por: Kalu
Como tudo nesta roda capitalista, a maternidade se tornou um grande negócio. Tudo começa no pré-natal com exames em 3D gravados para eternidade. Já cansei de falar da questão da cesárea e o quanto os médicos de convênio ganham, o que acaba inviabilizando o negócio do parto normal. Numa cesárea o amigo anestesista, o instrumentador e o hospital ganham com a internação por mais tempo da mãe e do bebê.
Aí surge aquela perfumaria capitalista: o enfeite da porta, as lembrancinhas, a foto na internet, o chaveiro com o retratinho do bebê. Para a hora do parto você pode optar em levar uma camisola de seda, fazer escova, depilação, maquiagem para a cesárea agendada e até pedir para seu marido passar um gloss para você posar linda para a foto ou estar como uma verdadeira atriz global no filme exibido ao vivo no telão, com champagne e canapés mostrando a horrenda cirurgia para os convidados vips da sala de espera.
No hospital irão oferecer os mais modernos recursos da ciência, como as vacinas para as mais variadas doenças e testes ultra invasivos, o congelamento das células do cordão e outras mil invenções humanas que desconheço. Algumas absurdas, como uma empresa que faz uma réplica do bebê em silicone para eternizar a lembrança do recém-nascido em forma de boneca.
Sem contar com os carrinhos hightecs, as cadeiras musicais que balançam, os berços que sacodem sozinhos, os tapetes de atividades caríssimos com a intenção de manter o bebê entretido sem a presença de cuidadores.
As mamadeiras cheias de tecnologias, as chupetas com cristais, os andadores com controle remoto, um produto para colocar frutas e ajudar a criança comer e não engasgar. Um verdadeiro arsenal que faz as cifras piscarem, a roda capitalista girar e combinam bem com o quarto lindo e o enxoval de primeira dignos de capas de revista de bebê.
No meio disso tudo me pergunto onde está o bem-estar do bebê, teoricamente a pessoa mais importante desta história? Quando a gente começa a entender profundamente o parto natural, passa a ver a relação direta da ecologia com a maternidade. Nos primeiros meses de vida o bebê precisa de colo e peito. Por isso um sling, roupas confortáveis, cama compartilhada são as únicas coisas verdadeiramente fundamentais. Um balde faz com louvor e vantagem a vez das banheiras
Quando o bebê cresce, um edredom para colocar o pequeno no chão com brinquedinhos pendurados e espalhados fazem a vez dos tapetes de atividades. O contato com a natureza desenvolve muito mais que os DVDs e cadeiras que tremem. A fruta esmagadinha e a delícia de oferecê-la é muito mais interessante do que fazer a criança chupar um pano com caldinho de fruta.
O peito é um substituto saudável para a mamadeira e chupeta de cristal, com a vantagem de não deformar a arcada dentária do bebê e ser uma fonte de amor. Os mordedores de plástico podem ser trocados por legumes orgânicos congelados (ou só gelados) para bebês coçarem a gengiva.Os brinquedos caros cheios de luzes e barulhos substituídos por bloquinhos de madeira, jogos de encaixar, papel e giz natural. Massas de modelar feitas em casa fazem a vez das compradas. Não é uma questão de probreza. É uma expressão de consciência ecológica, fundamental para o planeta.
Se a gente for computar, toda esta grana gasta com a perfumaria paga um parto natural domiciliar com uma equipe que vai fazer do nascer uma verdadeira celebração da vida. E você como expressa sua maternidade ecológica?
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
12 comentários:
Adorei seu post! Concordo plenamente com o que disse sobre o negócio da maternidade. Vivo no momento na Inglaterra, onde pelo menos o estímulo é ao parto normal. Entretanto, com a indústria de celebridades que agora pensam que ter um bebê que combine com sua roupa é melhor do que comprar o último acessório da moda em Paris, há uma cultura de se comprar roupas de marca para os bebês que é completamente absurda. Ralph Lauren, Yves Saint Laurent entre outros ja lançaram grifes para recém-nascidos e tenho minhas suspeitas de que a onda ja chegou no Brasil. Acompanho o jornal versão online de Uberlândia e vejo na coluna social uma mamãe recente que tirou fotos toda orgulhosa com sua bebê a vestir sapatinhos Dolce & Gabanna encomendados na Daslu!!!!
