por: Kalu
Ele chegou, foi sozinho ao banheiro. Voltou, sentou ao meu lado contando com muitas palavras e frases complexas sobre seu dia. Atendeu o telefone: era a vovó e bateu papo por um longo tempo. Disse que estava com sono e pediu para dormir. Enquanto vestia seu pijama olhei um painel de fotos antigas em seu quarto, quando ainda era bebê. Fitei aquele meninão feliz e conversador e senti uma saudade indescritível do meu bebê que agora só está nos retratos.
Incrível como as areias do tempo correram rápido. Eu procurei registrar cada etapa, cada conquista com minha presença, fotos, filmes. Mas o tempo passou como um vendaval e o bebê está cada dia mais distante. Mesmo tendo vivido com plenitude cada fase, sinto falta. Não há mais aquele chorinho agudo, aquele cheiro de leite no pé do cabelo. Ele não cabe mais no sling. Lembrando de cada um destes eventos, não pude conter uma lágrima. Ele viu e me perguntou:
- Por que você está chorando?
-Saudade, filho.
- De quem?
- De você neném.
E com sua sabedoria de menino de dois e meio, como diz, ele me falou:
- O neném tá no seu coração.
É verdade: o neném está no meu coração e dorme dentro de mim, nas minhas lembranças mais felizes que a maternidade me trouxe. Eu quase já me esqueci das noites em claro, das doenças, das quedas. E com a força de uma mãe apaixonada pelo seu ofício me recordo com ternura do sorriso, barulhinhos, cheiros de um bebê que nasceu sorrindo, cresceu mamando e hoje voa de braços abertos no quintal, cantando músicas de natal. E na ilha de edição dos meus pensamentos eu guardo com pressa momentos deste menino, que em breve também deixará de existir para se tornar um adulto magnífico.
Agora entendo porque algumas vezes minha mãe chora vendo minhas fotos de pequena. Descubro porque ser avó é tão apaixonante: é mais uma chance de viver e amar, por pouco tempo, a louca jornada humana do crescer.
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
15 comentários:
Lindo Minha Kalu... Nos somos emsmo irmãs gemeas...
Ontem mesmo estava vendo emocionada uma cena e vi o Kakau virando hominho...
Que saudade daquele bebe gordo cheirando azedo de LM...
Estou matando um pouco a saudade com a Gaia ainda, mas nao vou aguentar viver sei la, mais uns 40 anos sem ter nenhum outro azedinho p cheirar...
Lindo! Sublime!
beijos,
Paula da Nara minúscula
Tem gente que diz que homem não chora e que pai só vai estabelecer relação com o filho depois dos dois anos e meio, quando não pe mais bebê.
Eu digo que chorei lendo sua postagem.
Saudades da Nara Rosa bebê...
AXÉ
Gabriel Dread
Mesmo a Isabela sendo minha bebezinha ainda me emocionei mto com seu texto. Chorei de verdade pensando q um dia serei eu a sentir essa saudade.
Amei!
Beijos
Chorei lendo seu texto.
A cada etapa de crescimento, desenvolvimento e descobera da minha filha eu choro. Ela está com apenas 7 meses, mas já sinto falta de muitas coisas que já foram e não voltam mais. Aproveito cada momento com intensidade e plenitude, "com minha presença, fotos e filmes" tb.
Enrolo minha filha quase todos os dias no nosso querido e indispensável sling wrap - tenho um certo medo de saber que um dia ela não vai mais caber ali.
Meu marido sempre diz que queria poder engarrafar o cheiro de azedo no pescoço depois que a Ana acorda, e o cheirinho de LM da boca dela. Ahh!! E ELE CHORA TB: chorou quando tivemos que colocar a grade do berço quando a Ana aprendeu a virar e conseguia passar do berço pra nossa cama (praticamos cama compartilhada).
Parabéns pelo post.
Beijos. Isa e Ana Clara.
E eu, como pai deste rapazinho, observei este crescimento sempre que o via deitado dormindo. Parecia maior a cada vez.
Mas tudo foi e é muito lindo.Parabéns, meu amor, por ter tido toda esta delicada percepção aqui no texto. Tudo está lindo, tudo, tudo mesmo (exceto as TPMs, claro!....Rsrsrsrs)
Me emocionei com o seu texto. Hoje de manha também chorei de saudade do parto, menos de dois meses atrás. mas a minha pequena ainda cabe no meu peito, entao eu vou contando pra ela do dia que ela nasceu e choro...
Lindo seu texto kaluzinha...
Esse menino cresceu mesmo rápido demais. Ontem era um bebê e hj já é um meninão!
Ainda bem que vc teve o maravilhoso privilégio de curtir demais esse rapazinho.
E Maurício, TPM está acima do nosso controle, então temos licença poética! hahahaha Saudades de vc tb querido!
Parabéns para os pais do meu pão de queijo lindo!
Tia Juliane
Linda reflexão, Kalu! Minha Helena completou 1 mês fora da barriga - isso significa que ainda estou em meio ao furacão que é ter um recém-nascido em casa!! :oP kkkk Mas não reclamo e aproveito tudo (tudo mesmo, até as cólicas! kkk), porque sei que vai passar rápido demais... O tempo voa! Há um ano ela não existia. Agora é a pessoa mais importante desse mundo pra mim. O tempo voa!
Beijinhos!
Marilia
Kalu,
Li seu texto com a Marina dormindo no colo. Deu um nó na garganta...! Ela fez um mês essa semana, e já tou percebendo o tempo passar rápido. Estou descobrindo como é intensa essa sensação de ser mãe. Indescritível! Vou registrando os momentos, assim como você, com a certeza de que vou sentir falta de cada um deles no futuro.
Beijos!
kalu... eu vivi a bebesice do Kevo intensa, intensamente... mas sinto como se tudo tivesse passado rapido demais, como se eu não tivesse estado com ele tempo bastante. É meio dicotômico, porque ao mesmo tempo que a gente quer que o tempo passe, para vê-los florescer pela vida, dói...
eu chorei quando ele foi dormir na sua cama; quando comprei para ele o pratinho de aluminio; quando ele comeu sozinho pela primeira vez; quando tentei colocá-lo no sling e ele não coube.
E com Mariles, se é que é possível, ainda sou mais grudada ainda, mesmo com o Kevo para cuidar. O marido às vezes observa: jo, pra que tudo isso? vai mimar a menina... E eu: não vai... é que passa tão de preça, meu Deus, tão de preça...
OUço aquelas mães cujo passatempo favorito é expressar quanto seus filhos são trabalhosos... Ah, Deus... Como elas vão se sentir quando for tarde demais para usufruir de tudo isso?
*jo, com Mariles no colo e chorando até*
Sempre me encantando!!!
Obrigada!
Carol da Luna
Ah...lindo! Também sinto isso, também com meu menino de dois e meio, também colho recordações aqui e ali, na busca de não se perder o que só não se perde sendo vivido... mas vc conseguiu escrever o que sinto muito lindamente!
Cheia de lágrimas nos olhos, novamente parabéns pelo post.Meu bbzão de 7 meses hoje me surpreendeu... conseguiu ficar de pé no berço! E um dia desses ele mal abria as mãozinhas... já tô com saudades! Queria poder guardar tudo, cada som, cada cheiro, cada gargalhada e choro dele... mas existe realmente lugar melhor e mais seguro que o coração? beijos
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