por: Seila Meireles, mamífera convidada
Assim que engravidei do meu primeiro filho, corri na internet para buscar informações sobre o parto. Eu sabia que todo mundo fazia cesárea, mas achava que bastava querer, e o parto normal seria possível com qualquer médico do convênio. Foi duro perceber que a realidade era outra, que as coisas não funcionam como a gente imagina. Na verdade, hoje em dia quem quer um parto normal tem uma longa estrada pela frente, e quem pensa que pesquisar, se informar, ir atrás de uma equipe humanizada é besteira, vai cair na faca sem dó nem frescura. É assim a realidade, nua e crua.
O que sempre escuto quando se fala em parto normal é a respeito da dor. Essa é a referencia que temos, tanto pelas historias trágicas que as pessoas insistem em falar para as grávidas, como as imagens de mulheres sofrendo horrores em novelas e jornais. Mas acreditem, o parto não precisa ser assim, ele não deve ser assim, ele pode ser uma experiência maravilhosa, transformadora. Muitas mulheres chegam a comparar os partos com orgasmos, e faz sentido, a enxurrada de hormônios que são liberados nesse momento deixam a gente fora de órbita, extasiada. É uma experiência enriquecedora, que só quem sentiu sabe como é.
No parto do Léo, eu entrei nas listas de discussão da internet, li livros, mas lá no fundo sempre que eu pensava na hora do parto, na dor... isso me apavorava. Mas ao invés de aceitar isso e tentar trabalhar esse medo, eu o negava. No parto do Léo, mais do que dor, senti pavor. Além disso, não havia entendido a importância de ter uma doula, então passei a madrugada sozinha, tentando lidar com as contrações, na verdade brigando com elas, e acredito que assim, lutando contra o meu corpo, o trabalho de parto estacionou. Aplicaram ocitocina, e depois anestesia.
Decidi que o parto da Bruna seria diferente. Então comecei a fazer yoga, a ir nas reuniões sobre parto, decidi vivenciar mais e descobrir o que tanto eu temia, até que em um determinado momento já não pensava mais na dor, eu aceitei e decidi me entregar em cada contração. E quando perdi o tampão, cada vez que vinha uma contração eu fechava os olhos e deixava ela vir. Eu, que tinha planejado um parto hospitalar quase tive um domiciliar porque não consegui perceber o momento que as contrações entraram no ritmo. Quando eu vi, já estava de 5 em 5 minutos e corri pro hospital, cheguei com 10 cm de dilatação, e em 20 minutos a Bruna nasceu. Ok, ok , ok, eu devia ter ficado em casa. Mas estava tudo tão tranqüilo que eu jurava que ainda ia demorar muitas horas.
A dor faz parte do processo. Tem mulheres que sentem mais, outras menos. Ela vem e dura no máximo um minuto, e depois disso ainda temos 5 minutos de descanso, não é algo interminável. É o seu corpo trabalhando, dilatando para receber seu filho. Com a Bruna, quando atingi a dilatação total a dor simplesmente sumiu, e eu perguntei... acabou??? Mas ela não nasceu... e minutos depois, veio a vontade de fazer força e pronto, terminou. Já não existia mais dor, só a felicidade de estar com ela nos braços.
Nosso corpo é muito inteligente. Se o deixarmos trabalhar naturalmente, é liberado um hormônio chamado endorfina, que funciona como um anestésico natural. Existem varias maneiras de atenuar a dor: massagens, florais, banheira, respiração, sentir-se seguro, amparado, ter alguém por perto que a gente confie, caminhar, respeitar o tempo da mulher, suas vontades.
O que eu aprendi é que o grande problema é o medo. E quando temos conhecimento do que vai acontecer, esse medo desaparece, por isso a informação é tão importante. É um momento único, especial tanto para mulher como para o bebê. Vamos vivê-lo com intensidade, curtir cada momento, estar inteira, consciente, passar por cada fase, e tenho certeza que será a melhor experiência de sua vida.
Permita-se, dê essa chance a você e ao seu bebê!