Por último vem essa história de guardar o sangue do cordão umbilical. Sou médica e estou grávida e pesquisei muito sobre esse assunto. Os bancos cobram um verdadeiro absurdo para armazenar o sangue do cordão e não informam as mamães adequadamente: Se o seu bebê desenvolver doenças graves como a leucemia (para a qual sangue do cordão pode ter indicações), o sangue do seu bebê, que foi armazenado a grandes custos financeiros NÃO serve! A mutação que causou a doença já estava no bebê ainda no útero e estará no sangue do cordão. Tudo ainda nesta parte da medicina está em fase experimental! E para as mamães que pensam em guardar o sangue como um seguro de vida contra doenças e envelhecimento delas ou dos papais (a custo de muitos conflitos éticos, já que quem é o dono desse sangue? Os pais ou o bebê?) uma notícia: o sangue só pode ser usado em indivíduos até 35-40kg. A não ser que a mamãe seja uma anoréxica, não há como utilizar em um adulto. Por falar em anorexia, meu último ponto: a moda das mamães que têm o bebê a menos de 2 semanas e já posam em revistas de "boa forma". Isso é um absurdo! Ao invéz de utilizar o tempo para criar laços de afeto com seu bebê, as mães agora estão mais preocupadas em ficar "mamães gostosas" o mais rápido possível, não se importando com o bem estar da cria! Sem contar que dietas rápidas e radicais INFLUENCIAM a qualidade do leite materno e fazem com que o bebê não receba os necessários nutrientes.
O desabafo pode parecer intenso, mas esse é o caminho que se começou a seguir por aqui e é neste tipo de fórum que se deve discutir e impedir o aparecimento de tal moda no Brasil, já tão sacrificado pela indústria dos partos cesariana.
www.psiquiatriaetoxicodependencia.´blogspot.com
A D O R E I!!!!! este blog, a partir de agora to seguindo vocês!! bjos 10000000...
Mais uma vez o blog me traduz!
Parabéns pela coragem de manifestar o que pensam. Neste país de preconceito chapa-branca, onde jornalistas se referem a partos naturais como "modismos neo-hippies", é muito difícil encontrar eco para pensamentos e atitudes "anti-capitalistas".
Bjs em todas vcs e nos bbs.
Dani Franco
Kalu, vc mesma ja explicou a historia toda quando disse "Não é uma questão de probreza." Porque isso eh uma mania tipica de pobre: querer mostrar a qualquer custo que nao eh pobre! E o Brasil ainda tem muito dessa mentalidade.
Eu tambem moro na Inglaterra e aqui pelo menos o parto nao tem nenhuma dessas papagaiadas. Fiquei louca quando vi, bem grande no site de uma maternidade "seria" do Rio que eles se vangloriam de oferecer manicure, cabelereiro, comida "diferenciada."
Eu quero bons medicos, gente pra me acompanhar, equipamento de seguranca, baixa taa de infeccoes! Nao era isso que devia ser importante num hospital??
(por aqui o atendimento medico eh todo de graca, mas eles cobram 3 pounds por duas fotinhos da ultrassonografia - e lamba os beicos, porque so tem isso! No meu hospital nao tem nem opcao de video)
Barbara - www.baxt.net/blog
Parabéns pelo post!!
Aqui sou taxada de "mãe alternativa" por querer ter tido um parto domiciliar, por não ter usado analgesia, por ter minha doula no TP, por dar banho de balde, por usar sling, por ter aproveitado minha gestação fazendo yoga e sem ter me preocupado em fazer um quarto de princesa pra minha filha... Tenho que insitir dizendo aos familiares que não quero um natal cheio de brinquedos que piscam, brilham e são cheio de cores, que não quero que gastem dinheiro com roupas caras cheias de babados nada confortáveis para bebês... Mas é muito difícil!!
Minha tia chegou a comprar um dvd portátil pra dar de presente de aniversário de 1 ano pra minha filha (ela ainda tem 7 meses). PRA QUÊ?? Tive que dizer pra ela que trocasse aquilo imediatamente e que usasse o dinheiro de forma mais útil... Tenho certeza que minha filha vai ficar MUITO mais feliz com uma boneca waldorf...
E "não é uma questão de pobreza"...
Onde esse mundo vai parar??
É isso aí Barbara!! "Eu quero bons medicos, gente pra me acompanhar, equipamento de seguranca, baixa taxa de infecções! Nao era isso que devia ser importante num hospital??"
Kalu, eu, sinceramente, fico com as duas coisas.
Sou consumista sim. Não nego.
Não extremamente consumista (até pq não tenho tanta bala na agulha), mas sou um pouco sim.
De tudo que vc falou, não me identifico com essa parte da maquiagem, champagne e festa na maternidade. Isso nunca quis mesmo. Acho que nem combina com o momento.
Agora os frufrus todos com o bebê... quarto projetado, brinquedinhos cuti-cuti, roupinha linda e confortável, e quase toda essa "parafernalha" toda que vc falou, eu sou adepta sim.
Mas claro, antes disso vem a busca de informações e profissionais para parto humanizado, fazer yoga, hidro, exercícios perineais, ler, ler, ler, questionar obstetra, contratar doula, etc, etc, etc.
