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por: Tata
Quando a gente tem filhos, acostuma-se a ser porto seguro, o colo na hora do choro, a fortaleza que acolhe todos os dodóis, os choros, as angústias. Os braços estãos sempre abertos, à espera de nossos filhotes. E é uma delícia poder dar esse apoio a eles, ser essa referência, que seremos para a vida toda.
Mas sabe o que é muito bacana, também? Descobrir que essa dedicação, essa disponibilidade, esse estar sempre presente e ser aquele com quem se pode contar, tem o outro lado. Porque os filhotes vão crescendo, vão virando pessoinhas cada vez mais cheias de si, amadurecem de um jeito que a gente quase não acredita, e um belo dia a gente descobre que eles também sabem acolher, dar colo, acarinhar e tornar as coisas mais fáceis, de um jeito inteiro, tão sincero e cheio de delicadeza que enche o coração de ternura.
Eu acabei de passar por isso com as minhas meninas. Nos últimos dias, vivi questões pessoais que me deixaram com a energia um tanto baixa, e a maior alegria nesse momento cinzento foi descobrir que minhas filhas, minhas menininhas, que até outro dia ainda eram duas bebezinhas pequeninas e absolutamente dependentes, e que tantas vezes acolhi na hora do medo, da dor ou da tristeza, estavam ali de bracinhos abertos, com suas doçuras transbordantes, prontas a me acolher também.
Ontem à noite, depois de arrumá-las para dormir, sentei-me na cama e fiquei pensativa por alguns segundos, remoendo coisas que tinham acontecido durante o dia e que me apertavam o peito. Ana Luz e Estrela, minhas mocinhas de 4 anos e meio, foram se aproximando, uma me acariciou os cabelos, outra abraçou minha perna, e logo duas vozinhas delicadas me diziam palavras doces e cheias de carinho, esforçando-se ao máximo, do alto de sua infinita sabedoria e simplicidade infantil, para fazer com que eu me sentisse melhor.
E como foi bom poder ser acolhida. A ternura e a poesia do momento, nem que eu tentasse poderia expressar. Foram instantes de comunhão absoluta, e por alguns momentos, nossos papéis se inverteram: elas foram o colo onde me escondi da vida até que a dor passasse.
Acho que uma das coisas mais bacanas da vida é a gente se desapegar das hierarquias, e se permitir perceber que quando se trata de relações humanas, não há papéis absolutos, tudo é uma via de mão dupla: o amor que a gente dá é igual ao amor que a gente recebe.
Aliás, igual, não. Maior, muito maior. Porque amor, carinho, é assim: quanto mais a gente dá, mais a gente recebe, e mais a gente tem pra dar.
Imagem: arquivo pessoal, foto de Cacau Ferreira (eu e Ana Luz)
Olá!
Mudamos de endereço.
Você pode nos encontrar em www.blogmamiferas.com.br a partir de agora.
14 comentários:
Olha Tata, não sei se é gravidez ou não... mas ultimamente tem sido difícil me emocionar com alguma coisa. Leio tantas coisas e nada me "toca" ao ponto de emocionar mesmo... mas esse seu post conseguiu, fiquei até arrepiada!
Porque vivo exatamente isso aqui, quando não tenho mais em quem procurar apoio, quando o mundo ao redor todo já caiu são mãozinhas com menos de 4 anos que me acarinham e fazem passar... é sensacional!
Lindo, lindo, lindo post!
Beijos no coração!
Muito verdadeiro Tata!
Como é bom perceber que o amor que damos deu fruto e é retribuido tambem!
beijo
PS> O link do blog da Leticia e do texto estão incorretos. Por favor arrumem! =D
É lindo demais... eu não estou grávida e também fiquei emocionada, Cacau! Tocante e inspirador.