Imagem: http://www.hospedageminteligente.com/luzmaterna/
7 comentários:
Quando a mulher opita pelo parto natural,eela tem que se preparar fisaca e psicologicamente para a dor, quando eu estava gracida eu queria mto que minha filha nascesse de parto normal, estava preparada, qnd fui ter a cecilia estava calma, tranquila, me sentia preparada e nao senti essas dores de morrer, mas infelizmente ela teve de nascer de parto cesarea, o que eu odiei e é a minha unica frustração de gravidez.
não indico parto cesarea pra ng, pq a dor vem depois e é horrivel!!!
Tenho dois filhos. Na primeira gestação, o parto foi normal, com anestesia, episio, ocitocina, tricotomia, enfim, tudo que faz parte do pacote "padrão" do parto normal hospitalar.
Como não senti nada por causa da anestesia, não senti o bebê efetivamente "nascer", decidi que meu segundo parto seria natural.
E fui, com a cara, a coragem e muita vontade de saber como acontece no corpo da gente o que pra mim é um verdadeiro espetáculo da natureza!
Foi muito legal, uma experiência realmente MARAVILHOSA! Não troco por nada e se viesse a ter um terceiro filho, seria também parto natural.
Só não concordo com a Seila quando ela diz que as contrações demoram no máximo 1 minuto e depois só vem outra dali a 5 minutos. Acho que foi assim no caso particular dela, mas não necessariamente é assim com todas.
Tive doula, massagem, respiração, bola, água, chuveiro, tudo pra aliviar a dor. Mas ela foi intensa, e vinha cada vez com mais e mais frequência. E no final, eu tinha uma contração atrás da outra, todas muito fortes, muito intensas, que chegavam ao ponto de eu achar que não ia aguentar. Mas a natureza é sábia, e nosso corpo está preparado pra suportar.
No final, aquela vontade enorme (e involuntária) de fazer força, seu corpo trabalhando pra expulsar o bebê e quando ele sai - que alívio!!!!! - uma sensação maravilhosa, de plenitude, alegria, imenso prazer!!!
E como a natureza é sábia, assim que o bebê nasce de um parto natural, vc se sente bem, disposta a cuidar do bebê (pelo menos, foi assim que me senti).
É por isso que digo: não há parto melhor do que um parto natural, para a mãe e o bebê. Na minha opinião, cesáreas deveriam ficar restritas aos casos em que realmente não seja possível optar por um parto natural. Mas, infelizmente, não é o que vemos acontecer por aí...
Viver a gravidez incluiu a minha preparação para o parto normal, com o minimo de intervenções. Fui me preparando para que o parto fosse sem anestesia e eu queria muito que fosse assim. Treinei as respirações, as posições de conforto com bola e massagens feitas pelo marido, que tb frequentava as sessões de preparação ao parto junto comigo. Eu imaginava que iria suportar. Maaaaasssss, quando chegou a hora H, assim como a Seila, eu nao soube administrar a dor, e não consegui encontrar um ponto de equilibrio com as posições e as massagens não estavam adiantando. Me aliviava as caminhadas e o banho de banheira que tomei antes de ir para a maternidade. Sim, eu fiquei um bom tempo em casa antes de ir para a maternidade. As enfermeiras (sage-femmes) que me acompanharam durante a gravidez sabiam que eu gostaria de que o parto fosse sem anestesia. Na ultima hora, EU acabei solicitando a peridural, mesmo que eu tivesse sido incentivada a ccontinuar sem anestesia. Achei que tivesse no limite da minha dor (isso é uma questão tao pessoal, a de cada um sentir o limite da sua dor). O interessante é que aqui na França não se aplica uma dose completa de anestesia, mas sim o suficiente para afastar a dor naquele momento, e é "dado" um dosador nas maos da parturiente para ela aplicar caso sinta necessidade (logico que tem uma quantidade maxima e tem um tempo minimo entre uma "aplicação" e outra). Eu achei isso interessante pois, como apliquei pouco, eu sentia as minhas pernas, fiquei na posição que me senti confortavel para o parto. Nao tive aquele problema de nao conseguir andar, pois logo que fui para o quarto, fui ao banheiro sozinha. Nao tive episisiotomia e a minha mae assistiu o nascimento da sua neta, junto com o meu marido. Foi tudo muito familiar, rtanquilo, sereno. Mas ainda continuo acreditando que o melhor é o parto sem quamquer intervenção, eu ainda vou tentar, mais uma vez, sem anestesia. Teve gente que ja me chamou de doida (as pessoas dai do Brasil, especialmente!), mas li tanta coisa, e sinto, que isso é o melhor para o bebê. Acho que foi a Kalu que escreveu num post que tudo o que a mae ingere o bebe tb assim o faz. Imagine as doses de uma anestesia no bebê, no tanto que isso pode afetar... Nossa, acabou ficando um bub-post esse meu comentario!! Beijos e otima semana!
