos merecem carinho, boa alimentação, passear, um lugar limpo, água fresca. Mas festa de aniversário, ir ao shopping, assistir televisão e dormir na mesma cama eu já acho demais.
E acho terrível ver como muitas vezes as crianças são tratadas pior que um cachorro. Vai entender essa loucura. E depois me chamam de louca.
foto: arquivo pessoal
Olá!
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9 comentários:
Penso exatamento como você.
Sempre digo que minha filha tem só 1ano, mas é uma pessoa e não um cachorro !!
Quero cria-lá com dialogo, para que quando ela crescer mais um pocuo ela possa ter suas próprias opiniões e vontades e mais, posso argumentar quando algo não agrada-lá
grande beijo
Kalu, eu concordo totalmente que uma criança não deve ser adestrada e sim educada, amada, respeitada.
Mas minha opinião se estende aos animais também.
Não consigo enxergar a diferença entre um e outro, como você pontua no seu texto.
Nenhum bicho, por exemplo, aprende as coisas na base do medo - aliás, existem diversos profissionais da área que defendem esta tese.
Como budista, acredito, sinceramente, na igualdade de direitos entre todos os seres que habitam o planeta Terra. Pássaros, cachorros, gatos, tatus.
Não acredito que seja neurose cuidar de um cachorro como um ser humano e sim que seja a crença de que estamos todos no mesmo barco: humanos e bichos. Somos iguais, só isso. Eles, como nós, também sentem dor, medo, angústia, têm necessidades iguais. Apenas não estão impregnados de cultura, como nós estamos.
Pretendo ensinar ao meu filho aqui na minha barriga exatamente este respeito. O amor entre animais (humanos e não humanos) é um dos mais sinceros que já conheci.
Crianças precisam ser bem tratadas, lógico. E os bichos também.
Beijão.
Concordo contigo, Kalu. Existe um exagero e confusao sobre como tratar bem um cachorro ou gato e como tratar bem uma crianca. Acho muito valido e imprecindivel cuidar bem dos animais. Soh que nao entendo personificar um animal, atribuindo acoes e habitos humanos. Essa de festa de aniversario, cha de fralda e coisas assim para animais, eu acho que sao exageros. Muitas criancas precisam de um lar no mundo e nao tem. Eu jah vi madame negar um resto de bolo do cachorro pra uma crianca que pediu. Isso eh muito incoerente.
Sobre condicionar, os exemplos que usou me soam muito mais com ameacas e promessas vazias... e isso nao resulta nem em condicionamento, quem dira educacao.
beijos de carinho,
Dani
Achei isso perfeito! Perfeito!
Vc escreveu muuuuuuuuuito bem, Kalu! Bjs
82024921Essa entada foiperfeita... Sem falar que essa abordagem ensina a crança a fazer o certo por interesse e a não fazer o errado por medo. Medo de ão ser aceito, medo de ser punido...
Eu tento, diariamente, usar o método que você indica.. As vezes é muito, muito difícil, porque eu tenho que crescer ara dar conta... Eu gosto de chamar de o camiho longo e o caminho estreito. Mas e gosto de pensar que isso os preparaá para a vida e os salvará de innumeráveis armadihas que o mundo oferece
Já ouvi muta gente dizer que criança é igalziha acachorro. Bem definitivamente meu filho, não.
Jo, Deia Bbel, Dani e Laura - Obrigada pelos comentarios. Realmente educar é algo mais complexo do que condicionar, adestrar.
Mariana - Acho que os bichos são felizes quando sua natureza selvagem é preservada. Colocar roupa, sapato, tingir o pelo de cachorro, colocar fitas e laços eu acho uma crueldade. Acredito que não estou, como ser huano me colocando numa situação de superioridade e sim de respeito. Assim como respeito os evangélicos, as pessoas pro-cesáreas, hinduistas, budistas, céticos. Nao quero converter ninguém (bem, talvez as pró-cesareas - rs). Mas tratar um animal como um ser humano é desrespeito em minha ligeira opinião.
Oi, Kalu,
Eu super concordo com você neste sentido. Considero aberrações (freak show) quem pinta a unha de cachorro, passa perfume, põe sapato e faz essas coisas medonhas. Isso não significa igualdade, muito menos respeito e sim querer "culturar" o bicho, ou seja, transmitir nossa cultura a ele. É diferente do sentimento de igualdade que eu quis dizer, entende?
Igualdade no sentido de amor mesmo. De entender que bicho não é brinquedo de criança. Bicho está vivo, vivinho da silva, assim como nossas crianças. E sentem como todos nós. Foi isso que eu quis dizer... :-)
Beijão.
Bom, eu dormia com meu gatinho na cama, sei limpar bem uma casa, e os pelos dele nao me causaram doença alguma. Por outro lado, minha amiga tinha gatos e cachorros, supernaturalmente gatos e cachorros, lindos, dormia com eles pelo chao do quarto, e com o namorado também...mas ela tinha uma puta alergia, mas ela os amava, e tocava a vida com a alergia...
o namoro acabou, os bichos ficaram com o namorado!
Hj, eu tenho duas filhas, elas adoram animais, toda semana a mais velha me pede para levar um outro animal para casa (pq nós 3 somos superanimais), mas eu nao quero, eu nao quero, eu adoro minha casa limpa e tá super difícil mante-la com 2 meninas serelepes, eu surto as vezes com a vontade de ter a casa limpa...e me canso só em imaginar ter que me preocupar em comprar ração, varrer pelos várias vezes por dia...e os cocôs e xixis? caramba, agora que já desfraldei as 2... talvez quando as meninas forem embora, um dia elas...snifff, tudo passa...aí, quem sabe terei um amigo gatinho morando comigo...talvez...talvez não...há tantas coisas para eu viver....
beijos.
Ale
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