por: Nanda
No tempo da minha avó os bebês nasciam de olhos fechados e só abriam lá pela segunda semana de vida. Ela não cansa de se surpreender com cada novo membro da família, que chega em casa já de olhos arregalados e pescoço duro, produtos da evolução a qual estamos forçando nossos filhos por não termos mais tempo de nos dedicar inteiramente a eles, forçando-os a aprenderem cada vez mais rápido como se virar no mundão cá de fora.
Não há vagas para todo mundo no mundo. Por causa disso, vivemos em constante competição, por espaço nas melhores escolas, universidades, empregos, por tudo. Estamos sob a ilusão de que os mais inteligentes se sobressaem e colocamos nossos filhos em tubos de ensaio para fazermos com que eles desenvolvam essa inteligência mais rápido, mais cedo.
Começa ainda na gravidez, dizem que ouvir música erudita estimula o desenvolvimento do cérebro do bebê. Dizem que conversar com ele em outra língua que não a pátria o fará aprender mais de uma língua. Ficamos tão preocupados em estimular esse desenvolvimento que esquecemos de nos conectar com os bebês, não nos deixamos envolver por completo na gestação.
Depois vem os brinquedos. Móbiles eletrônicos, bonecos poliglotas, andadores, mordedores, vídeos, coisas inúteis que perderão a graça em duas ou três horas. Você conhece alguém, ou você mesma já colocou aquele CD de música clássica para o bebê ouvir enquanto dorme. Deixa o bebê dormir! Ele precisa disso.
Imagine que todo dia ele tem que aprender cada movimento que para você é automático, que absorver e compreender todos os conceitos abstratos e concretos que estão há muito guardados no seu cérebro, e que enquanto aprende isso tudo, ele depende inteiramente de outras pessoas que parecem mais preocupadas em fazê-lo observar formas geométricas do que em verificar se ele está devidamente confortável ou aconchegado.
Nenhum problema se você gosta de música clássica. Você pode ouvi-la quando estiver amamentando, ou até ao longo do dia enquanto brinca com seu filho, mas se não for o seu gênero de música favorito, pra que impor isso a vocês dois? Ele aproveitará muito mais se você colocar sua canção preferida e dançar com ele pela casa, divertindo a ambos.
Infelizmente os bebês parecem ser apenas objetos de comparação, qual dente nasceu primeiro, qual andou antes, como se isso fosse fazer alguma diferença na pessoa que eles irão se tornar. É preciso entender que existe mais de um tipo de inteligência, inteligência emocional sendo uma delas.
E de nada adiantará seu filho andar aos seis meses de idade se ele não se é seguro o suficiente para caminhar para longe de você, de cabeça erguida, quando chegar a hora dele fazer isso. Segure a mão dele enquanto puder, respeitando sempre o tempo dele, que tem a vida inteira pra correr.
13 comentários:
Ótimo post Nanda!
E só pra completar, hoje mesmo tive uma pequena discussão no café da manhã sobre o tal do "deixar chorar".
Estava com cara de sono e meu padrasto perguntou se não dormi, disse que estava com a Cecília desde as 5 da manhã acordada. Veja bem, eu não estava reclamando... não reclamo mesmo, pelo contrário curto muito pq sei o quão rápido isso passa, mas ele logo foi me passando um discurso sobre como tenho que deixar minha filha chorar sozinha no berço para que ela seja independente.
PRA QUE? Pra que querer impor um conceito de independência prum ser que é absolutamente dependente?
Pq as crianças tem que cada vez mais cedo apredenderem a se virar sozinhas?
Existe mãe pra que então?
Não entendo mesmo essas coisas, sei que eu é que não a trouxe pra esse mundo para ser largada chorando, sozinha!
Beijos e parabéns pelo post!
Primeiramente, que blog bacana, não conhecia...adorei.
To seguindo vcs no twitter.
Concordo com minha amiga Cacau, não terei filho pra ficar largada aprendendo a se virar sozinho....quero filho pra cuidar, chocar mesmo e amo essa idéia.
Acho que ela será independente quando tiver que ser....
Mas um bb???
OOO não...
Bjus meninas....
Esse texto pode ficar grudado na geladeira de casa para possiveis avós, parentes e amigos palpiteiros não é?
Minha Filha vai ouvir beatles for babies... música clássica, só se ela quiser!
Eu simplesmente amo vocês !?!? Juro mesmo....
Vocês estão mudando muita coisa em mim !!!!
nanda, vou imprimir isso e andar por aí distribuindo aos palpiteiros de plantão, como sugeriram por aí! óóóótimo! é bem por aí, eles têm a vida toda pra mergulhar no mundo competitivo, enquanto eles podem, vamos deixá-los existirem apenas, e se encantarem pelas pequenas maravilhas cotidianas... como uma dança no colinho da mamãe, uma borboleta colorida batendo as asas, ou uma formiguinha passeando pelo jardim!
bjo
Muuuuuuuuuito bom, Nanda! E esse sua última frase! Meus olhos se encheram de lágrima! Que bom ler e perceber que ainda tem gente que é gente nesse mundo! Beijocas!
Que delícia de post!
Amei isso. E faz a gente refletir mesmo.
Quantas vezes me pego pensando: caramba, como passou rápido esses 6 meses do Arthur. Ultimamente tenho curtido cada segundo ao lado dele, pois passa voando esse tempo deles como bebês. Vamos deixar as responsabilidades de aprender para depois! Fazer tudo no tempo deles. Sem cobranças, sem ansiedades!
Beijcoas.
Flavia.
Lindo, pefeito e "verdadoso" hehe
Outro dia eu me questionava sobre o Chaves e o Pica-Pau. cresci amando esses dois! Não sou nem nunca fui delinquente, mentirosa, maluca. Sempre fui muito bem resolvida, independente... E hoje você entra na parte de DVDs infantis e vê Baby Einstein. Pra quê isso? Eu juro que não entendo! Cada um com seu tempo e se tem os pais ou pessoas queridas ao lado, com certeza vai longe, muito longe!!!
Beijos!
o meu vou plastificar pra durar mais tempo na porta da geladeira! ;-)
Amei Nanda! Nao tenho tido tempo de ler nada pq ate minhas refeicoes tem sido feitas correndo atras de Pietra, e existe coisa melhor que isso? Correr atras de nossos filhos saudaveis e energicos e a melhor coisa do mundo. Ainda bem que ela dormiu cedo hoje e tive o prazer de ler seu texto atraves do twitter. Parabens!
Nossa... que lindo, adorei o post.... será que posso usá-lo no meu blog? (com a tua autoria, claro!). Queria muito, se é que pode.
Coloco a referência do blog junto... pois a minha intenção não é copiar ou dizer que a ideia foi minha, mas sim mostrar ideias de outras pessoas (muito boas por sinal) e que eu concordo....
Bom, é isso, muito bom! continuem assim!!
Bjão
Fernanda, já pensou em depois de o Benjamin crescer mais um pouco - mesmo que venham outr@s por aí - em escrever um manual de como não deve ser a maternidade, desde a gestação até o cuidar da criança?
Esse negócio de comparação já é um saco para quem é adulto, que vive sendo comparado e incentivado para derrotar o outro como um inimigo na vida, imagina para um bebê.
AMEI!!
Tb quero divulgar o post no meu blog, tudo bem? =)
Sou fã de vcs!!
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