Adorei o texto. Estou na 20 semana da minha primeira gestação e também tenho bastante medo do parto. Ler o texto me ajudou a perceber que tudo pode ser tranquilo e que será, certamente, muito tranquilo. um beijo e obrigada,
Olá Tata!!!
Em uma postagem da Kalu, parabenizei o blog de vcs e disse que deveria ter conhecido antes, pois o blog é simplesmenten o máximo!!!!
E essa sua postagem está linda!!!! Falar do parto normal tb me dá um prazer indescritivel!!!!
Tenho 31 anos e sou mãe da Gigi de um ano e 3 meses!!!
No começo da minha gravidez, bem no comecinho, eu sempre dizia que queria ter parto cesária, sei lá onde eu estava com a cabeça, mas para feliciadade minha, a minha médica a maravilhosa Dra Helena Junqueira é super a favor do parto normal e pelas histórias que me contava com suas pacientes de parto normal, sempre me passou muita paciencia e afeto. A partir dai já comecei a pensar sobre o caso!!! E após conversar com uma grande amiga que mora na Austrália...tive a certeza que iria ter um parto normal, então vamos dizer que com uns 3 meses de gravidez eu já estava me preparando para o grande dia que a Giovanna iria querer vir ao mundo e não eu que iria escolher e sim Deus!!!!!
Tive um parto abençoado, sem dor, quando comeceia a sentir as dores das contrações me colocaram na banheira e lá fiquei por uma hora e meia...conversando e rindo com o meu marido, que foi um participante ativo!!!! Quando sai da banheira estava com 7 dedos de dilatação e me sentindo muito, muito bem...ai que foi aplicada a anestécia e dali alguns minutos já estava com 10 dedos e sentindo literalmente a Giovanna nascer!!! E assim com duas forças a minha princesa veio ao mundo!!! Maravilhoso..que sensação...desejo de coração que todas as mães possam sentir essa emoção...sem contar que em menos de 10 minutos ela já estava mamando!!!! A maior e melhor experiência de nossas vidas...o meu marido até diz que se um dia precisarem de um homem para relatar, fazer propaganda...ou algo assim, ele terá o maior prazer de dizer como é maravilhoso viver um parto normal!!!
Tata, sou uma nova blogueira e na minha postagem para a Kalu falei do meu blog e o retorno tem sido maravilhoso!!!!
Arrumando um tempinho visite-o...vou ficar agradecida!!!!
Bjs e parabéns!!!!
Julien
www.depreposparto.blogspot.com
olá meninas, que bacana ouvir (ops, digo, ler! rs) tantas histórias diversas, vivências tão diferentes, mas cada uma com seu significado, com seus ensinamentos... muito bacana isso.
Andréa, acho q o q a Seila quis dizer sobre as contrações é que a dor do parto não é como uma dor de cabeça, ou uma dor de dente por exemplo, porque não é uma dor contínua. Ela vem em ondas. Os intervalos certamente variam de mulher para mulher, mas é sempre o processo de contrair e relaxar, contrair e relaxar. E na hora que a contração dá uma trégua, você respira e ganha fôlego para aguentar mais, e mais, e mais. E quando o intervalo vai ficando tão curto que parece que a contração não vai mais embora, é porque está muito perto do bebê nascer... comigo foi assim. Agora no segundo parto, na hora em que uma contração parecia que grudava na outra e eu pensei: "caramba, já deu!", foi exatamente quando comecei a sentir os puxos, e em questão de minutos a Chiara estava nos meus braços...
Mari, que bom te ver por aqui, seja bem-vinda, flor!!
bjos meninas...
ah Julien, só um comentário, porque pelas tuas palavras me pareceu que você está fazendo uma pequena confusão... o texto não é meu, tá? é da Seila Meirelles, nossa convidada da semana!
bjo
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