O que quero dizer é que a pessoa (eu) pode até ter esse outro lado (que para muitos pode parecer futilidade), mas que o que é MAIS IMPORTANTE não perde seu foco.
Com certeza, um parto digno, uma amamentação digna, enfim, tudo que gira em torno da saúde dos meus filhos vêm na frente dessas outras coisitas.
Mais uma vez, eu tiro o chapéu para o post!!!
No meu caso, eu gosto de algumas frescurinhas do tipo: quartinho fofo, lembrancinhas, mas nada exageradamente caro (nem tenho $$$ pra isso tbm).
Mas aqueles carrinhos de aço não sei o quê que custam verdadeiras fortunas e quase pagam o parto humanizado, cadeirotes high tech, ahhhhh tô fora. O amor, carinho e a atenção dos pais não tem preço. Acho que essas coisas caras servem mais para amenizar a consciência de mães (e pais) que trabalham demais e não tem tempo para os filhos, ou mães que tem tantos compromissos na academia, massagista e salão de beleza, e "precisa" deixar seus bebês em casa.
Kalu,
Quero agradecer a você e a todas as mamíferas por me proporcionarem tantos momentos de reflexões sobre o meu papel da mãe (papel em eterna construção). Não tive a oportunidade de ter um parto domiciliar e tampouco de amamentar minha filha, pois ela nasceu por meio da adoção que considero, também, uma forma humanizada de ter fihos. A princípio, logo que Maria Eduarda nasceu, me preoucupei com coisas sem importância (carrinho, roupinhas, quarto, etc), mas não demorou muito para eu percebeu que não era isso que ela precisava. Foi quando adotei o sling, a cama compartilhada e atitudes a favor do desenvolvimento sadio. Optei por não ter babá para poder cuidar da minha filha e, mesmo tendo voltado ao trabalho, faço questão de estar com ela inventando brincadeiras e, principalmente, curtindo a vida ao ar livre. Cometi alguns erros como a chupeta, por exemplo, por total ignorância. Enfim, torço para que muitas mães e pais cresçam com o MAMÍFERAS (assim como eu).
Obrigada,
Conceição de Maria Couto Machado
Ahhh!!! Adorei Kalu!!!!
Excelente post...expressa bem meus pensamentos...
Beijocas!!
Kati - Curitiba/PR
26 semanas de uma princesinha
É verdade, Kalu.
Ontem infelizmente tive um contratempo na minha gestação (puxa...) e estive ontem no hospital para um procedimento de emergência. Assisti a verdadeiros shows de horrores. Mulheres na sala de espera, com cesarianas agendadas, marcando manicure, maquiagem e esperando a equipe de filmagem do parto. Que horror. Eu só olhava todo aquele circo e repetia meus mantras bem baixinho, como uma forma de oração. Rezo por estas crianças, rezo pela família que as espera, pelo que elas terão de enfrentar. Que Buda as ilumine.
Mariana, espero que agora esteja tudo bem. é isso mesmo, para a grande maioria a maternidade se resume ao lado de fora, como a vida como um todo.
Katita, Dani e Treinante - Obrigada pelo elogio.
Vanessa = Eu não sabia desta desinformação do cordão. Impressionante. Éxistem mulheres ainda piores: que marcam cesárea e fazem lipo junto. Dá para acreditar?
Isabella - ser mãe alternativa não é fácil... mas com o tempo a gente dá um jeito. Ganha o DVD e depois troca por outra coisa...rs
Maria Eduarda - ser mãe do coração é lindo e em breve penso em adotar uma criança. Acho que ser mãe é a gente cometer erros. O imposrtante é se questionar e frazer aquilo que faz sentido para nós.
Larissa - quando não há excesso acho que os frus frus fazem parte. A questão é que grande parte dos frus frus que citei são formas de afastar a criança de seus pais e nao interagir. Por exemplo, uma bicicleta, vc ensiana a criança a andar, leva no parque. O videogame é algo que a cvriança se isola da convivência. Como essas cadeiras de balaçam, feitas para substituir o balanço da mãe.
Bárbara - primeiro mundo é outra coisa. quando um hospital investe em atendimento mais humano e não apenas e tecnologia e serviço está trazendo benefícios generalizados, não é? A qui pouca gente pensa, muita gente não sabe onde gastar dinheiro e assim fica fácil de criar os buracos de sucção..rs.
Beijos meninas e obrigada pelos comentários
...e há quem diga que um bebê traz gastos enormes! só pra quem entra no mercado consumidor frenético.
agora mostrar a cirurgia na sala vip, essa eu não sabia. cada vez mais me desanimo com a nossa sociedade
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