Tata, é maravilhoso ver como você consegue enxergar e curtir momentos como esse, o que infelizmente parece raro, e além disso, consegue compartilhar a beleza e a emoção com quem te lê. obrigada! :)
Fiquei muito emocionada com seu texto. Hoje acordei com dor de estômago e disse para o Miguel, filho, a mamãe tá dodói. Ele estava deitado e disse assim: vem cá, deita no meu coração. E me abraçou forte. Como é bom esta construção que fazemos.
Olha, minha menina tem quase dois anos, mas já tem uma percepção parecida. Quando me vê triste, ou mesmo com um pouco de dor, ela vem, senta do lado e coloca a cabecinha no meu colo, dizendo "mamãe tá dodói" ou "mamãe tá triste". Daí me dá um beijinho e fala que "você gosta da mamãe" (ela é você hehehehe).
Quer coisa mais gostosa? É nosso amor e dedicação dando frutos, não importando a idade.
Parabéns pelo post!
Ah! ... Chorei!!!
Tata, sempre choro com suas experiencias e seus textos...da vontade de dar pra todo mundo ler...sabe, aquela vontade que da que todo mundo deveria ler e se emocionar..Obrigada pelo presente..um maravilhoso fim de semana...eu amo vcs
Lindo lindo!!!
Parabéns à todas nós por essa construção, como disse a Kalu!
Meu pequeno tá com 1 ano e 5 meses e quando me vê triste ou mesmo quando me machuco vem com um beicinho e me abraça e beija... um amor!!!
É tão bom ter esse porto seguro, né!?
:)
Beijinhos
Lívia, mamãe do Uriel
Meninas, alé do link do blog da Letícia estar errado o do texto também tá! Tá direcionando para o texto da mamífera convidada anterior, a Flávia!
Beijinhos!
Tata, lendo seu post me veio à memória um trecho de música de Jorge Drexler... "supe que de algun lejano rincón de otra galaxia el amor que me daria, transformado volveria un dia a darte las gracias".
Essa imagem, do amor que dedicamos a alguém vir nos dizer obrigado, dentre tantas coisas, é suficientemente doce para ser associado ao seu post. Num mundo em que cada vez cresce mais o hiato entre criancinhas e seus pais, em que cada vez menos pessoas tem tempo e coragem de colocar esse tipo de experiência na sua lista de prioridades, o seu texto encanta por ser real, por descrever um tesouro que está ao alcance de qualquer um de nós.
Por aqui também temos essas doçurinhas de vez em quando, e são tão revigorantes quanto enternecedoras... É o amor que oferecemos saindo do fundo do coraçãozinho deles para nos dizer obrigado, oferecendo-nos o conforto, a ternura e a entrega que nós, por nossa vez, de outra feita lhes ofertamos.
Beijos de mais uma emocionada,
JObis, logada com uma conta caduca, mas com preguiça de logar com a atual.
meninas,
obrigada pelos lindos, tão carinhosos comentários. realmente é um privilégio poder vivenciar por inteiro essa linda jornada da vida, de mãos dadas com nossos filhotes.
bjos!
Tata
é maravilhoso ser mãe!
Olá me chamo Bruna e estou estremamente emocionada,tbm sou "mamifera", mãe da Sarah(9)e Isabela(5);abri mão do trabalho para poder acompanhá-las e embora sinta falta de ter um slario meu no final de cada mês(muitas) acho que fiz a escolha certa,não perdi nada,vivi cada momento lindo da vida delas e ainda os vivo,voltei a estudar,mas no mesmo horário que elas,pra poder estamos juntas no final do dia;resultado dissa dedicação vejo minhas filhas muito aplicadas na escola,adoro saber das novidades e elas sempr as tem pra me contar.Esses momentos e muitos outros é que tem me feito ver que valeu muuuito apena ter feito a minha escolha;adorei conhecer seu blog.xero
Garota, agora você me fez ficar com os olhos marejados !
O que você disse nesse post é muito verdadeiro ! A vida devolve pra gente o que a gente dá pra ela, e as crianças são especialistas nisso, não é verdade ? É a lei do retorno !
Vou ficar de olho por aqui, que já vi que rola muita conversa boa !
Beijoca !
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